O quadro principal do terceiro e último Vale do Lobo Open, torneio ITF M25 organizado pela Federação Portuguesa de Ténis na Vale do Lobo Tennis Academy de 16 a 23 de novembro, arrancou esta terça-feira com as vitórias de Tiago Cação e Tiago Torres. Gastão Elias foi forçado a desistir, devido a dores nas costas, de uma competição que conta ainda com oito portugueses prestes a competir na ronda inaugural.

O Vale do Lobo Open 3 tem mais de um terço dos protagonistas (11 de 32) a falar a língua de Camões, pelo que os duelos entre compatriotas eram quase inevitáveis. Um deles ocorreu logo a abrir a competição, ainda que não tenha sido o embate inicialmente programado.

Gastão Elias (380.º ATP e segundo cabeça de série no resort algarvio) não foi capaz de ir a jogo face a dores nas costas provocadas pelo duelo da semana anterior e deu lugar ao lucky loser luso José Freitas (1986.º) na refrega diante de Tiago Torres (779.º). Mais experiente e a fazer uma boa temporada, em especial nos torneios Challenger, o número nove nacional triunfou com os parciais de 5-7, 6-2 e 6-3 em 2h17, mesmo com limitações físicas na zona do pescoço.

O estatuto de favorito que adquiriu com a desistência de Elias não pareceu assentar da melhor forma em Torres, que apesar do melhor arranque cometeu imensos erros não forçados para desperdiçar uma vantagem de 5-3 no primeiro parcial.

No entanto, reagrupou-se e com um break madrugador no segundo parcial nunca mais largou o ascendente, mesmo que tenha necessitado de algumas intervenções do fisioterapeuta. No terceiro set, ainda viu o aguerrido compatriota encurtar duas vezes a desvantagem (4-1 e 5-2) de duplo break, mas com um sétimo jogo na resposta fechou o embate com bastante alívio no semblante.

“Soube meia-hora antes [da mudança de adversário]. Tentei mudar o padrão de jogo, felizmente consegui a vitória, mas há certas coisas que podiam estar melhores. Tenho tentado ser mais ofensivo, não ficar tão atrás, e sinto que hoje estava a ser demasiado ofensivo, quase na loucura, mais do que era suposto e mais do que o meu estilo de jogo. As coisas não estavam a sair como queria, foi um dia complicado, a meio do terceiro set ainda fiz um torcicolo. Mas fui maduro e estive bem mentalmente”, analisou no rescaldo.

Antes disso, já Tiago Cação (971.º da tabela ATP) tinha garantido a primeira vaga na segunda eliminatória e logo às custas de um dos teóricos favoritos ao título: o jovem alemão Diego Dedura-Palomero (364.º), terceiro pré-designado da competição. O português natural de Peniche, ainda a dar os primeiros passos do regresso aos courts após um hiato de três anos, prevaleceu em 70 minutos por 6-3 e 6-1.

O tenista de 27 anos marcou a tendência do frente a frente com um break no primeiro jogo e nunca mais tirou o pé do acelerador. Extremamente rodado pela conquista de um segundo título UTR da temporada, já neste mês de novembro, Tiago Cação contornou a diferença de quase 600 posições na hierarquia mundial e só cedeu o serviço quando já liderava por 5-2 no primeiro parcial.

No total, Cação anulou quatro de cinco chances criadas pelo germânico em quatro jogos de serviço distintos e essa eficácia nos chamados pontos importantes deu-lhe a primeira vitória na quinzena de Vale do Lobo. Tal como Tiago Torres, o antigo top 400 ATP (394.º em 2018), finalista por oito vezes desta estirpe de provas, tinha cedido no primeiro encontro do Vale do Lobo Open 2.

“Têm sido semanas bastante positivas e este encontro é o resultado das boas sensações que tenho tido a jogar. Felizmente tenho feito bastantes jogos desde que voltei à competição, tenho feito bons treinos. Não é um resultado surpreendente para mim, apesar de saber que ia ser difícil. Sinceramente, não me sinto inferior a ninguém aqui. Estou a dar o meu melhor e para os outros me ganharem vão ter de jogar bem, tal como eu terei de jogar bem para vencer. Mas o trabalho que tenho feito dá-me tranquilidade e tem correspondido”, referiu no final, sublinhando igualmente as “boas sensações” que sempre teve desde muito jovem tanto em Vale do Lobo como em toda a região algarvia. Um bom exemplo disso foi a final atingida neste mesmo recinto em 2018 e a semifinal dois anos depois.

Na segunda ronda, Cação pode vir a enfrentar um compatriota, caso o jovem Salvador Monteiro (também wild card) amealhe o primeiro ponto ATP da carreira esta quarta-feira diante do francês Pierre Antoine Tailleu.

Salvador Monteiro é um dos oito portugueses a tentar, esta quarta-feira, seguir os passos de Torres e Cação. Os outros são Pedro Araújo (528.º), os algarvios Tomás Luís (875.º) e João Graça (1226.º), Guilherme Valdoleiros (2183.º), Rodrigo Leal (sem classificação internacional, vai também em busca da entrada no ranking) e ainda os colegas de treino Diogo Marques (1067.º) e João Domingues (1240.º), que vão medir forças logo no compromisso de abertura da jornada no court principal, às 11 horas.

De referir ainda que as equipas compostas por Pedro Araújo e Diogo Marques, Salvador Monteiro e Guilherme Valdoleiros e João Graça e Tiago Torres avançaram os quartos de final da variante de pares após os respetivos sucessos na primeira ronda.