Pedro Araújo foi o único luso a cair esta quinta-feira Irmãos Rocha replicam sucesso dos singulares nos pares
Henrique Rocha e Jaime Faria continuam a cruzar caminhos e no decorrer desta quinta-feira marcaram encontro no Vale do Lobo Open I, o ITF M25 que a Federação Portuguesa de Ténis organiza na Vale do Lobo Tennis Academy, entre 12 e 19 de novembro, e que para além deles também conta com Tiago Pereira e Francisco Rocha no elenco dos quartos de final.
Se na véspera já tinha dado início à campanha com uma declaração de intenções, esta quinta-feira Henrique Rocha foi igualmente autoritário e passou pelo qualifier francês Rayane Oumaouche (1414.º).
Os parciais de 6-2 e 6-1 foram assinados depois de 68 minutos (no dia anterior venceu em 63 minutos) de sentido único para o portuense, esta semana 277.º classificado num ranking em que, só em 2023, já subiu mais de 500 lugares.
"Foi mais um bom encontro. O meu adversário entrou bem e tentou passar o maior número de bolas possível, mas comecei logo a impôr o meu ritmo e a jogar uma mudança acima e foi sempre a abrir", reconheceu, visivelmente satisfeito, depois da segunda vitória individual da semana (57.ª do ano) no circuito internacional.
De olhos postos no qualifying do Australian Open, a cereja no topo do bolo que procura para uma época de explosão e afirmação, Henrique Rocha soube, pouco depois, que para prolongar a campanha neste torneio terá de repetir os recentes triunfos contra o colega de treinos, parceiro de pares e melhor amigo, Jaime Faria.
24 horas depois de ter partilhado a vontade de enfrentar Kyle Edmund, o lisboeta de 20 anos não só esteve à altura do desafio, como roçou a perfeição a caminho de um autoritário triunfo por 6-3 e 6-3 contra o britânico, atualmente no 527.º lugar do ranking, mas que em 2018, antes de sofrer várias lesões no joelho e no pulso que o levaram à mesa de operações, foi top 15 mundial, jogou as meias-finais do Australian Open e conquistou títulos ATP.
"Em termos de currículo foi, sem dúvida, o melhor adversário que já venci, mas em nível não porque ele ainda não está de volta à melhor forma. Mas foi sem dúvida um encontro muito bem conseguido da minha parte, em que fiz tudo o que tinha planeado. Fiz três breaks, não enfrentei nenhum ponto de break e nos jogos mais apertados consegui livrar-me da pressão com bons serviços", afirmou Jaime Faria.
Na sexta-feira, a partir das 10h30, Henrique Rocha e Jaime Faria estarão frente a frente pela quinta vez só em 2023.
O mais novo dos dois levou a melhor nas ocasiões anteriores: segunda ronda de Vila Real de Santo António em fevereiro, quartos de final de Sintra em setembro, meias-finais de Tavira em outubro e final do Campeonato Nacional Absoluto, em Oeiras, no último fim de semana.
Motivado pelo historial deste ano, Rocha abordou o reencontro com entusiasmo e confiança: "Gosto de jogar contra ele e tenho-me sentido bem. Acho que amanhã pode ser parecido, mas ele está a jogar bastante bem neste torneio. Estou à espera de um encontro com bom nível." Já Faria, referiu o "desejo de vencer e fazer o que nunca consegui antes", mas abordou com cautela e também boa disposição mais um choque de amigos: "Ele está muito forte, ainda só perdeu quatro jogos em todo o torneio e por isso o meu primeiro objetivo será vencer quatro jogos para o deixar mais desconfortável."
À mesma hora irão a jogo os outros dois portugueses que garantiram a presença nos quartos de final.
Francisco Rocha (1144.º classificado no ranking mundial) foi o primeiro a fazê-lo, ao levar a melhor no duelo com o italiano Pietro Pampanin (1152.º) por 6-3 e 6-2.
A vitória desta quinta-feira foi a quarta nos últimos quatro dias para o portuense de 24 anos, irmão mais velho de Henrique Rocha, que iniciou a campanha no qualifying. Em relação à véspera, destacou-se a melhoria na percentagem da pancada de serviço (de 50% para 72%) que o ajudou a ditar o desenrolar de um embate que nunca lhe fugiu.
"Gosto de quebrar barreiras e vou dar o meu melhor para que isso aconteça desta vez", prometeu na análise a mais uma prestação. "Não estava com as expetativas muito altas e de repente acaba por ser a semana em que estou a ir mais longe, por isso estou contente."
Ao contrário do compatriota, Tiago Pereira já jogou duas meias-finais, mas ambas na categoria ITF M15, pelo que em Vale do Lobo também procura desbravar terreno importante. A segunda vitória da semana foi conseguida às custas do checo Matej Vocel (810.º) com os parciais de 6-2 e 6-4.
Superior desde o fundo do court, o algarvio de 19 anos manteve a calma e a concentração no momento mais crítico do embate, ao perder o break de avanço no segundo set, e foi recompensado com uma vitória em 74 minutos.
“Manter uma boa atitude ajudou-me muito”, concordou durante a análise ao triunfo (o primeiro completo, pois na véspera já liderava quando o adversário desistiu devido a uma entorse).
Segue-se Hynek Barton (531.º), checo que na quarta-feira surpreendeu o primeiro cabeça de série, Jules Marie (252.º), e de quem espera "um grande serviço e um amortie bastante bom" que o obrigarão a estar muito atento.
O único jogador “da casa” que não conseguiu seguir em frente foi Pedro Araújo (derrotado pelo francês Lucas Poullain, segundo cabeça de série, com os parciais de 6-4, 1-6 e 6-4 após 2h43), mas ainda houve tempo para uma última vitória portuguesa na variante de pares.
Depois do sucesso em singulares, Henrique Rocha e Francisco Rocha replicaram-no lado a lado ao recuperarem da desvantagem de um set e ainda de 3-5 no match tie-break decisivo — que fecharam com sete pontos consecutivos — para vencerem os compatriotas Rodrigo Fernandes e João Dinis Silva por 3-6, 6-3 e 10-5.
Não antes das 14 horas de sexta-feira, os dois irmãos discutirão com os checos David Poljak e Matej Vocel a presença na final de pares.
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Fotografias: Beatriz Ruivo/Federação Portuguesa de Ténis