O festival de artes contemporâneas do Algarve regressa a Lagos e Loulé para uma 11.ª edição que elege o som como fio condutor. |
O Festival Verão Azul chega, em 2023, à 11.ª edição mais vigoroso que nunca no seu desígnio de promover a descentralização, a promoção e a criação em arte contemporânea, nas várias possibilidades e cruzamentos. Em Abril, Lagos e Loulé voltam a receber uma sempre inesperada programação transdisciplinar pensada por Ana Borralho & João Galante, este ano co-adjuvados pelo performer, coreógrafo e artista visual Daniel Matos. Ao todo, de 6 a 16 de Abril, são cerca de 22 propostas, algumas com apresentação em ambas as cidades, onde se contam quatro concertos, cinco performances, quatro noites de clubbing, quatro sessões de cinema, uma exposição, um momento de dança, um slam de poesia, duas conversas e ainda o lançamento de uma publicação. O ponto de partida deste ano é o som na sua relação com o corpo e com o espaço. Pelo que "se perspectivou uma colecção de artistas (consagrados e emergentes) que actuam principalmente na área dos cruzamentos disciplinares e dos novos-media, propondo quebrar os limites de realidades normativas, na intimidade de nichos que se revelam cada vez mais globais, escolhendo obras que flutuam entre a performance, as artes visuais e o vídeo-jogo, passando por concertos de fusão pop-electrónica, afro beat, post hardcore e metal", como podemos ler no editorial É nessa dialética que encontramos, em grande destaque, "MadMud", uma proposta única que nos leva a mergulhar na esfera musical e poética da incontornável coreógrafa Tânia Carvalho. Através da voz e do piano, este é um espectáculo que ressoa directamente com o seu "Onironauta", de 2020. Também no encontro da música com o espaço, encontramos a improvisação, imersão e abstracção da multifacetada Félicia Atkinson. A artista e escritora francesa vem apresentar "Image Langage", o último disco de 2022, cuja música é descrita pela Pitchfork como "resistente ao desejo do cérebro de continuidade espacial, abalando as suas expectativas para uma perspectiva unificada, justapondo sussurros, sussurros de ruído atmosférico, e instrumentos digitalizados que flutuam em torno do campo auditivo de forma assombrosa." Já João Felgueira aka Joninator chega ao Verão Azul a conduzir "Screen-Inator", uma performance de interacção com o público em que é explorado o papel do ecrã como um objecto omnipresente, ocupando espaço físico como uma extensão do corpo humano. De Londres chega o premiado, ousado e muito político espectáculo "Drink Rum With Expats" das Sh!t Theatre. As inglesas Rebecca Biscuit e Louise Mothersole celebram o seu último ano como europeias com uma peça anárquica, carregada de sátira, sobre lar e imigração, com rum à borla, crowd surfing, canções de marinheiros e um cão. Numa nota mais imersiva, Carincur apresenta "Echos From a Liquid Memory - Prototype Version", uma performance-concerto adaptada especialmente a cada espaço que a acolhe, e que junta composição musical e visual levadas ao extremo das suas possibilidades através de um processo de manipulação digital com intervenção de água. A exposição colectiva NO, FUTURE, NO CRY, com curadoria de Ana Borralho, João Galante e Daniel Matos, é o espaço onde convergem obras de cinco artistas que desenvolvem trabalho entre a escultura e a obra digital, assumindo a 4.ª revolução industrial como veículo de expressão imediata e poética de uma humanidade que se procura e renova a cada segundo. São eles David O'Reilly, Weisstub, Rui Palma, Fernando Ribeiro e Static Drama. "A Pussy Point of View", o espectáculo-manifesto da bailarina e coreógrafa Piny questiona a hipersexualização e a obsessão com a forma, fazendo citações directas ao Funk, Dancehall, Vogue e Samba. Parasita faz o lançamento do #8 da sua "Coreia", a publicação semestral de carácter experimental, crítico e discursivo a propósito das artes em geral, firmada numa relação umbilical com a dança. A sessão conta com a presença do seu director editorial, João dos Santos Martins, e de uma sessão de escuta/conferência pelo artista e compositor João Polido, intitulada "Sombra de Vento". Como é habitual, também de festa se faz o Verão Azul. O late night clubbing fica nas mãos da artista multidisciplinar Odete, das DJs Nídia e Xexa, e da sueca radicada em Berlim Tami T que faz a estreia em Portugal com a sua incatalogável mistura de EDM, indietrónica e electro em que discorre sobre género, intimidade e memórias. Os concertos dos Hetta e VIL, dois projectos musicais inseridos no espectro do novo pós-hardcore e metal nacional, prometem experiências irrequietas e ásperas que vão deixar toda a gente fora do lugar. Três filmes fazem parte da programação, sendo um deles "HeadShot", de Antonia Buresi e Lola Quivoron, gravado durante a performance "Gatilho da Felicidade", de Ana Borralho & João Galante e também o aclamado documentário "Sisters with Transistors", de Lisa Rovner, que conta a história notável das mulheres pioneiras da música electrónica. Mantendo o vínculo com a comunidade, da programação faz também parte um slam de poesia cujo open call desafia artistas/poetas/diseurs locais a participar (formulário), e três atividades integradas no projecto de Erasmus+: workshop sob a temática collective identities facilitado por Fernanda Eugénio e Ana Dinger; o Grupo de Crítica moderado por João dos Santos Martins, e uma masterclass por Ana Borralho & João Galante), estas últimas com acesso exclusivo a estudantes do programa. O Verão Azul acontece de 6 a 9 de Abril, em Lagos, no Centro Cultural de Lagos, Clube Artístico Lacobrigense, LAC - Laboratório de Actividades Criativas e Espaço Jovem / Escola de Dança de Lagos. De 13 a 16 de Abril, em Loulé, o Festival vai estar no Cine-Teatro Louletano, Bafo de Baco, Alfaia, 8100 Café e espaço SUL, SOL, SAL. |
Produzido pela associação cultural casaBranca, o Verão Azul tem financiamento da DG Artes, contando com co-produção da Câmara Municipal de Lagos e Cine-Teatro Louletano - Câmara Municipal de Loulé. O Teatro do Bairro Alto EGEAC CML apoia a apresentação das Sh!t Theatre.