"Aceitam os Cookies?" Teatro de excelência em Lagos sob a mestria do lacobrigense Ruben Garcia

Notícia publicada na edição de Dezembro de 2025 do jornal Correio de Lagos
Foi assim com casa cheia que Lagos recebeu a estreia do actor Ruben Garcia como dramaturgo e encenador de uma comédia hilariante bem ao jeito kafkiano “Aceitam os Cookies?”
Um texto inteligente, original e moderno, quase todo em monólogo, no qual Kappa (Ruben Garcia) se sente impotente e desumanizado face às frustrantes tentativas de compreender e resolver a burocracia resultante de um processo contra si promovido pelo algoritmo.
Kappa vê-se aprisionado nas malhas da era digital e das novas formas de comunicação; as redes sociais, a IA, os memes, as notificações, as longas esperas na esperança que haja uma voz humana do outro lado da linha, a automação dos indivíduos, a indiferença e a futilidade.
É toda uma angústia, impotência e alienação que descrevem um ambiente opressivo onde Kappa precisa forçosamente de existir.
A peça retrata, precisamente, com muito humor, esta luta e necessidade imperiosa do individuo em existir, entrando nos limites do absurdo e da ilógica funcional de um sistema que desafia constantemente a razão.
Kappa leva-nos para uma viagem até aos limites da nossa (não) existência.
A interpretação de Kappa por Ruben Garcia é brilhante e agarrou o público do primeiro ao último segundo.
A récita contou com a participação especial de: João D'Ávila, Grupo Coral de Lagos , Grupo Pintobol, Bailarinas da Gwen, Rancho Folclórico e Etnográfico de Odiáxere.
Parabéns ao Ruben e à sua equipa e a todos os intervenientes neste processo.
Texto da autoria de Rita Baldaya
Agradecimento do Ruben
“Quero agradecer a todos os que tornaram possível o espetáculo Aceitam os Cookies?.
Agradeço profundamente à Câmara Municipal de Lagos pelo apoio total do espetáculo.
Um agradecimento especial à minha equipa, externato da torraltinha ,ao Grupo Coral de Lagos, ao Grupo Pintobol, às bailarinas da Gwen, que trouxeram corpo e energia à peça.
A minha imensa gratidão ao ator João D’Ávila, ao rancho folclórico de Odiáxere, e a todos os atores, colaboradores e técnicos que deram vida a este projeto.
Quero também agradecer ao meu produtor, Powerful Connections, pelo acompanhamento, pela confiança e pelo impulso necessário para que esta visão chegasse ao público.
Esta peça foi escrita há um ano.
Fui inspirado livremente pela obra de Franz Kafka, mas toda a abordagem digital a ideia de transformar programas digitais em personagens e de mostrar a invasão da tecnologia no nosso quotidiano é totalmente original do ponto de vista da propriedade intelectual. O livro o processo de Kafka que o meu cunhado Ricardo Conceição e Silva me colocou nas mãos na adolescência nunca mais foi relido, e ainda assim deixou uma marca profunda.
O texto nasceu quase por acaso, impulsionado pela força dos workshops que fui fazendo. Não me considero escritor. Sou ator, sou encenador, sou artista e às vezes reencontro a alegria de me descobrir no teatro. Mas isto não é sobre mim.
É, acima de tudo, um agradecimento a todos os que participaram, contribuíram, acreditaram e caminharam comigo neste processo.”









