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Reportagem no Festival da Batata-Doce de Aljezur 2021: “Veio muito menos gente, as pessoas devem estar preocupadas com a pandemia”

Reportagem no Festival da Batata-Doce de Aljezur 2021: “Veio muito menos gente, as pessoas devem estar preocupadas com a pandemia”

Ao lamentar a situação, o presidente da Direcção da Associação de Produtores de Batata-Doce de Aljezur, Manuel Marreiros, disse ao CL que, em termos de venda, “se calhar não chegámos a oito toneladas”, menos de metade de há dois anos, quando o festival teve lugar no Espaço Multiusos desta localidade, antes da Covid-19.

No dia da inauguração do Festival da Batata-Doce de Aljezur, a 26 de Novembro, já o presidente da Câmara Municipal, José Gonçalves, admitia, em declarações ao ‘Correio de Lagos’, a possibilidade de haver “menos visitantes” nesta edição, devido à Covid-19, na sequência de restrições impostas no acesso ao recinto, onde só se podia entrar com o certificado digital da vacina contra o novo coronavírus, ou mediante a realização de um teste negativo. Nessa altura, o concelho de Aljezur registava 13 casos activos (pessoas que permaneciam infectadas) e situava-se no nível de Risco Elevado para efeitos de perigo de propagação desta pandemia.

Apesar do ambiente festivo, com música popular e animação, nomeadamente a cargo de artistas de teatro, a ‘Anda Gigante’ e ‘Anda Saltitona’, entre outras atracções no Espaço Multiusos de Aljezur, durante os três dias em que decorreu este Festival da Batata-Doce, de 26 a 28 de Novembro de 2021, foi visível menos público em comparação com outros anos, por causa da ameaça do vírus. Isto, depois de, em 2020, tal situação ter levado à realização do evento pela primeira vez em versão digital, com o apoio dos CTT.

“Há dois anos, havia tanta gente neste recinto, que até se formavam filas paras as pessoas irem às casas-de-banho. Agora, está mais calmo...”, observou um popular.

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Manuel Marreiros, presidente da Direcção da Associação de Produtores de Batata-Doce de Aljezur: “A nossa receita foi, sensivelmente, metade daquela que se registou na última vez, em que vendemos 17 toneladas. Agora, se calhar não chegámos a oito toneladas”

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No último dia do certame, domingo 28/11/2021, ao início da noite, o presidente da Direcção da Associação de Produtores de Batata-Doce de Aljezur, Manuel Marreiros, fez um balanço ao ‘CL’, confirmando, também, a menor afluência de visitantes: “Veio muito menos gente, as pessoas devem estar preocupadas com a pandemia. Neste ano, veio talvez metade do que foi a afluência no último ano”, em 2019, em que houve Festival da Batata-Doce de Aljezur no Espaço de Multiusos desta localidade.

“A nossa receita foi, sensivelmente, metade daquela que se registou na última vez, em que vendemos 17 toneladas. Agora, se calhar não chegámos a oito toneladas” nos três dias, contou Manuel Marreiros, sem, no entanto, revelar o valor monetário arrecadado. No total, aquela associação teve o apoio de uma dezena de produtores de batata-doce. “Não foi um bom festival para os produtores, mas havemos de escoar o resto das batatas. Foi o festival possível dentro das novas circunstâncias em que estamos a viver. Mas foi bom que se tivesse realizado”, sublinhou Manuel Marreiros.

E acrescentou: “Ao chegarem ao pavilhão é que as pessoas foram confrontadas com o certificado [da vacina contra a Covid-19], ou com o teste. É claro que se quisessem vir, vinham na mesma. As pessoas não se deslocaram aqui porque nos últimos dias se calhar começaram a ficar mais preocupadas com a pandemia.”

Naquele espaço, por exemplo, cada saco com 5 kgs. de batata-doce de Aljezur foi vendido por 7,50 €, e outros, contendo 14 kgs., tinham afixado o preço de 11.00 euros. Já um quilograma de batata-doce assada custava 4,50 euros. Por outro lado, 2,50 € era o custo de cada embalagem com duzentas gramas de batata-doce frita.

Enquanto que vários visitantes se deliciavam com a gastronomia de Aljezur e mesmo com menos público a circular no recinto, música e animação foi o que não faltou neste Festival da Batata-Doce.

Já a vendedora de batata-doce Paula Conceição garantiu à nossa reportagem que, em relação a outros anos, notou-se, agora, “muita diferença, com muito menos gente”. “O ambiente está muito calmo, é melhor para as pessoas que vêm visitar porque têm espaço para andar, para circular. Mas para quem está a vender é muito mau”. Em comparação com o anterior Festival da Batata-Doce de Aljezur no Espaço de Multiusos, há dois anos, “vendemos menos de metade”. E o que vendeu? “Não sei as quantidades, mas a batata-doce frita saiu mais”, respondeu Paula Conceição. Uma embalagem com duzentas gramas custava 2,50 euros.

Admitiu que a pandemia da Covid-19 afastou público deste festival, devido à obrigatoriedade de apresentarem o certificado da vacina, ou o teste. “Talvez com receio, muitas pessoas não tivessem vindo”, disse.

“A sexta-feira, dia da abertura, foi muito fraca, no sábado trabalhou-se melhor, mas não chegou a haver filas. Houve mais jovens a circular do que pessoas mais velhas. Mas os mais jovens dão uma voltinha e vão-se embora, compram pouco. As pessoas mais velhas é que compram mais”, descreveu Paula Conceição. E desta vez “não se notou muita gente vinda de outras zonas do Algarve. São, sobretudo, pessoas do concelho de Aljezur. As pessoas de fora ouvem falar do vírus e têm um bocado de receio de vir cá”, observou a vendedora.

Na noite do encerramento do Festival da Batata-Doce de Aljezur, coube ao grupo de música tradicional portuguesa de Terra Velhinha, da Azambuja, denominado “Pilha Galinhas”, constituído por sete homens a cantar, com tambor, trompete, um triângulo, uma cana-rachada, acordeão, safoxone, guitarra e um bambo, contribuir para a animação do ambiente no recinto, depois de outros conjuntos o terem feito na sexta-feira e no sábado. “Tivemos a sorte de ser no domingo. Correu bem. Sentimos alguma limitação nas regras de segurança, mas teve de ser. Tentámos dar o nosso melhor, animar com música popular e, pronto, fizemos o que gostamos mais”, afirmou, ao ‘CL’, um dos elementos. E como sentiu o público? “Senti, em certas partes, que as pessoas estavam receptivas, estavam a gostar do que estavam a ver e vi vários telemóveis a gravar. Penso que acharam muita piada à música tradicional neste evento que também é muito tradicional”, referiu. Foi a primeira vez que o grupo ‘Pilha Galinhas” participou no Festival da Batata-Doce de Aljezur.

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André Gonçalves, fabricante de cerveja produzida com batata-doce: “Nota-se que as pessoas estão com bastante vontade de sair de casa e de voltar o mais possível à normalidade.”

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Num “stand” destinado à venda de cerveja produzida com batata-doce - um copo por 2,00 € e uma garrafa pelo preço de 3,50 euros, por exemplo - André Gonçalves considerou ter sido “um festival em que se trabalhou relativamente bem, as pessoas estavam bastante bem dispostas”. “Nota-se que as pessoas estão com bastante vontade de sair de casa e de voltar o mais possível à normalidade”, reconheceu este empresário. Já em comparação a outros anos, admitiu: “Tenho a sensação de que estão menos pessoas, mas as pessoas que estão aqui também estão a consumir muito mais. Trabalhamos com cerveja e sentimos que as pessoas gostam muito de a consumir em copo e de o levar para casa como recordação”, frisou André Gonçalves.

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“(…) o grande consumidor está em Aljezur, onde é provável que ultrapasse os mil litros de cerveja com batata-doce”

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“Começamos a nossa produção em Outubro, quando aparecem os primeiros lotes de batata-doce ‘Lira’ de Aljezur. E depois vamos produzindo enquanto há batata-doce. É uma cerveja sazonal”, lembrou. E vendem sobretudo em Aljezur, ou para outras localidades? “Vendemos um bocadinho para fora, para todo o país. Mas a verdade é que o grande consumidor está em Aljezur, onde é provável que ultrapasse os mil litros de cerveja com batata-doce”, respondeu o empresário.

Quanto às perspectivas para o ano de 2022 e apesar da pandemia da Covid-19, André Gonçalves mostrou-se confiante: “As pessoas têm de consumir alguns produtos, é verdade que a pandemia empata muito na forma como estes produtos podem chegar ao consumidor, mas continua a trabalhar-se nestas janelas [de oportunidade], nestes períodos em que é possível trabalhar com alguma normalidade, principalmente no Verão”.

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“Muitas pessoas não têm certificado porque não levaram a vacina. Não diziam nada e algumas voltaram para trás.”

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À saída do Espaço de Multiusos de Aljezur, Jorge Rosa, ao falar sobre a exigência da apresentação do certificado da vacina contra a Covid-19, ou do teste, afirmou ao ‘CL: “Cada vez mais vai ser uma necessidade. No nosso mundo actual, cada vez mais o certificado ou um teste negativo vai ser indispensável.” No Festival da Batata-Doce de Aljezur, houve muita gente a voltar para trás por causa disso? “Houve. E houve pessoas que não trouxeram o bilhete de identidade… e tinham de provar”, notou. O que diziam? “Não falei directamente com ninguém. Mas é claro que há pessoas que ainda não se habituaram a esta nova realidade. Mas esta é uma realidade que veio para ficar, infelizmente, no mundo. O Covid veio para ficar”, comentou.

Por seu turno, uma auxiliar do Centro de Saúde de Aljezur, observou: “Sem máscara não vi muita gente. Mas muitas pessoas não têm certificado porque não levaram a vacina. Não diziam nada e algumas voltaram para trás.” Jorge Rosa, conhecedor da situação, acrescentou: “Outras fizerem o teste na altura e pronto. Esta é a nova realidade a que as pessoas vão ter de se mentalizar.” Quem estava devidamente documentado, é claro entrou sem problemas no pavilhão.

Já em relação à batata-doce “vendeu-se uma quantidade que se esperava, porque pensámos logo ser fraco e, então, também não se fez tanto embalamento como nos outros anos. Mas há sempre procura”, concluiu Jorge Rosa, produtor no concelho de Aljezur.

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