Marta Ferreira
José Manuel Oliveira
Marcelo Rebelo de Sousa sagrou-se, uma vez mais, Presidente da República. Não sendo novidade para a maioria, ainda assim, o candidato André Ventura tem conquistado eleitorado de Norte a Sul do país, pelo que o Algarve não é excepção: Albufeira foi o concelho onde o dirigente do partido de extrema-direita teve mais votos (20,67%), tendência que se alastrou também às Terras do Infante, à excepção do concelho de Aljezur, que, ao contrário de Lagos e Vila do Bispo, colocou Ana Gomes em segundo lugar, conforme noticiado anteriormente, aqui.
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A lesta ascensão de André Ventura no panorama nacional tem figurado no centro do debate, fazendo manchetes um pouco por todo o país, especialmente, numa altura em que a Democracia surge cada vez mais desacreditada – a julgar pelos mais de 60% de abstencionistas nestas Presidenciais 2021 – e uma esquerda notoriamente enfraquecida face aos resultados de 2016. As opiniões são divergentes e o que para muitos é questão de popularidade, para outros, trata-se de populismo.
Ideologias à parte, o que é certo é que a controvérsia em torno de Ventura tem dado os seus frutos junto da população lacobrigense. Nas palavras de Arlindo Fernandes, representante do CHEGA na cidade de Lagos, «este segundo lugar de André Ventura poderá contribuir para o CHEGA nas eleições autárquicas», com lugar no próximo mês de Outubro. Por enquanto, retiram-se apenas ilações.
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Segundo Arlindo Fernandes, dirigente do CHEGA em Lagos, André Ventura «sai muito reforçado» a nível nacional nestas eleições presidenciais. O mesmo referiu, em declarações ao CL, que até já pensa na conquista de lugares nos municípios do Algarve, referindo-se à corrida às próximas eleições autárquicas, a realizar-se em Outubro de 2021. «Sabíamos que algo estava para mudar, e mudou! Sentimos que as pessoas estavam sensíveis a toda essa situação» – esta foi a reacção de Arlindo Fernandes, responsável do partido de cariz nacionalista CHEGA, em Lagos, numa altura em que os resultados eleitorais neste concelho atribuíram a vitória a Marcelo Rebelo de Sousa (57,62%) e o segundo lugar a André Ventura (13,32%), enquanto que a candidata socialista Ana Gomes ficou em terceiro lugar, com 12,79% dos votos. Recorde-se que, no Algarve, Marcelo Rebelo de Sousa alcançou uma percentagem de 57,33% dos votos, seguido de André Ventura (com 16,69%) e Ana Gomes (11,74%).
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Segundo lugar de André Ventura no Algarve é «um bom trampolim» para o CHEGA com vista às próximas Eleições Autárquicas
«Não foi surpresa para nós, porque vimos a popularidade do líder e todo o trabalho que desenvolveu, inclusivamente, as preocupações que teve aqui por Lagos, não só na intervenção sobre aquela estrada para os Palmares, mas também no debate com a deputada Joaquina Matos na Assembleia da República, a nível do hospital. Ele inteirou-se muito, também, sobre assuntos de Lagos», destacou Arlindo Fernandes. Já em relação ao que este segundo lugar de André Ventura poderá contribuir para o CHEGA nas eleições autárquicas que se avizinham, perspectivou: «Claro que é um bom trampolim. O partido vai apresentar-se em todos os concelhos [do Algarve]. É a primeira vez que irá concorrer às Autárquicas e a ideia é fazer-se representar em todos».
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«É natural» que o CHEGA venha a conquistar a presidência de alguma Câmara Municipal na região algarvia, manifestou Arlindo Fernandes
Na óptica deste dirigente local, existe a possibilidade de que o CHEGA venha a conquistar a presidência de alguma Câmara Municipal algarvia, mostrando-se optimista: «É natural. É natural que isso aconteça, temos muito trabalho pela frente. Temos de nos organizar e estruturar os nossos candidatos a autarcas. Há muita coisa a fazer ainda». E reforçou: «Temos as eleições autárquicas, em Outubro, de maneira que é um trabalho enorme a ser desenvolvido, porque têm de se escolher os candidatos para que possamos fazer uma boa figura nesse sentido».
Ao mesmo tempo, apontou o mês de Agosto como data provável para a concretização do plano de corrida às Autárquicas: «Para já, vai-se marcar um Conselho Nacional. A seguir, um Congresso. Vão-se delinear todas as coisas – inclusivamente, haverá eleições no órgão distrital [no Algarve] e é preciso estruturar todas as concelhias. Penso que, a partir de Agosto, estaremos preparados para dar uma resposta firme ao que vai acontecer não só em Lagos, como em todo o país».
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Para Arlindo Fernandes, incremento nas percentagens soa a «vitória» de André Ventura para a região, porém, não se surpreende com 1.º lugar de Marcelo
Para o líder nacional do CHEGA, o candidato André Ventura sai «muito reforçado» nestas eleições para a Presidência da República, apontando tal situação como «uma vitória indiscutível, com mais de quinhentos mil votos». Isto, lembrou, depois de o partido ter obtido «60.000 ou 70.000 votos» na primeira eleição de André Ventura como deputado na Assembleia da República, em 2019.
Quanto à reeleição do actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, logo à primeira volta, Arlindo Fernandes não se mostrou minimamente surpreendido: «É claro que contava. Já sabíamos que ele ia aparecer e ganhava logo à primeira volta. Portanto, não é para nós novidade nenhuma», notou, enquanto celebrava a segunda posição obtida pelo candidato de extrema-direita no Sul do país.
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Gráficos: www.presidenciais2021.mai.gov.pt