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Covid-19 - Médico Francisco Amaral, presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, ao ‘CL’: O encerramento de bares e discotecas “não vai resolver nada"

Covid-19 - Médico Francisco Amaral, presidente da Câmara Municipal de Castro   Marim, ao ‘CL’: O encerramento de bares e discotecas “não vai resolver nada"

"Deviam estar abertos e exigir à entrada um teste negativo. Como alternativa, os jovens juntam-se noutros locais privados, sem fazer qualquer teste”

Numa entrevista por escrito concedida ao ‘site’ do «Correio de Lagos», Francisco Amaral, médico de Medicina Geral e Familiar e presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, que completou 66 anos de idade no passado dia 21 de Outubro, defende a “obrigatoriedade da vacinação” contra a Covid-19, avisa que  “um novo estado de emergência será arrasador para a saúde mental dos portugueses” e considera   “difícil o controlo desta exigência” do Governo de proibir ajuntamentos com mais de dez pessoas nas ruas no Natal e durante a passagem-de-ano. E aproveita para deixar um alerta: “É inquestionável que a testagem em massa e frequente é um factor determinante para controlo desta pandemia.”

Correio de Lagos - Perante o aumento de casos de Covid-19 em Portugal, mesmo com a vacina, contava com medidas de contenção por parte do Governo já a partir do dia 25 de Dezembro de 2021?

Francisco Amaral - Recordo que no que respeita à testagem em massa junto da população, Castro Marim foi o primeiro a nível nacional, tendo, na altura, sido incompreendido até pelos serviços de saúde regionais.

Foi um dos factores que levou à demissão do delegado de saúde de Castro Marim, Dr. Mariano Ayala, no final do verão, um técnico de saúde de elevada craveira científica, de grande competência e dedicação à população. Inexplicavelmente foi demitido e até hoje, apesar de estarmos em pleno auge da pandemia, não foi readmitido. É inquestionável que a testagem em massa e frequente é um factor determinante para controlo desta pandemia.

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“Esta testagem negativa deve ser uma exigência natural para qualquer ajuntamento de pessoas, inclusive famílias, seja na mesa de Natal ou no Fim de Ano”

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CL - Como deve uma família passar a noite de Natal e a passagem-de-ano? Quantas pessoas devem estar sentadas em redor de uma mesa? E que outras cautelas devem ser tomadas?

FA - Para ingressar em espaços que impliquem aglomerados de pessoas, deve ser sempre exigido um resultado negativo de um teste recente. Esta testagem negativa deve ser uma exigência natural para qualquer ajuntamento de pessoas, inclusive famílias, seja na mesa de Natal ou no Fim de Ano.

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CL - E como e com quem vai o senhor passar o Natal e o fim-de-ano?

FA - Num ambiente restrito e familiar.

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Missa do Galo? “Como em relação ao Natal e à passagem de ano, qualquer situação que implique aglomeração de pessoas deve exigir teste recente negativo à COVID-19.”

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CL - Que medidas defende para a Missa do Galo? E para outras celebrações religiosas? Deve ser exigido certificado da vacina contra a Covid-19, ou teste?

FA - Como em relação ao Natal e à passagem de ano, qualquer situação que implique aglomeração de pessoas deve exigir teste recente negativo à COVID-19.

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CL - O encerramento de discotecas e bares vai resolver problemas de ajuntamentos?

FA - Não vai resolver nada. Deviam estar abertos e exigir à entrada um teste negativo. Como alternativa, os jovens juntam-se noutros locais privados, sem fazer qualquer teste.

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CL - E como será possível evitar aglomerações na rua com mais de 10 pessoas, como pretende o governo?

FA - É difícil o controlo desta exigência.

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“O uso de máscara deve ser obrigatório em qualquer situação”

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CL - Testes à Covid-19 para entrar em restaurantes, unidades hoteleiras, casinos, espetáculos culturais, casamentos, baptizados e outras festas. Essa medida irá mesmo controlar a pandemia?

FA - É uma medida importante na identificação e isolamento dos casos positivos.

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CL - Defende a obrigatoriedade do uso de máscara na rua, em qualquer situação?

FA - Claro que o uso de máscara deve ser obrigatório em qualquer situação.

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CL - Que comportamentos tem notado por parte das pessoas no Algarve? São mais os portugueses, ou estrangeiros, os infractores? Jovens ou adultos?

FA - É evidente que os jovens, portugueses ou estrangeiros, são os mais descuidados, nomeadamente nas saídas nocturnas.

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CL - Como estão os hospitais do Algarve a enfrentar esta fase da pandemia? O que falta?

FA - O Hospital de Faro, por exemplo, já sem pandemia rompe pelas costuras, imaginem agora…

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“O impacto na economia do Algarve é avassalador e daí a importância de minorar esse impacto com a testagem frequente à entrada dos estabelecimentos e não encerrando-os, como o Governo preconiza”

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CL - Qual é o impacto que todas estas medidas, agora decididas pelo governo, tem para o turismo no Algarve? Quantos milhões de euros perde a economia da região nesta altura do ano?

FA - Claro que o impacto na economia do Algarve é avassalador e daí a importância de minorar esse impacto com a testagem frequente à entrada dos estabelecimentos e não encerrando-os, como o Governo preconiza.

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CL - Deve voltar a haver restrições em funerais, com limitações do número de pessoas?

FA - Sim, claro, são situações de ajuntamento e muito emocionais.

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CL - Afinal, mesmo com o plano de vacinação contra a Covid-19, o que está a falhar em Portugal para controlar a pandemia? E o que é preciso fazer?

FA - Eu pessoalmente defendo a obrigatoriedade da vacinação, já que há muito preconceito, até medo da vacina, derivado da desinformação na comunicação social.

“O controlo desta pandemia tem muito a ver com o surgir ou não de novas variantes”

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CL - Se a situação se mantiver, ou se agravar, deverá voltar a ser decretado o estado de emergência em Portugal?

FA - Penso que a população portuguesa e outra, já não suporta mais um estado de emergência. A saúde mental das pessoas foi muito afectada e um novo estado de emergência será arrasador para a saúde mental dos portugueses.

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CL - Quando será possível acabar com esta pandemia?

FA - O controlo desta pandemia tem muito a ver com o surgir ou não de novas variantes. Esperemos que não surjam variantes resistentes às vacinas.

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