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Autárquicas 2021 – Luís Barroso, Lagos Com Futuro: «O nosso objectivo é termos dois vereadores na Câmara»

Autárquicas 2021 – Luís Barroso, Lagos Com Futuro: «O nosso objectivo é termos dois vereadores na Câmara»

O rosto mais visível do movimento ‘Lagos Com Futuro’, Luís Barroso, de 62 anos, vereador do executivo camarário lacobrigense, surge agora em terceiro lugar na candidatura a este órgão autárquico, tendo garantido à saída do tribunal desta cidade, após entrega das listas da nova coligação política no concelho, a qual integra os partidos "Nós, Cidadãos!" e "Aliança": «Somos todos independentes. Não há ninguém que pertença ao "Nós, Cidadãos!" ou ao "Aliança"». 

Em declarações ao nosso jornal, voltou a justificar a nova aposta com a situação resultante da Covid-19: «É devido a esta pandemia e com a impossibilidade de a gente abordar as pessoas para assinarem a nossa propositura. Porque são cerca de 1.300, 1.400 assinaturas e, neste momento, é totalmente impossível conseguirmos ir a eleições dessa forma».

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Correio de Lagos – O que esperam, agora, com esta coligação? Qual a expectativa?

Luís Barroso – Temos um vereador na Câmara e três pessoas na Assembleia Municipal de Lagos. Naturalmente, e atendendo ao nosso trabalho durante estes últimos quatro anos, quer na Assembleia, quer na Câmara, onde apresentámos dezenas de propostas, umas aprovadas e outras chumbadas, tal revela que foi excelente e seguramente vai ser valorizado pelas pessoas. E nesse sentido, esperamos ter mais votação.

O nosso objectivo é termos uma nova presença, termos duas pessoas na Câmara, dois vereadores.

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«Houve pessoas que simplesmente desistiram, outras saíram porque foram trabalhar para outros sítios, por questões profissionais também associadas. E tivemos de renovar as listas como acontece com todos os partidos»

CL – Foi fácil ou difícil criar esta coligação? Quanto tempo demorou?

LB – Basicamente, demorámos cerca de dois meses a elaborar todo o processo administrativo, a convidar as pessoas, as pessoas a assinarem, entregar a documentação.

CL – Houve muitas recusas?

LB – Não, não houve muitas recusas. Houve pessoas que simplesmente desistiram, outras saíram porque foram trabalhar para outros sítios, por questões profissionais também associadas. E tivemos de renovar as listas como acontece com todos os partidos. Não são cem por cento iguais as listas de uns anos para os outros. Connosco aconteceu a mesma situação.

CL – Porque é agora o terceiro da lista candidata à Câmara Municipal de Lagos, depois de ter sido sempre o primeiro do movimento de cidadãos independentes ‘Lagos Com Futuro’?

LB – Porque entendo que a política é de renovação das caras e dos candidatos. Tive dois mandatos como cabeça de lista na Câmara Municipal e entendo que, agora, deve ser outra pessoa a ir para candidata.

CL – Ficou, também, cansado?

LB – Sim, também um pouco cansado porque o trabalho de vereador na oposição é bastante exaustivo. Temos de ler toda a documentação que nos é dirigida, enquanto que os outros vereadores do executivo apresentam uma proposta. Nós temos de ler todas, muitas vezes centenas de páginas, questões administrativas, leis. E não é fácil para um vereador da oposição, que não tem serviços de apoio, com técnicos superiores para analisarem a documentação, como os outros têm ao apresentar propostas. Nós temos de fazer tudo sozinhos. Não temos advogados que nos suportem.

CL – Como foi esta experiência?

LB – Foi, sem dúvida, boa.

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«Convenci a Margarida a ir (...) A experiência adquire-se com os anos. Foi o que eu fiz. Trabalhei muito enquanto vereador»

CL – E agora surge uma candidata a encabeçar a lista à Câmara Municipal de Lagos. Poderá ser um bom trunfo para os independentes?

LB – Convenci a Margarida [Martins] a ir. Ela pôs-me uma condição, que é eu continuar a apoiar administrativamente e nas propostas que aparecerem, e até continuarmos a apresentar propostas, porque diz que tenho mais experiência. Mas a experiência adquire-se com os anos.

Foi o que eu fiz. Trabalhei muito enquanto vereador, apresentei dezenas de propostas. Infelizmente, as propostas que foram aprovadas por unanimidade não foram executadas.

CL – Como, por exemplo?

LB – Lembro, por exemplo, uma proposta que é ‘Lagos passo a passo’, destinada a facilitar e desbloquear todos os passeios para as pessoas com mobilidade reduzida, nomeadamente grávidas. Não houve justificação para a proposta não ter sido executada.

Simplesmente, não a querem executar. Apresentei uma outra proposta no âmbito estratégico para a Câmara fazer protocolos com a Universidade do Algarve, no sentido de haver em Lagos estudos de mestrado e doutoramento. Reverteriam para um plano estratégico da cidade nos próximos dez, quinze, vinte anos. Mas não concretizam esse plano.

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«As maiorias absolutas não deveriam existir»

CL – O problema resulta da maioria absoluta do PS no município de Lagos?

LB – As maiorias absolutas não deveriam existir. A oposição deveria estar, se calhar, em maioria para corrigir estas debilidades, políticas e até um bocado de falta de transparência política.

CL – Com os partidos ‘Nós, Cidadãos!’ e ‘Aliança’, o movimento ‘Lagos Com Futuro’ poderá entrar em choques, cada um com as suas ideias?

LB – Não, porque nós é que fizemos o programa, até mais reduzido, para apresentarmos a esses partidos. Agora, vamos alargar o programa e somos nós que decidimos a campanha, somos nós que temos as ideias. Ninguém intervém. Aliás, isto vai ser uma continuidade dos últimos oito anos.

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«Veria com melhores olhos se a gente conseguisse fazer em Lagos uma oposição todos juntos”, incluindo o PSD, «para que o PS perdesse a maioria»

CL – Chegou a colocar a hipótese de uma coligação com o PSD. Porque é que não se concretizou?

LB – Realmente nós abordámos o PSD há já cerca de um ano e tal para a hipótese de podermos, eventualmente, fazer uma campanha conjunta. Neste caso, seriam os membros de "Lagos Com Futuro" a se integrarem no PSD, porque não é possível fazer uma coligação com um movimento independente num partido. Mais tarde, o PSD veio, também, falar-nos nisso, mas já estávamos numa fase adiantada de arranjarmos os grupos e as pessoas, pelo que já não foi possível essa campanha.

CL – Estão mais confiantes com "Nós, Cidadãos!" e o "Aliança"?

LB – Veria com melhores olhos se a gente conseguisse fazer em Lagos uma oposição, concentrá-la, se conseguíssemos ir todos juntos. Para mim, essa era a melhor solução. Infelizmente não se conseguiu operacionalizar isso por diversas razões, que eu agora prefiro não comentar.

CL – Com essa coligação abrangente seria mais fácil tirar a maioria absoluta ao PS em Lagos?

LB – Penso que sim. Conseguiríamos. Poderia até haver sinergias das pessoas acharem que, agora, com mil e tal votos de um, mil e tal votos de outro partido, pudessem votar para que o PS perdesse a maioria. Talvez as pessoas aderissem e votassem. Desta forma, continuamos a ir todos separados. Além do PS, são mais seis forças partidárias, o que, na minha opinião, dividem a oposição. Não sei se o PS irá perder votos, sinceramente. E vamos ver o que irá acontecer.

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«O orçamento da campanha é muito reduzido. São cerca de 8.000 euros. Não sei se gastaremos o dinheiro todo»

CL – Como vai ser a vossa campanha eleitoral e qual é o orçamento?

LB – O orçamento da campanha é muito reduzido. São cerca de 8.000 euros. Não sei se gastaremos o dinheiro todo. Mas, basicamente, vai ser nas redes sociais, porque há a impossibilidade de abordarmos as pessoas na rua, e contará com alguns cartazes ou faixas. Mas muito poucos. Não temos dinheiro para outdoors.

CL – E autocolantes e oferta de canetas, por exemplo?

LB – Isso não vamos ter, nunca tivemos. Achamos que não é por aí que as pessoas vão votar em nós. Vamos, talvez, fazer uns flyers para pôr de porta em porta e alguns entregar a pessoas.

CL – Vão aos mercados municipais?

LB – Vamos tentar ir, mas com grupos mais reduzidos.

CL – Com quantas pessoas?

LB – Para já, não sei. Ainda não delineámos como é que vai ser a campanha. Esse assunto vai ser tratado agora. Mas serão grupos com meia dúzia de pessoas, no máximo. Se calhar, espalharemos uns para um mercado e outros para outro.

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Três mulheres encabeçam as listas de "Lagos Com Futuro" aos seis órgãos autárquicos do município. Sector feminino tem um peso de 51 por cento na formação das listas da nova coligação "Lagos Com Futuro" irá concorrer a todos os órgãos autárquicos deste concelho e dos seis cabeças de lista, três são mulheres, como destacou Luís Barroso, o rosto mais visível e principal impulsionador deste movimento de cidadãos de independentes, que agora se candidata em coligação com os partidos "Nós, Cidadãos!" e "Aliança". A importância do sector feminino «é reforçada através de candidatas que fazem parte das listas aos vários órgãos autárquicos, atendendo que têm um peso de 51% na constituição das listas», observou Luís Barroso.

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Quem é quem?

- Câmara Municipal de Lagos: Margarida Martins, 57 anos, professora de Química;

- Assembleia Municipal de Lagos: Fernando Ildefonso, 56 anos, professor de Filosofia;

- Assembleia de Freguesia da Luz: Maria do Rosário, 54 anos, professora do ensino secundário;

- Assembleia de Freguesia de São Gonçalo de Lagos: Cláudio Oliveira, 40 anos empresário e bombeiro;

- Assembleia de Freguesia de Odiáxere: Márcia Mendes, 29 anos, gerente de loja e assistente de vendas;

- Assembleia de Freguesia de Bensafrim e Barão de São: João Luís Miguel Correia, 57 anos, empresário da restauração;

- Mandatário: António Rodrigues, reformado.

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Margarida Martins, candidata independente à presidência da Câmara Municipal de Lagos: «O poder autárquico continua a ser dominado pelos homens, sobretudo nos lugares de poder»

Em entrevista por e-mail ao CL, a candidata à presidência da Câmara de Lagos pela coligação "Lagos Com Futuro", Margarida Martins, destaca a experiência adquirida durante oito anos na Assembleia Municipal, queixa-se de «grandes entraves» do PS e do PSD aos movimentos de cidadãos independentes com a lei eleitoral autárquica, e diz ter «uma vida familiar estável que me permite dedicar grande parte do meu tempo a estas funções», na perspectiva de obter «um bom resultado» nas eleições que terão no dia 26 de Setembro de 2021.

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Correio de Lagos – Depois de ter sido deputada na Assembleia Municipal de Lagos, como surgiu agora esta candidatura à Câmara?

Margarida Martins – Pelo movimento "Lagos com Futuro", estive 8 anos na Assembleia Municipal, 4 anos como 2a secretária e outros 4 anos como coordenadora. O movimento pugna pela não eternização dos seus elementos nos mesmos cargos, o que levou a mudanças de modo a que houvesse renovação e alternância dos actores políticos nos diferentes órgãos autárquicos. Assim, nestas eleições sou a cabeça-de-lista à Câmara ,unicipal.

CL – Que benefícios colheu da experiência já adquirida?

MM – Estes 8 anos têm sido de enorme aprendizagem política e de conhecimento da região, bem como um enriquecimento pessoal enorme. Foi um privilégio ser autarca nesta cidade que eu escolhi para viver.

CL – Como encara o novo desafio do Movimento "Lagos Com Futuro", numa coligação com os partidos "Nós, Cidadãos!" e "Aliança"? Acredita numa surpresa nestas eleições autárquicas, com a sua vitória? Os eleitores poderão confiar numa mulher para a presidência da Câmara Municipal de Lagos?

MM – Os movimentos de cidadãos independentes, para concorrerem ao próximo ato eleitoral autárquico tiveram grandes entraves, primeiro por parte dos partidos PS e PSD com a lei eleitoral autárquica aprovada em Julho de 2020 e que somente em Abril deste ano foi alterada para eliminar ou suavizar os obstáculos criados às candidaturas independentes, Isto a poucos meses das eleições, e com a situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal.

A pandemia colocou-nos a impossibilidade da recolha de assinaturas, o que nos levou a integrar uma coligação com os partidos "Nós Cidadãos" e " Aliança", partidos estes, que em Lagos não têm representantes, o que faz com que todos os elementos da coligação Lagos com Futuro , sejam do movimento de cidadãos independentes Lagos com Futuro.

Estamos cientes das dificuldades, mas o trabalho autárquico desenvolvido em prol das populações nestes últimos 8 anos dá-nos confiança num bom resultado eleitoral. Tenho consciência da exigência deste cargo, mas tenho uma vida familiar estável que me permite dedicar grande parte do meu tempo a estas funções.

A promulgação da lei da paridade serviu para aumentar a consciencialização sobre as desigualdades de género existentes na política, mas talvez ainda não esteja bem interiorizado. O poder autárquico continua a ser dominado pelos homens, sobretudo nos lugares de poder. E o meu desejo é que cada vez haja mais mulheres em todos os órgãos autárquicos e mulheres a mandar. Muitas mulheres que expressam frontalmente essa vontade são duramente criticadas e quando erram, e é preciso dar às mulheres o direito de errar, o são ainda mais, muito mais que os homens.

Hoje as mulheres constroem a sua vida com conteúdo próprio. Conseguem conciliar a sua vida familiar com a profissional e a política. Por isso há cada vez mais mulheres em altos cargos dirigentes. Não há qualquer dúvida que as mulheres são de confiança na sua missão cívica de servir e melhorar a sua comunidade.

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José Manuel Oliveira

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