Esta é uma espécie que apenas existe nos Açores e só nidifica em alguns pequenos ilhéus junto às ilhas da Graciosa, das Flores e possivelmente do Corvo. Assim, está muito vulnerável a qualquer ameaça a estas colónias, como a chegada de ratos e outros predadores que não ocorrem naturalmente nestes ilhéus. Entre estes predadores exóticos que podem pôr a espécie em perigo encontra-se a lagartixa-da-madeira, que tem sido observada a alimentar-se de crias de painho-de-monteiro. Também no mar as aves marinhas enfrentam ameaças muito sérias, como a captura acidental em artes de pesca, a poluição luminosa e o lixo marinho.
A Coordenadora da SPEA Açores, Azucena de la Cruz Martín, afirma que «Esta pequena ave tem uma resiliência impressionante: chega a viver mais de 20 anos, a maior parte do tempo no mar. Estamos a falar de uma avezinha de 50g que resiste às tempestades que assolam o Atlântico, ano após ano».
Para ajudar a proteger esta espécie, em 2018, a SPEA lançou o Plano de Acção Internacional para a Conservação do painho-de-monteiro. Este documento, que define as prioridades de conservação para a espécie, foi desenvolvido com o apoio de vários parceiros a nível nacional e internacional. Estas acções prioritárias – que incluem a recuperação de habitat, a implementação de planos de biossegurança, a avaliação do impacto de predadores introduzidos e a monitorização do estado das populações da espécie – estão a ser implementadas na Graciosa através do Projeto LIFE IP AZORES NATURA, do qual a SPEA é parceira.
O nome desta espécie é uma homenagem ao biólogo Luís Monteiro, que nos anos 90 demonstrou que deveria ser considerada uma espécie à parte, e não uma variante do roque-de-castro (ou painho-da-madeira). A mais pequena ave marinha dos Açores, o painho-de-monteiro é de facto muito parecido com o roque-de-castro: é todo preto à excepção da mancha branca na base da cauda. Tem a cauda ligeiramente mais bifurcada, mas só os observadores experientes conseguem detectar essa diferença.
Uma outra particularidade da Ave do Ano 2021, é que se reproduz no Verão, enquanto o roque-de-castro se reproduz no Inverno. Faz o ninho em cavidades, muitas vezes em escarpas de difícil acesso para quem não tem asas, pelo que os técnicos da SPEA estão a recorrer ao som para estimar quantos painhos fazem o ninho em cada colónia. No projecto LIFE4BEST Seabirds Macaronesian Sound, os investigadores da SPEA usam os sons produzidos pelas aves para determinar quantas são e onde estão. O som é outra característica utilizada pelos especialistas para identificar esta espécie: as vocalizações do painho-de-monteiro têm menos uma sílaba do que as do seu “primo” roque-de-castro.
A votação decorreu de 14 de Janeiro a 4 de Fevereiro, através de um formulário online disponibilizado pela SPEA que desafiava a escolher entre o painho-de-monteiro e a gaivota-de-audouin para Ave do Ano. O painho-de-monteiro obteve 80% dos 1580 votos recebidos.
Poderá ver o painho-de-monteiro nas fotografias abaixo partilhas.
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