Entre os meses de Outubro de 2020 e Janeiro de 2021, a DECO PROTESTE, organização de defesa do consumidor, avaliou a resposta da rede pública de carregamento eléctrico com um teste que consistiu em percorrer três mil quilómetros em Portugal, Espanha, Itália e Bélgica, em carros 100 por cento eléctricos e concluiu que «ainda há muito a fazer para que o carro eléctrico seja uma opção prática».
Apesar de o consumidor poupar no combustível e na manutenção, segundo a organização de defesa do consumidor, a tecnologia «ainda levanta dúvidas» junto dos consumidores e as soluções são «desiguais» nos diferentes países. No geral, afirma que «falta uma visão comum e integrada a nível europeu, com postos mais rápidos e melhorias a fazer na lei».
Segundo Alexandre Marvão, especialista em Mobilidade da DECO PROTESTE, «o legislador, os construtores de carros, as empresas e os operadores de postos ainda têm muito trabalho pela frente para tornarem o carro eléctrico uma opção apelativa para os consumidores».
Como ponto de partida, a DECO PROTESTE considera necessário reforçar a lei ou dar acesso a financiamento para que se possam instalar postos de carregamento privados nos edifícios antigos e nas novas construções, uma vez que a melhor forma de carregar um carro eléctrico é fazê-lo durante os longos períodos em que está estacionado. Com esta melhoria, a rede pública fica disponível para fazer carregamentos no caso de viagens longas, necessidades pontuais ou quando o consumidor não tem outra forma de carregar o carro.
Na rede pública em meio urbano, o principal receio dos consumidores é o tempo de carregamento, que não pode ser longo ou um momento perdido. A DECO PROTESTE verificou que apenas 7% dos carregadores têm potência superior a 42 kWh, defendendo a conversão da rede pública para carregadores com mais de 22 kWh e a criação de pontos de carregadores rápidos. No caso das autoestradas, a organização de defesa do consumidor propõe que as principais rotas tenham carregadores rápidos e ultrarrápidos em todas as estações, com postos suficientes para os veículos que ali circulam.
Outra das limitações verificadas no teste à resposta da rede pública de carregamento eléctrico foi a distância entre carregadores. Fora das localidades, a DECO PROTESTE considera fundamental garantir distâncias inferiores a 50 quilómetros entre postos. O pagamento também deve ser facilitado para os turistas, os utilizadores ocasionais e quem se esquecer do telemóvel. Nestas situações, a DECO PROTESTE defende que, deve ser possível pagar com cartão de crédito ou débito, dinheiro ou um cartão pré-pago. Acrescenta ainda que falta, também, regulamentar e harmonizar os critérios das tarifas e das taxas extra; a tarifa tem de ser «justa e estar indicada», com informação «clara» sobre o preço da energia, a par da criação de um protocolo de comunicação comum entre as estações. Acreditando assim que, «só desta forma as apps podem exibir dados fiáveis, como o local, a disponibilidade, o preço e a reserva».