- Semana 9: Primeiros impactos do Covid-19 no retalho alimentar
- Saúde, higiene e produtos básicos dominam o consumo entre os portugueses
- Sortido dita escolha de loja, mas relevância da proximidade deve acentuar-se
Os efeitos da pandemia Covid-19 são já visíveis em Portugal, contribuindo para um aumento das vendas do retalho alimentar. A primeira edição do Barómetro semanal da Nielsen sobre este tema, relativo à semana 9 de 2020 (de 24 de Fevereiro a 1 de Março), aponta para um crescimento das vendas nos Hipers+Supers que totalizou 14% entre as categorias de alimentação, detergentes e produtos de higiene e frescos, quando desde o início do ano a tendência se situava nos 6%.
Preocupações dos consumidores ditam consumo
A avaliação realizada pela Nielsen revela uma reação no comportamento do consumidor perante esta pandemia, em linha com a própria evolução desta situação no continente europeu e em território nacional.
A Nielsen identifica as seis etapas de adaptação do consumidor perante esta nova realidade: a compra proativa de Saúde, a gestão reactiva da Saúde, a preparação da despensa, a preparação para quarentena, a vida com restrições e a vida sob uma nova normalidade.
O início da semana em análise foi marcado pelo alerta para o risco de pandemia anunciado pela Organização Mundial da Saúde, num período em que o número de casos diários registados na Europa ultrapassou os da China. Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde dirigiu um aviso às empresas para a necessidade de definição de planos de contingência.
Neste contexto, constata-se uma preocupação acrescida entre os portugueses com a Saúde e o armazenamento de produtos alimentares, exemplificado nos valores mais elevados registados para as conservas (+42%), os produtos ricos em vitamina C (Kiwi +39%, Laranja +37%, Tangerina/Clementina +37%) e produtos básicos (+36%). Preocupações com a Saúde e a limpeza estão também no topo do crescimento entre detergentes e produtos de higiene, observável para os Cuidados de Saúde (+40%) e Acessórios de Limpeza (+38%), onde estão incluídas as luvas.
O peso do factor geográfico
A reação dos portugueses não foi igual em todo o território: Lisboa, Setúbal, Leiria e Santarém foram os primeiros a reagir e foi nestas zonas geográficas que o consumo mais disparou. Para Lisboa, o consumo de 18% registado nesta semana triplicou a tendência de 6% verificada desde o início do ano; saltos no consumo aparentes também para Setúbal, Leiria e Santarém.
As próximas semanas podem demonstrar uma situação diferente, uma vez que os primeiros casos positivos de Covid-19 foram registados no Norte do país.
A procura por diferentes tipologias de oferta
O momento é de adaptação, devendo marcas e retalhistas tentar responder às necessidades identificadas entre os consumidores neste período de desafios originais.
Notam-se já tendências entre as distintas tipologias de lojas: com um sortido mais alargado, os Hipers destacam-se com um crescimento de 20%, acima dos incrementos registados para os Super Grandes (+18%) e Super Pequenos (+5%). Mas é expetável que, com o decorrer das semanas, a questão da proximidade conquiste um maior dinamismo.
Informação vai sustentar novas estratégias de marcas e retalhistas
É ainda cedo para compreender, na totalidade, de que modo esta pandemia vai afetar os padrões de consumo, alterar comportamentos e ditar novas tendências.
Como explica Patricia Daimiel, Diretora-Geral da Nielsen para Espanha e Portugal, “vivemos hoje uma situação verdadeiramente sem precedentes. Em todos os mercados e negócios, a nível mundial, a pandemia Covid-19 veio abalar a forma como vivemos, como consumimos e como trabalhamos. Todos seremos impactados, sem exceção. Por essa razão, é fundamental que, agora mais do que nunca, nos mantenhamos informados sobre todas as mudanças e novas tendências que vêm impactar cada um dos nossos mercados. É essencial estar alerta e tomar decisões assertivas que vão ao encontro de um panorama que é novo para todos, em todo o mundo.”