Saudar convite e iniciativa do Executivo Municipal de Silves em promover um evento emblemático no quadro do apoio à actividade económica e às empresas do sector agrícola no Concelho de Silves.
Após o tsunami da pandemia é hoje consensual que o turismo, a nossa principal actividade económica da região, terá uma recuperação gradual. Tal como é consensual a premência de diversificar a base económica da região. Continuaremos a ser a principal e primeira região de turismo do País, mas temos de conseguir diversificar a actividade económica.
Nas receitas do turismo apenas em 2023 – porventura mesmo no ano de 2024 -, deveremos atingir as receitas registadas em 2019. Claro está sendo justo destacar o contributo decisivo dos residentes, dos turistas nacionais, no aumento das receitas e proveitos do turismo nestes difíceis anos de pandemia, bem como todo o apoio público dirigido às empresas visando assegurar a sua continuidade e sobrevivência no pós-pandemia. Em 2022 é imperativo voltar a colocar o foco nos residentes, nos turistas nacionais. A título de exemplo, destaca-se que, em 2021, o Município de Albufeira teve 3,8 milhões de dormidas (10,1 %) do total nacional, com uma muito significativa presença de residentes nacionais.
Neste contexto importa sobretudo desenvolver acções para ganhar a escolha dos consumidores pelos produtos do Algarve, o que reforça e destaca o acerto na realização desta Mostra da Laranja.
Em 2021, na agricultura, o rendimento por unidade de trabalho ano aumentou 11% face ao ano anterior, após ter registado uma estagnação no ano de 2020. Por seu turno, segundo as contas económicas da agricultura da responsabilidade do INE, em 2021, os preços ao produtor nos frutos, cresceram mais de 20 por cento em valor. Sabemos bem do conjunto de exigências e da pressão colocada sobre a produção, mas este aumento de preços na produção é um bom estímulo para a diversificação e para o investimento numa agricultura competitiva e sustentável.
A agricultura necessita de água e o uso inteligente e sustentável da água é um enorme desafio para a região. O Plano específico de Eficiência Hídrica, no quadro do Plano de Recuperação e Resiliência incorporou medidas de gestão sustentável da água na agricultura de 17 milhões de euros. A prioridade total é a execução das verbas aprovadas no PRR.
Temos de monitorizar e mobilizar todos os decisores e responsáveis políticos e da administração pública para ter os projectos de execução elaborados ainda no corrente ano de 2022, bem como promover a abertura do aviso dirigido aos projectos de agricultores.
Por outro lado, a competitividade das empresas e da região necessita de um substancial incremento no investimento em investigação e ciência. Em 2020 o investimento em I&D no Algarve representou 0,49 por cento do Produto Interno Bruto gerado na região. Foi a despesa total em I&D mais elevada da década, mas temos, necessitamos, de aumentar muito mais o investimento em investigação e ciência para aumentar a competitividade da região, das suas empresas, também na actividade agrícola.
Estamos pois a debater a Laranja, a fruta mais produzida em Portugal, apresentada por uma insígnia nacional de referência como produto com processo de certificação, seguro do ponto de vista alimentar, ambientalmente sustentável, com um adequado processo de colheita, que permite apresentar ao consumidor uma laranja doce, sumarenta e aromática. Um debate que junta decisores, conhecimento e ciência e empresários agrícolas.