Paulo Neves, do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHUA), veio hoje a público dizer que vão propor por acordo a suspensão de um período de férias aos profissionais de saúde, nas próximas 2 semanas, para garantir a resposta à procura em cuidados de saúde na região a mais de 1 milhão de pessoas que se encontram nesta altura no Algarve.
Para o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), esta medida é «inaceitável porque os profissionais estão há ano e meio a trabalhar para dar resposta à pandemia, com reduzidas folgas, muitas horas extraordinárias e poucas férias. Estão exaustos e precisam descansar».
Lacerda Sales, Secretário de Estado da Saúde, quando visitou o mês passado a região, afirmou: «É evidente que, se os números subirem muito (internamentos por Covid), se se tiver de parar com atividade assistencial programada, poderá ter de se tomar essa decisão, mas, para já, não está em cima da mesa».
O que Paulo Neves veio agora dizer é que a proposta de suspensão de férias não tem a ver com os números de Covid, até porque o número de internamentos tem estado a descer, segundo o próprio, e quer manter a actividade assistencial.
O SEP acusa membro da administração do CHUA de intentar fazer «um brilharete político à custa dos profissionais de saúde, dizendo que a região está preparada para receber os turistas no Verão quando se sabe, desde há anos, que a população triplica nesta altura» – situação que o SEP tem vindo a denunciar sistematicamente, apontando para a carência de cerca de 500 enfermeiros na região.
«O que resolveria o problema seria a contratação de mais enfermeiros e a consolidação de todos os que estão precários, e não assistir-se pela primeira vez a uma proposta ignóbil e incompreensível com base em algo que já se conhecia quando foram programadas as férias», expressa o sindicato.
A partir de hoje, dia 16 de Agosto, o SEP colocará uma campanha em curso de apoio aos enfermeiros junto da população: «Chega de mais sacrifícios sem nenhum retorno. Queremos o que nos prometeram e ainda não cumpriram», remata o núcleo.