Problemas no atendimento, tratamento clínico indevido, dificuldades no agendamento, cobrança indevida e falta de informação entre os principais motivos de reclamação dos utentes no público e no privado.
No primeiro trimestre do ano, foram dirigidas às entidades de saúde públicas e privadas quase 1.300 reclamações, um crescimento na ordem dos 62% face a 2019, revela uma análise do Portal da Queixa ao setor da Saúde. Problemas no atendimento, tratamento clínico indevido, dificuldades no agendamento, cobrança indevida e falta de informação estão entre os principais motivos de reclamação dos utentes. Os prestadores de saúde privados são os que absorvem mais queixas, registando uma subida na ordem de 220%, em relação a 2019.
Em Portugal, continua a aumentar a insatisfação dos utentes com os prestadores de cuidados de saúde do sistema público e do sistema privado, revela um estudo do Portal da Queixa efetuado por ocasião do Dia Mundial da Saúde, que se assinala a 7 de abril.
Entre os dias 01 janeiro e 31 março de 2023, foram registadas no Portal da Queixa 1.298 reclamações relacionadas com a área da Saúde, um crescimento na ordem dos 62% em comparação com o mesmo período de 2019, ano de pré-pandemia, onde se registaram 806 queixas contra o setor da Saúde.
Segundo a análise do Portal da Queixa, entre os principais motivos de reclamação dos utentes dirigidos às entidades de saúde do sistema público estão: a demora no atendimento, a gerar 37,2% das queixas; o tratamento clínico indevido (31,2%); a dificuldade no agendamento de procedimentos (19,5%) e a falta de informação (6%).
Relativamente ao sistema privado, a motivar a insatisfação sobre os prestadores de cuidados de saúde estão sobretudo queixas por cobrança indevida (20,1%); a demora no atendimento (19,1%); a falta de informação (12,1%) e o tratamento clínico indevido a recolher 9,1% das reclamações geradas no primeiro trimestre.
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Sistema privado é o mais reclamado com subida de 220%
De acordo com os dados referentes aos serviços prestados por hospitais públicos e privados, centros de saúde e clínicas médicas, verificou-se que o sistema privado é o mais visado, ao ser alvo de 480 reclamações durante o primeiro trimestre, registando uma variação de crescimento de 220%, em relação ao mesmo período de 2019, onde registou apenas 150 queixas. No sistema público, observa-se a mesma tendência, com uma subida na ordem dos 28,41%. Foram 352 reclamações em 2019 e, 452 queixas este ano.
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Pediatria é a especialidade com mais queixas
No estudo, foram ainda identificadas as especialidades de saúde – do setor público e privado – que reúnem o maior número de reclamações. A Pediatria é a área que absorve mais queixas (18,8%); segue-se a Obstetrícia (9,4%), os serviços de Ortopedia (7,4%), a Urologia (7,4%), e as especialidades de Oftalmologia e Oncologia, ambas a acolher 5,7% das reclamações dos utentes.
Os dados analisados permitiram aferir que, das 1.298 reclamações que chegaram ao Portal da Queixa, 66,52% foram registadas por utentes do género feminino e 33,48% pelo género masculino. Entre as faixas etárias que mais se queixaram, destacam-se as pessoas entre os 35-44 anos, responsáveis por 84,6% das reclamações geradas no primeiro trimestre deste ano.
Recorde-se que, em 2022, o Portal da Queixa recebeu mais de 5.000 reclamações dirigidas ao setor da Saúde, com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) a liderar com 2.044 queixas registadas (51,25%).
De referir que, para este estudo, foram analisadas 12 subcategorias e 299 entidades de saúde do sistema público e privado.