A Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED) realizou uma conferência digital, subordinada ao tema “Canábis Medicinal no Tratamento da Dor Crónica: Perspectivas futuras para a utilização em Portugal”, que contou com a participação de 300 profissionais de saúde.
A iniciativa realizou-se a 24 de Novembro, pelas 21:00 horas, e contou com o apoio da Tilray Portugal. “Esta conferência teve como objectivos promover a discussão sobre a Canábis para fins medicinais no tratamento da Dor Crónica, em Portugal, e partilhar o conhecimento e as boas práticas internacionais nesta área, para que os médicos possam aumentar o seu conhecimento sobre esta opção terapêutica”, explica Ana Pedro, presidente da APED e comoderadora da conferência.
Durante a sessão, o orador convidado Janosch Kratz, médico e coordenador de Investigação e Desenvolvimento na Clínica Kalapa, em Barcelona, salientou que a Canábis medicinal é “mais uma opção terapêutica, com muitas vantagens no tratamento da Dor Crónica, que os médicos podem utilizar para melhorar a qualidade de vida dos doentes”.
“Os profissionais de saúde devem olhar para estes medicamentos da mesma forma que olham para os outros. Trata-se de uma opção terapêutica segura e, geralmente, bem tolerada pelos doentes, com efeito não só no que diz respeito à dor, mas também à melhoria da qualidade do sono, à estimulação do apetite e à redução das náuseas e vómitos”, afirmou Janosch Kratz.
No final da sessão, as moderadoras Ana Pedro e Graça Mesquita, membros da APED, terminaram anunciando serem «esperadas novidades para o tratamento da dor, em Portugal. É importante que o Infarmed aprove mais produtos deste grupo e que estes sejam colocados à disposição, para rapidamente entrarmos [país] num patamar de conhecimento que nos permita utilizá-los de forma racional e correcta».
A utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da Canábis para fins medicinais, nomeadamente a sua prescrição e a sua dispensa em farmácia comunitária estão regulamentadas, em Portugal, com a Lei n.º 33/2018, de 18 de Julho e com o Decreto-Lei n.º 8/2019, de 15 de Janeiro.
Em Portugal, a utilização da Canábis para fins medicinais está aprovada para várias indicações, entre as quais, a Dor Crónica. Estima-se que 36,7% da população adulta portuguesa tenha Dor Crónica, pelo que a incapacidade associada a esta doença afecta directamente a vida pessoal, familiar, social e profissional dos doentes. O seu tratamento requer uma abordagem biopsicossocial, onde se incluem intervenções farmacológicas e não farmacológicas, com diferentes níveis de eficácia, sendo uma mais-valia aumentar as opções terapêuticas disponíveis, por forma a melhorar a qualidade de vida dos doentes.