A norma, aprovada por unanimidade na Assembleia da República e depois regulamentada pelo Governo, foi tão restritiva que "premiou" muito poucos enfermeiros, deixando de fora a maioria dos profissionais de Saúde do Algarve – no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) foram cerca de 10% destes, das várias categorias. Nos Centros de Saúde da região, nem dez enfermeiros "couberam" nos critérios definidos pela Lei.
As vozes de descontentamento dos profissionais de Saúde são «mais que muitas», afirma o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP): «Como é possível que mesmo os que estiveram em áreas dedicadas à Covid-19; os que fizeram milhares de colheitas de zaragatoas em diferentes contextos da comunidade; os que estiveram em Zonas de Apoio à População; os que, nos diferentes serviços hospitalares e da comunidade, contactaram com suspeitos ou doentes Covid (algumas vezes sem se saber); os que ficaram infectados e doentes, os que de uma forma ou de outra contribuíram para combater a epidemia, também na gestão e no planeamento/assessoria não tenham sido contemplados?».
O que está em causa para os enfermeiros não é o valor do prémio, e sim a «falta de reconhecimento das incontáveis horas de dedicação». A «falta de respeito» é «indescriptível» e «já vem de trás», desvenda o SEP.
O descongelamento das progressões, ainda por concretizar, a 500 enfermeiros do Algarve, assim como outros problemas por resolver, mas sem resposta quer por parte da ARS Algarve, quer por parte do CHUA, que nem sequer responde aos pedidos de reunião do SEP, é outro dos motivos principais que levam o SEP a manifestar o seu descontentamento: «Somos usados até ao limite quando necessário, mas esquecidos nas condições de trabalho».
Por fim, o SEP diz ainda ser «necessário e urgente que se iniciem negociações para a verdadeira compensação do risco e penosidade associada à natureza das funções dos enfermeiros».