Artigo de opinião de Sílvia T. Fernandes, reumatologista das unidades Lusíadas, no Algarve.
A osteoporose é uma doença muito comum, que afecta o esqueleto e que se caracteriza pela perda de qualidade e quantidade da massa óssea, afectando, na sua maioria, a população com idade mais avançada. Esta é uma doença silenciosa que quando provoca as primeiras queixas é sinal de gravidade. Assim, o doente acaba por ter o diagnóstico numa fase mais avançada da doença, em que a estrutura óssea já está deteriorada e culmina com o aparecimento de fraturas na coluna vertebral, punho ou anca, por exemplo. Estas fracturas ocorrem na sequência de pequenas quedas (quedas de altura inferior à estatura da pessoa), pequenos traumatismos (por exemplo, na sequência de um espirro) ou mesmo na ausência de traumatismo (situação que pode ocorrer na fractura das vértebras). Como consequência, o doente sofre com dor intensa crónica e incapacidade funcional na região anatómica afectada. Pode ainda referir queixas respiratórias, abdominais com diminuição do apetite, sobretudo quando as fracturas ocorrem ao nível da coluna dorsal com consequente cifose (deformação da curvatura da coluna dorsal), e pode ainda evoluir com depressão. Em situações mais graves, a fractura pode mesmo associar-se à morte do doente, mais frequente no caso da fractura da anca.
A perda de massa óssea faz parte do envelhecimento normal da pessoa saudável. De facto, a massa óssea aumenta progressivamente durante a infância e adolescência e atinge o seu pico na idade adulta, durante a terceira década de vida, para posteriormente começar a diminuir lentamente. É a relação entre o pico de massa óssea atingida e a posterior perda progressiva ao longo dos anos que pode levar ao desenvolvimento de osteoporose e, consequentemente ao aparecimento de fracturas ósseas.
Nas mulheres, a diminuição abrupta dos níveis de estrogénio após a menopausa é um fator determinante na diminuição mais rápida da densidade mineral óssea que cursa com um decréscimo acelerado e que dura cerca de uma década. Para além da idade e do sexo feminino, existem outros factores de risco para o desenvolvimento de osteoporose; são eles a história de fracturas ósseas prévias, baixo índice de massa corporal, história familiar de osteoporose, doses altas de corticoterapia (longa duração), consumo de tabaco e álcool e a coexistência de outras doenças que fragilizem a massa óssea (artrite reumatoide, anorexia e doença celíaca, entre outras).
O diagnóstico precoce é fundamental e pode ajudar a evitar a progressão da doença. Assim, o médico deve avaliar regularmente o risco de fractura óssea em homens e mulheres com mais de 50 anos. De acordo com esta avaliação, o clínico pode ter de recorrer à densitometria óssea, um exame que mede a densidade da massa óssea, e assim complementar a decisão terapêutica
O tratamento da osteoporose varia de acordo com as características do doente, logo é sempre personalizado pelo médico. Existem vários medicamentos com eficácia comprovada e com bons perfis de segurança. Estes fármacos têm como finalidade a redução da perda de massa óssea, o aumento ou manutenção da densidade óssea e consequentemente reduzir o risco de fractura óssea. Os suplementos de cálcio e vitamina D são normalmente associados a esses fármacos. Não existe um limite de tempo para fazer este tipo de tratamento e é pela avaliação do risco de fractura óssea realizada pelo seu médico que terá a indicação para manter, alterar ou mesmo suspender por alguns períodos os medicamentos.
Existem outras medidas que podem ser adoptadas no quotidiano para proteger a qualidade do osso, incluindo assegurar o aporte alimentar adequado de cálcio e vitamina D, evitar o consumo de álcool e tabaco, praticar exercício físico que envolva suportar o peso corporal, isto é, exercícios com carga como por exemplo, caminhadas e, em caso de risco de queda, realização de exercícios de reforço muscular e treino de postura e equilíbrio.
Nem sempre a osteoporose pode ser evitada mas um estilo de vida saudável pode ser a chave para uma melhoria da qualidade de vida. A combinação entre a prática de exercício físico e uma alimentação saudável pode fazer a diferença no futuro.