Menos 46% de consultas médicas presenciais nos centros de saúde, uma quebra de 40% da procura das urgências hospitalares e menos 25% de cirurgias realizadas. Estes são alguns dos resultados do impacto do primeiro ano da pandemia em Portugal segundo o Movimento Saúde em Dia, constituído pela Ordem dos Médicos, pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e pela Roche.
A análise foi feita pela consultora MOAI e parte de dados públicos do Serviço Nacional de Saúde, comparando Março de 2020/Fevereiro de 2021 com Março de 2019/Fevereiro de 2020.
Ao nível das consultas médicas presenciais nos centros de saúde, a queda foi de 46%, com menos nove milhões de consultas no primeiro ano de pandemia comparado com o período homólogo anterior, com os médicos de família a serem desviados para os doentes Covid-19, acompanhando mais de 90% dos casos.
Nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), houve menos de 4,5 milhões de contactos no primeiro ano de pandemia, entre consultas, urgências, cirurgias e internamentos.
As primeiras consultas hospitalares tiveram uma redução de 20% (menos cerca de 700 mil consultas), enquanto as cirurgias programadas caíram 26% e as cirurgias urgentes decresceram 13%.
A procura de urgências hospitalares também foi afectada, com uma redução de quase 40%, o que equivale a menos 2,5 milhões de episódios. Os casos considerados mais graves ou urgentes, com pulseira vermelha, reduziram-se 22%; as pulseiras laranja caíram 31% e os episódios com pulseira amarela diminuíram 40%.
Nos cuidados de saúde primários, é igualmente evidente o efeito da pandemia. No total, houve menos 13,4 milhões de contactos médicos e de enfermagem presenciais nos centros de saúde.
Ao nível das consultas médicas presenciais, a queda foi de 46%, com menos nove milhões de consultas no primeiro ano de pandemia comparado com o período homólogo anterior.
Os contactos de enfermagem presenciais reduziram-se 20%, sendo menos quatro milhões de contactos.
Por outro lado, os contactos médicos e de enfermagem não presenciais aumentaram, respectivamente, 130% e 70%. No caso dos contactos médicos à distância, poderão estar relacionados com o trabalho dos centros de saúde no acompanhamento dos casos de Covid-19 com doentes que ficam no seu domicílio, sem doença grave.
Mas é fácil perceber que muitas patologias foram afectadas pela pressão exercida pela pandemia no sistema de saúde. O caso da diabetes é um desses exemplos.
Os utentes inscritos com diabetes, com exame dos pés realizado, caiu 34%, com menos 210 mil exames feitos no primeiro ano da pandemia. Também a proporção de doentes diabéticos com exame oftalmológico teve uma quebra de quase 20%.
A análise da MOAI mostra ainda uma fortíssima restrição nos meios complementares de diagnóstico e terapêutica.
Foram realizados menos 29 milhões de atos no primeiro ano de pandemia, um abatimento de 30% em relação ao período homólogo anterior.
Com quedas mais expressivas, sempre além dos 50%, registam-se os exames de pneumologia e imunoalergologia, os de otorrinolaringologia, os de neurofisiologia e os de psicologia.
Relativamente ao programa de rastreios oncológicos nos cuidados de saúde primários, registaram-se menos 21% de mulheres com registo de mamografia nos últimos dois anos (menos 169 mil), menos 12% de mulheres com colpocitologia actualizada (menos 140 mil) e menos 7% de utentes inscritos com rastreio do cólon e recto efectuado (menos 125 mil).
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Todos os dados e iniciativas do Movimento podem ser acompanhados em www.saudeemdia.pt.