Milhares de cirurgias canceladas são responsabilidade das políticas de Saúde do Ministério de Manuel Pizarro, que empurrou os médicos para a greve nacional entre 14 e 15 de novembro e em desprezo pelos utentes e pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A adesão global de dois dias de greve nacional foi na ordem dos 85%.
As concentrações realizadas em Lisboa, Porto e Coimbra, no primeiro dia da greve, tiveram uma boa participação, com centenas de médicos a marcar presença nas concentrações realizadas no Hospital de São João, no Hospital da Universidade de Coimbra e no Hospital Santa Maria, que deram voz às preocupações dos médicos e dos utentes, que responderam ao apelo da FNAM.
Ao contrário de outros ministérios que retomaram negociações depois desta crise política, o Ministério da Saúde (MS) ainda não reagendou a reunião de 8 de novembro, que cancelou, sem explicação, numa altura em que o SNS está em grande agonia, com encerramento e caos instalados nos serviços de urgência de norte a sul do país, por falta de médicos. Os médicos exigem a Manuel Pizarro, que continua em plenitude de funções, a retoma das negociações, de forma séria e competente, e que seja capaz de produzir um acordo que incorpore as soluções que os médicos têm para salvar o SNS.
A FNAM faz o apelo à fiscalização abstrata do diploma da Dedicação Plena, legislado unilateralmente pelo Governo, que é abusivo, acarreta mais trabalho e que coloca em risco a segurança de médicos e doentes, pelo Presidente da República, Procuradoria-Geral da República e Provedoria de Justiça, pedimos ainda uma audiência urgente à Comissão Parlamentar da Saúde e apoiamos todos os médicos que manifestam intenção em recusar adesão à Dedicação Plena que, apesar de ser voluntária, é obrigatória para todos aqueles que vierem a integrar Unidades de Saúde Familiar e os Centros de Responsabilidade Integrados.
Enquanto aguardamos que o MS assuma as suas responsabilidades e convoque os sindicatos para a mesa das negociações, a FNAM continuará a apoiar todos os colegas que entregaram as declarações de indisponibilidade para fazer mais trabalho suplementar para além do limite legal anual de 150 horas e levaremos uma delegação a Bruxelas, no próximo dia 17, para reunir com os eurodeputados e a Comissária para a Saúde, Stella Kyriakides. Em Bruxelas, a FNAM apresentará um retrato da situação dramática que se vive na Saúde em Portugal e neste âmbito, as soluções da FNAM para que se recupere, com urgência, a carreira médica e o SNS.