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FNAM revela deficiências do Plano de Emergência da Saúde na Assembleia da República

FNAM revela deficiências do Plano de Emergência da Saúde na Assembleia da República

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) participou, no dia 15 de janeiro, numa audição no Grupo de Trabalho da Comissão de Saúde da Assembleia da República, dedicada ao acompanhamento do Plano de Emergência e Transformação de Saúde (PETS).

Nesta sessão, a FNAM fez um balanço crítico do plano, revelou as objeções do Ministério da Saúde (MS) no processo negocial com os médicos e apresentou as suas propostas para atrair e reter profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A FNAM sublinhou que o PETS ignora a principal carência do SNS: a falta de profissionais de saúde, sobretudo médicos, necessários para assegurar equipas completas e motivadas nos cuidados de saúde primários e hospitalares.


O Ministério da Saúde, sob a liderança de Ana Paula Martins, rejeitou investir na renovação dos quadros médicos. Em vez disso, o PETS privilegia medidas como a contratação de médicos aposentados e prestadores de serviço, o aumento do trabalho suplementar e a criação de Unidades de Saúde Familiar modelo C, que são de natureza privada. Estas ações não só não resolvem o problema como agravam a escassez de médicos no SNS. Exemplo disso foi o último concurso público, onde 75% das vagas solicitadas pelas Unidades Locais de Saúde para médicos de família ficaram por abrir. As vagas para saúde pública e especialidades hospitalares também não atendem às necessidades reais.


Atualmente, mais de 1,5 milhões de utentes continuam sem médico de família. Serviços de urgência, incluindo na área materno-infantil, enfrentam encerramentos recorrentes e os tempos de espera são indignos, pois ultrapassam, frequentemente, dezenas de horas. Muitos utentes, nomeadamente grávidas, crianças e idosos, são deixados à mercê de linhas telefónicas saturadas e soluções digitais ineficazes, enquanto recursos do SNS são desviados para contratação externa e privada, em detrimento do reforço de quadros internos.


Em comunicado detalhado, a FNAM esclareceu que as medidas anunciadas pelo Ministério da Saúde para os médicos são insuficientes. O aumento salarial médio prometido é de apenas 3,6% ao longo de três anos, até 2027, excluindo as atualizações gerais previstas para a Administração Pública. Este incremento é insuficiente para compensar a perda de 20% do poder de compra sofrida pelos médicos na última década. Medidas como a contagem de tempo de serviço para dias de férias adicionais e o pagamento ajustado ao grau após a conclusão do internato médico são, na verdade, direitos já previstos na legislação.


A FNAM denunciou ainda a recusa da Ministra da Saúde em negociar com a estrutura sindical que representa a maioria dos médicos do SNS, uma violação da Lei no âmbito da negociação coletiva.


Perante esta situação, a FNAM acionou os mecanismos legais disponíveis, notificando o Presidente da República, o Primeiro-Ministro e a Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT/MTSSS). Está agendada para o dia 28 de janeiro, às 14h00, uma audiência na sede da DGERT, no Porto, onde a FNAM exigirá o cumprimento da Lei por parte do Ministério da Saúde.


A FNAM mantém o compromisso de defender os direitos dos médicos e o acesso universal da população ao Serviço Nacional de Saúde, público e de qualidade.

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