O Ministério da Saúde tem em suas mãos, na próxima sexta-feira, a derradeira hipótese de salvar a carreira médica e o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Será apresentada uma proposta de soluções conjuntas da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), pelas quais o SNS não pode continuar à espera.
Com o passar das semanas e o acumular das consequências da má-fé do Ministério de Manuel Pizarro, a chantagem sobre os médicos tem aumentado, de forma a que voltem a aceitar o inaceitável. Manuel Pizarro pretende aplicar a desregulamentação total do trabalho médico levando os médicos à exaustão, sendo totalmente contraditória a propaganda do Governo da agenda do trabalho digno, que põe em risco a segurança dos doentes. O Governo pretende, apenas, poupar, obrigando o mesmo número de médicos a atender muitos mais doentes, reduzindo a qualidade e a segurança do ato médico, destruindo a vida familiar dos médicos e o direito ao descanso consagrado na Lei.
Hoje o SNS tem grávidas sem seguimento por falta de médicos de família, consultas, exames, tratamentos e cirurgias atrasadas, além do caos e encerramento de serviços de urgência e de camas em unidades de cuidados intensivos. A política de saúde de Manuel Pizarro colocou-nos todos em risco e só a ele compete a responsabilidade de mudar de rumo ou a inevitabilidade de assumir todas as consequências.
Sublinhamos também que, das soluções defendidas pela FNAM desde há longa data, apenas uma é relativa às tabelas salariais, sendo todos os outros destinados a melhorar as condições de trabalho, da formação e assim da universalidade, acessibilidade e qualidade SNS.
1 - Depois de 12 anos de salários congelados, em que continuamos a ser dos médicos com salários mais baixos da Europa, exigimos equidade na recuperação salarial com uma atualização de 30% no salário base de todos os médicos, para que se reponha o nível de poder de compra anterior à intervenção da troika;
2 - Reposição das 35 horas semanais para todos os médicos que assim o desejem; e das 12h do serviço de urgência ao invés das atuais 18h, medida que vem desde o tempo da troika; e que era transitória;
3- Reposição dos dias de férias;
4 - Uma efetiva progressão da carreira;
5 - Reconhecimento do internato no primeiro grau da carreira médica;
Assistimos a um momento histórico de grande união dos médicos, juntos na luta por um acordo com medidas que permitam a sobrevivência do SNS. A FNAM está disponível para assinar um acordo, em que algumas medidas podem vir a ser faseadas, mas com garantias de que a carreira médica e o SNS têm o futuro salvaguardado com a dignidade que merecem.
Caso Manuel Pizarro mantenha a sua teimosia e faça gala da sua incapacidade para chegar a um acordo, não contará com a FNAM para nenhum truque de ilusionismo, que mais não irá do que esconder a falta de vontade política em atrair médicos para o SNS, numa altura em que os médicos aprenderam a não confiar nas suas palavras.
Na cimeira entre a FNAM e o SIM, agendada para esta tarde, dia 26, assinalamos positivamente a posição conjunta em defesa do SNS e que não deixe qualquer médico para trás, e que faremos para que se verta, com substância propositiva, em pontos comuns para exigir na reunião de amanhã, dia 27, às 11h00, no Ministério da Saúde.
NOTA DE AGENDA
26 de outubro
● Cimeira FNAM-SIM | Online | 15h00
27 de outubro
● Reunião negocial no Ministério da Saúde | 11h00