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Estimativas apontam para aumento drástico do número de casos de cancro da cabeça e pescoço na próxima década

19 a 23 de Setembro | Make Sense - 10ª Semana de sensibilização para o Cancro da Cabeça e Pescoço
Estimativas apontam para aumento drástico do número de casos de cancro da cabeça e pescoço na próxima década

  • No 10º aniversário da Make Sense, iniciativa criada pela European Head and Neck Society (EHNS), a campanha ruma às escolas para reforçar a importância da prevenção;

  • Sensibilização é fundamental, já que as taxas de cancro da cabeça e pescoço devem aumentar drasticamente nos próximos dez anos, passando de 80.000 novos casos para 200.000;

  • Grupo de Estudos do Cancro da Cabeça e Pescoço aposta ainda no diagnóstico precoce, com rastreios nos hospitais.

É um dos tumores mais comuns em todo o mundo, mas o desconhecimento sobre o cancro da cabeça e pescoço e sobretudo sobre os seus principais factores de risco – álcool e tabaco -, é o grande responsável pelas estimativas mais recentes, que indicam que o número de novos casos deverá aumentar em mais de 200.000 em todo o mundo nos próximos 10 anos, com mais 587.000 pessoas a perder a vida para a doença até 2030 – um aumento de 120.000 em relação a 2020.ix, x Números que motivam que na 10ª Semana de sensibilização para o Cancro da Cabeça e Pescoço – Make Sense se passe das palavras à acção, com rastreios nos hospitais e acções de sensibilização nas escolas, junto dos adolescentes, em idades onde é frequente a iniciação no consumo de álcool e tabaco.

Às estimativas do aumento do número de casos juntam-se os factos: que 60% de todos os casos de cancros da cabeça e pescoço são diagnosticados em fases avançadas e, destes, 66% não estão vivos após 5 anos.iii, iv Isto apesar da taxa de sobrevivência poder chegar aos 90% quando o tumor é detectado nas suas fases iniciais. É por isso que a iniciativa liderada, a nível internacional, pela Sociedade Europeia de Cabeça e Pescoço (EHNS) e, a nível nacional, pelo Grupo de Estudos do Cancro da Cabeça e Pescoço (GECCP), quer reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce que poderiam ter salvo muitas das cerca de 73.000 vidas perdidas em 2020 i,ii, vítimas daquele que é já o 6º tipo de cancro mais comum e a 8ª causa mais comum de morte por cancro na Europa

Quando diagnosticado e tratado precocemente, o cancro da cabeça e pescoço pode ter um bom prognóstico, mas muitas pessoas continuam a sofrer as terríveis consequências desta doença por não compreenderem os sinais e sintomas que o corpo lhes dá. E não só os doentes, ou sobreviventes, sofrem com a doença mas também todos os seus familiares e amigos. É para alertar a população para os sinais e sintomas desta doença que trabalhamos a campanha em Portugal. Só assim os números podem tornar-se mais animadores” explica Ana Joaquim, médica oncologista em representação do Grupo de Estudos do Cancro da Cabeça e Pescoço (GECCP).

É por isso que a campanha ruma este ano a várias escolas* do País, com ênfase nas secundárias, em acções que visam fazer chegar a informação aos jovens, numa altura em que a ingestão de álcool e o consumo de tabaco se tornam cada vez mais tentadores. “Queremos explicar aos mais jovens qual o impacto do consumo excessivo de álcool. Os dados mostram-nos que o consumo de mais de três unidades de álcool por dia entre os homens e mais de duas entre as mulheres faz aumentar o risco de desenvolver este tipo de cancro. Em relação ao tabaco, acredita-se que quem fuma tem 15 vezes mais probabilidade de desenvolver cancro da cabeça e pescoço”, refere a especialista.

Sensibilizar para a importância do diagnóstico precoce é também um dos grandes objectivos desta campanha que, por isso, vai realizar rastreios no Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil; Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, EPE - Unidade de Portimão; Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil; Centro Hospitalar de Lisboa Central e na CUF Tejo. A atenção aos sinais é, de resto, uma das melhores formas de detectar precocemente este tipo de tumor, devendo ser seguida a regra “1for3”, que salva vidas e que pode melhorar o prognóstico da doença. Uma fórmula que determina que se alguém apresentar um ou mais dos sintomas característicos do cancro da cabeça e pescoço por três semanas ou mais, deve procurar um médico.

Os sintomas incluídos nesta regra são: língua dorida, úlceras na boca que não cicatrizam e/ou manchas vermelhas ou brancas na boca; dor na garganta; rouquidão persistente; dor e/ou dificuldade para engolir; e alto no pescoço ou secreção nasal com sangue.

O conhecimento, de forma geral, sobre o cancro da cabeça e pescoço tem aumentado desde que a campanha Make Sense começou a ser assinalada na Europa. Um inquérito com 5.700 pessoas de 5 países, concluído em 2020, revelou que apenas 38% dos entrevistados não tinham ouvido falar deste tipo de cancro, uma melhoria em comparação com um inquérito concluído dez anos antes.vii,viii

Além disso, o conhecimento sobre o HPV como factor de risco para cancro da cabeça e pescoço também melhorou, a par da implementação de programas de vacinação em toda a Europa nos últimos 10 anos. "A infecção HPV está associada a um tipo de cancro de cabeça e pescoço, da orofaringe. A frequência desta infecção sexualmente transmissível é muito variável por região, sendo responsável por 18,5%-90% dos casos em todo o mundo”, esclarece Ana Joaquim

Este ano, a campanha Make Sense tem como patrocinador principal a Merck S.A. Por sua vez, a Merck Sharp and Dohme e a Bristol Myers Squibb são outras entidades que apoiam a iniciativa.

Mais informações sobre a campanha estão disponíveis no website internacional, Twitter ou Facebook.

*Listagem das escolas:

  • Escola Básica e Secundária Dr. Machado de Matos, Felgueiras

  • Escola Secundária de Caldas das Taipas, Guimarães

  • Colégio de Lourdes, Santo Tirso

  • Escola Secundária de Casquilhos, Barreiro

  • Agrupamento de Escolas de Grândola

  • Agrupamento de Escolas da Bemposta

  • Agrupamento de Pedome

  • Agrupamento de Escolas Prof. Lindley Cintra, Lumiar

  • Agrupamento de Escolas Mealhada

  • Agrupamento de Escolas General Humberto Delgado, Loures

  • Agrupamento de Escola Artur Gonçalves, em Torres Novas

  • Escola Secundária José Estêvão, Aveiro

  • Agrupamento de Escolas n.º 3 de Elvas

  • Agrupamento de Escolas de Melgaço

  • Escola Dr. Horácio Bento de Gouveia, Madeira


Sobre o cancro da cabeça e pescoço

Apesar de sua gravidade e crescente prevalência na sociedade, existe pouco conhecimento geral sobre este tipo de cancro.

O cancro da cabeça e pescoço corresponde a qualquer tipo de cancro que possa ser encontrado na região da cabeça ou do pescoço nas vias por onde passam o ar e/ou os alimentos. Tem origem nas células escamosas e húmidas situadas no interior da boca, nariz e garganta (na faringe e na laringe). Portanto, as seguintes localizações não estão incluídas no cancro da cabeça e pescoço: cérebro, olhos, pele e esófago.

Sobre a Campanha Make Sense

A campanha Make Sense, liderada pela Sociedade Europeia de Cabeça e Pescoço (EHNS) a nível internacional, visa aumentar a consciencialização sobre o cancro da cabeça e do pescoço e, finalmente, melhorar os resultados de saúde dos doentes. Realiza-se anualmente e pretende educar sobre a prevenção da doença, promover a compreensão dos seus sinais e sintomas, encorajando o diagnóstico precoce, e promovendo a troca de conhecimento entre especialistas e o público em geral.


Referências

i Global Cancer Observatory 2020: Cancer Today. Available at: https://gco.iarc.fr/today/online-analysis-table?v=2020&mode=cancer&mode_population=continents&population=900&populations=908&key=asr&sex=0&cancer=39&type=0&statistic=5&prevalence=0&population_group=0&ages_group%5B%5D=0&ages_group%5B%5D=17&group_cancer=1&include_nmsc=1&include_nmsc_other=1 Last accessed: August 2022.

ii Global Cancer Observatory 2020: Cancer Today. Available at: https://gco.iarc.fr/today/online-analysis-dual-bars-2?v=2020&mode=cancer&mode_population=regions&population=908&populations=908&key=total&sex=0&cancer=39&type=0&statistic=5&prevalence=0&population_group=0&ages_group%5B%5D=0&ages_group%5B%5D=17&nb_items=all&group_cancer=1&include_nmsc=1&include_nmsc_other=1&dual_distribution=1&population1=908&population2=554&show_values=false&type_multiple=%257B%2522inc%2522%253Afalse%252C%2522mort%2522%253Atrue%252C%2522prev%2522%253Afalse%257D&type_sort=0#collapse-group-0-4. Last accessed: August 2022.

iii Vermorken JB, et al. Ann Oncol 2010;21(Suppl 7):vii252–61.

iv Gatta et al. Eur J Cancer. 2015 Oct;51(15):2130-2143.

v Make Sense Campaign Head and Neck Survivor Survey 2021. Data on File.

vi MSD Manual. Overview of Head and Neck Tumors. Available at: https://www.msdmanuals.com/en-nz/professional/ear,-nose,-and-throat-disorders/tumors-of-the-head-and-neck/overview-of-head-and-neck-tumors. Last accessed August 2022.

vii ‘Stay Head and Neck Cancer Aware’ 2020 Head and Neck Cancer Awareness Survey. Data on File.

viii ‘About Face’ 2009 Head and Neck Cancer Awareness Survey. Data on File.

ix Global Cancer Observatory 2020: Cancer Today. Available at: https://gco.iarc.fr/tomorrow/en/dataviz/isotype?cancers=1_2_3_4_5_14&single_unit=50000&group_cancers=1&multiple_cancers=1&years=2030&mode=population. Last accessed: August 2022.

x Global Cancer Observatory 2020: Cancer Today. Available at: https://gco.iarc.fr/tomorrow/en/dataviz/isotype?group_cancers=1&multiple_cancers=1&cancers=1_2_3_4_5_14_32&single_unit=50000&years=2030&types=1. Last accessed: August 2022.

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