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"Epilepsia é mais do que ter crises": O derradeiro impacto de uma patologia que apresenta inúmeros efeitos colaterais


No âmbito do Dia Internacional da Epilepsia, que se assinala a 8 de Fevereiro, a Liga Portuguesa Contra a Epilepsia (LPCE) associa-se à campanha internacional Epilepsia é mais do que ter crises (ver aqui vídeo), uma iniciativa que lembra que a epilepsia não se resume aos episódios das crises epilépticas e tem várias repercussões no seio familiar, social e profissional, em particular no período associado à pandemia da Covid-19. 

«A campanha Epilepsia é mais do que ter crises direcciona-nos para duas realidades distintas», explica Francisco Sales, médico neurologista, coordenador do Centro de Referência de Epilepsia Refratária do CHUC, e membro da comissão organizadora da Semana de Epilepsia.

«A primeira, que felizmente abarca a maioria das pessoas com esta doença, terá de significar que existe muito mais vida para além das crises. Estes doentes são, por norma, pessoas onde as crises se encontram já controladas embora mantendo uma medicação diária. Por isso e progressivamente, vão retomando todas as tarefas quotidianas, incluindo a condução. A sempre presente e imprevisível possibilidade de ocorrer uma nova crise é uma grande angústia. Em geral estas pessoas com epilepsia evitam a exposição preferindo não assumir publicamente a doença, estando a contribuir para o desconhecimento da doença. Em Portugal estima-se que existam cerca de 40 mil pessoas nestas circunstâncias».

A outra realidade que esta campanha procura dar a conhecer é direccionada para pessoas com formas mais graves de epilepsia (cerca de 20 mil pessoas em Portugal), o que significa que existem grandes condicionalismos para o exercício de uma vida activa. E que, além das crises, estes doentes podem apresentar também problemas de aprendizagem, psicopatologia, problemas de relacionamento interpessoal, etc. havendo com frequência discriminação e exclusão social.

«Este grupo de doentes tem maior morbilidade e mortalidade e maior impacto em termos económicos, pela necessidade de recorrerem com mais frequência aos Serviços de Saúde. Referindo que problemas neurológicos e cognitivos, distúrbios de sono, efeitos secundários associados à medicação e impacto na saúde mental são alguns dos inúmeros efeitos colaterais da epilepsia», destaca Francisco Sales.

A LPCE defende ainda que, durante o actual período de confinamento, devido à pandemia por Covid-19 deve existir um particular cuidado na reorganização dos cuidados de saúde, por forma a que as pessoas com epilepsia mantenham a necessária acessibilidade ao seu médico de família e a ligação às consultas de epilepsia.

«Reconhecemos que há muitas limitações por parte das equipas médicas, mas a garantia de teleconsultas e disponibilização de serviços de apoio psicológico são fulcrais. É preciso uma reorganização de recursos e tempo, sem esquecer os casos que precisam de tratamento presencial, com terapias adaptadas às suas necessidades individuais», afirma Francisco Sales.

Os temas apresentados com a campanha Epilepsia é mais do que ter crises representam ainda a base de sensibilização para assinalar a semana da epilepsia, de 8 a 13 de Março, e a comemoração dos 50 anos da LPCE. Além disso, constituem o arranque do 33.º Encontro Nacional de Epileptologia, onde serão apresentados os derradeiros avanços e desafios na área, referindo que os últimos anos foram marcados por novos projectos e descobertas no tratamento da epilepsia, em particular na área da neuro-estimulação e das técnicas minimamente invasivas.

O arranque desta campanha começa no dia 8 de Fevereiro na página de Facebook da LCPE, das 18:00 às 19:00 horas, com as principais mensagens que vão marcar o mês de Fevereiro e Março.

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