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Cuidados primários para saúde da visão no SNS

Cuidados primários para saúde da visão no SNS

Os desafios dos cuidados para a saúde da visão em Portugal no pós COVID-19

Um artigo de optometristas portugueses publicado na revista “Journal of Optometry” aponta para a necessidade de uma mudança de paradigma na prestação de cuidados de saúde da visão em Portugal no período pós pandemia por COVID-19.

A pandemia por COVID-19 teve um profundo impacto nos sistemas de saúde de muitos países e Portugal não é exceção. É urgente a recuperação dos níveis assistenciais na saúde da visão e evitar a deficiência visual e cegueira de muitos portugueses.

No caso da especialidade de oftalmologia, as barreiras no acesso aos cuidados para a saúde da visão no SNS são crónicas, gigantescas e aumentam de ano para ano,sendo que a pandemia de COVID-19 apenas veio agravar a situação para um patamar ainda mais crítico.

As causa das longas listas de espera de consulta hospitalar da especialidade de oftalmologia há muito que estão identificadas e também se agravaram com a pandemia. A falta de cuidados primários da saúde da visão no SNS e a exclusão dos optometristas de equipas oftalmológicas diferenciadas, multissetoriais e multidisciplinares continuam a ser o principal obstáculo para garantir o acesso universal aos cuidados para a saúde da visão, em Portugal.

Os optometristas defendem que “a abordagem da prestação de cuidados oftalmológicos deve seguir a mesma orientação dos demais serviços de saúde, diferenciados por níveis primário e secundário, integrados na comunidade, protegendo e promovendo a saúde da visão.

A criação de plataformas de cuidados primários de saúde da visão, devidamente integradas na atual rede de cuidados primários, aproveitando os recursos logísticos e materiais existentes e utilizando os recursos humanos altamente qualificados treinados nacionalmente pelas universidades portuguesas – os optometristas - é uma das soluções que pode resolver este problema crónico do SNS”.

A assistência assente no atendimento primário, na comunidade de proximidade e feito de forma atempada permite filtrar o que pode ser atendido neste nível libertando recursos físicos e humanos para os cuidados altamente especializados do atendimento secundário ou hospitalar. Cerca de sessenta por cento das causas de problemas da saúde da visão em Portugal poderiam ser tratadas ao nível de cuidados primários.

Os autores defendem que é impossível manter as práticas atuais em relação aos desafios da prestação de cuidados oftalmológicos no SNS, sendo necessário uma mudança paradigmática que rompa com a insuficiência permanente na prestação destes cuidados de saúde.

Mais do que implementar melhores práticas de custo-benefício, consensualmente assumidas e aceites, é necessária uma mudança que proteja a saúde pública, os doentes e os profissionais e, que ofereça um atendimento de proximidade e em tempo útil.

As evidências científicas, as boas práticas e as recomendações de organizações como a Organização Mundial da Saúde apontam todas para a mesma solução: o SNS deve basear-se num atendimento primário sólido, diferenciado, multissetorial e multidisciplinar, e, na área da saúde da visão, na prestação de cuidados primários por optometristas.

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