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Cuidados após um enfarte agudo do miocárdio

Cuidados após um enfarte agudo do miocárdio

Artigo do médico Carlos Galvão Braga, cardiologista de intervenção, membro da Comissão Científica da Campanha Cada Segundo Conta

Actualmente, as doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte em Portugal e na globalidade dos países ocidentais. Estas doenças afetam o coração e os vasos sanguíneos em diferentes órgãos, sendo o enfarte agudo do miocárdio (no coração) e o acidente vascular cerebral (no cérebro) as principais afecções responsáveis pela elevada mortalidade. O mecanismo comum subjacente a estas duas situações clínicas é a deposição de gordura associada a inflamação na parede das artérias levando à sua obstrução, a denominada aterosclerose.

 

O enfarte agudo do miocárdio caracteriza-se pela rotura súbita de uma placa de aterosclerose, com consequente formação de um coágulo sanguíneo à sua superfície, resultando na obstrução completa de uma das artérias coronárias, os vasos sanguíneos responsáveis pela irrigação do músculo cardíaco (miocárdio). Trata-se de uma situação clínica emergente e ameaçadora à vida em que cada minuto conta. Quanto mais precoce for instituído o tratamento (desobstrução da artéria coronária), menos músculo cardíaco se vai perder e menor será o risco de sequelas do enfarte.

Após um enfarte agudo do miocárdio, torna-se fundamental compreender e modificar os fatores de risco associados à aterosclerose. Na verdade, a maioria destes fatores, como a hipertensão arterial, a diabetes, o colesterol elevado, o tabagismo, a obesidade e o sedentarismo, resultam de um estilo de vida pouco saudável ao longo dos anos e décadas que precederam o evento agudo. A introdução de medidas de prevenção secundária, isto é, para evitar um novo enfarte, inicia-se logo durante o internamento hospitalar e deve manter-se durante toda a vida do paciente.

Neste âmbito, inclui-se a necessidade imperiosa de deixar de fumar (note-se que os pacientes que o fazem têm uma mortalidade 36% inferior àqueles que continuam a fumar após o enfarte), a adoção de uma dieta saudável (as recomendações internacionais de prevenção cardiovascular aconselham uma dieta mediterrânica ou similar), a redução de peso em doentes com índice de massa corporal superior a 25 Kg/m2, a realização de exercício físico segundo um programa de reabilitação cardíaca adaptado à idade e condição física do paciente, a vigilância e controlo dos valores de pressão arterial (idealmente ≤130/80 mmHg), o retorno à atividade sexual e laboral de acordo com as indicações médicas e a adesão à terapêutica farmacológica proposta.

É crucial cumprir escrupulosamente a medicação de acordo com as indicações médicas e, em caso de ser sugerida a sua suspensão transitória (por exemplo, para a realização de um exame médico), deverá ser consultado primeiro o cardiologista do doente.

No caso de recorrência de sintomas que sugiram um novo enfarte do miocárdio, é importante reconhecê-los e atuar precocemente: o mais típico é uma dor no peito, por vezes com extensão para o braço esquerdo, costas ou pescoço e ocasionalmente acompanhada por suores, náuseas, vómitos, falta de ar ou agitação. Quando estes sintomas surgem é importante contactar imediatamente o 112, pois é através do socorro pré-hospitalar que se assegura a orientação mais segura, rápida e eficaz dos utentes para um hospital adequado.

Finalmente, os pacientes com história de enfarte do miocárdio também poderão desempenhar um papel relevante na esfera familiar mais alargada e na própria comunidade, servindo de testemunho para alertar para a importância da modificação dos fatores de risco e forma de agir perante uma sintomatologia sugestiva de enfarte.

Para aumentar a consciencialização para o enfarte agudo do miocárdio, a Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) está a promover a campanha Cada Segundo Conta, uma iniciativa que tem como objetivos promover o conhecimento e compreensão sobre o enfarte agudo do miocárdio e os seus sintomas; e alertar para a importância do diagnóstico atempado e tratamento precoce. Para mais informações sobre esta campanha consulte www.cadasegundoconta.pt

A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), uma entidade sem fins lucrativos, tem por finalidade o estudo, investigação e promoção de atividades científicas no âmbito dos aspetos médicos, cirúrgicos, tecnológicos e organizacionais da Intervenção Cardiovascular. Para mais informações consulte: www.apic.pt

 

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