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Cientistas identificam estratégias usadas pelo cérebro para reconhecer objetos

Cientistas identificam estratégias usadas pelo cérebro para reconhecer objetos

Uma equipa de cientistas, liderada pela Universidade de Coimbra (UC), conduziu um estudo para perceber de que forma o cérebro reconhece os objetos. 

A investigação revela que quando pensamos em objetos o nosso espaço mental está organizado em dimensões. Essas dimensões ajudam o cérebro a reconhecer e a organizar informação sobre objetos, sendo centrais na organização neuronal do conhecimento, guiando e orientando o nosso comportamento em relação a objetos.

Este é um dos resultados da investigação liderada pelo docente e investigador da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UC (FPCEUC), Jorge Almeida, agora publicada na revista científica Communications Biology, publicação do grupo da conceituada Nature. O estudo contou com 400 participantes, entre os 18 e os 41 anos de idade, aos quais foram mostrados 80 objetos de uso comum – por exemplo, ferramentas, como um berbequim ou uma chave inglesa; e objetos diversos, como um apito ou uma bola de basquetebol.

Os participantes desenvolveram tarefas comportamentais e sessões de ressonância magnética funcional, tendo sido pedido, entre outras coisas, que julgassem a semelhança de vários objetos, nomeadamente: o seu aspeto (como o material de que é feito ou a sua forma), a sua função (para que é usado), e a forma como são manipulados (quais os movimentos que são feitos para interagir com eles).

“Quando percecionamos o que está à nossa volta vamos colocando o que vemos dentro de um espaço mental multidimensional. É desta forma que organizamos a informação no cérebro. Isto significa que, quando reconhecemos um objeto ou o distinguimos de um outro, o que fazemos é navegar neste espaço mental multidimensional e assim distinguir as várias entradas (ou seja, objetos) neste espaço”, explica Jorge Almeida. “Esta descoberta permite prever o comportamento humano face a objetos e explicar as respostas neuronais do cérebro a esse comportamento”, afirma o também diretor do Proaction Lab e investigador do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC).

Com este estudo científico, intitulado Neural and behavioral signatures of the multidimensionality of manipulable object processing, a equipa de investigação avança com novos contributos para o conhecimento do cérebro, em particular sobre o processo de reconhecimento de objetos que, embora aparentemente simples, é extremamente complexo. “Acreditamos que é esta estratégia de organização que nos ajuda a navegar no mundo, esta multidimensionalidade na forma como identificamos objetos. Claro que esta forma de organizar informação pode ser aplicada a outros conceitos, como é o caso de rostos, animais ou até alimentos”, elucida Jorge Almeida.

O estudo foi financiado pelo Conselho Europeu de Investigação (European Research Council, com a sigla em inglês ERC), no âmbito do projeto científico ContentMAP, liderado por Jorge Almeida. De recordar que o ContentMAP foi o primeiro projeto português da área da psicologia a conquistar apoio do ERC. Procura mapear a organização do conhecimento de objetos no cérebro, um passo essencial para compreender a forma como reconhecemos de forma rápida e eficaz objetos.

O artigo científico, que contou com a participação de uma equipa de investigadores da UC e das Universidades de Aberdeen e Glasgow, no Reino Unido, está disponível em www.nature.com/articles/s42003-023-05323-x.

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