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Assinala-se hoje, dia 4 de Março, o Dia Mundial da Obesidade

Assinala-se hoje, dia 4 de Março, o Dia Mundial da Obesidade

SPEO e ADEXO lançam call to action com cinco prioridades para «recalibrar a balança» na gestão da obesidade em Portugal. Em Agosto, uma análise de dados de 399 mil doentes publicada na revista Obesity Reviews, concluiu que pessoas que vivem com obesidade têm um risco 46% mais elevado de contraírem Covid-19.

O Dia Mundial da Obesidade, tem este ano como mote «Every body needs everybody» [Todo o corpo precisa de todo o mundo]. Considerando que todos são necessários na luta contra a obesidade, a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO) a Associação de Doentes Obesos e Ex-Obesos de Portugal (ADEXO) acabam de lançar um documento de consenso / call to action - «Recalibrar a Balança – por uma resposta holística e equitativa contra a obesidade», que pode aceder aqui.

Este documento apresenta um conjunto de recomendações e estratégias e aponta cinco prioridades para melhorar a forma como a obesidade é gerida em Portugal, que passam por: Promover uma abordagem holística e digna no tratamento da obesidade - do ónus individual é urgente passar para uma visão partilhada de saúde pública, no qual todos têm um papel a desempenhar; mobilizar recursos para garantir a formação especializada dos profissionais de saúde; criar um programa de consultas de obesidade nos cuidados de saúde primários; viabilizar a comparticipação do tratamento farmacológico da obesidade, garantindo equidade; criar mecanismos de combate ao estigma e descriminação associados a esta doença.

A pandemia da Covid-19 tornou ainda mais evidente a necessidade de prevenir e tratar a obesidade – vários estudos relacionam a obesidade com casos mais graves de infecção pelo novo coronavírus, maior necessidade de internamento hospitalar e tratamento mais intensivo.

O estudo publicado na revista Obesity Reviews concluiu que o risco de quem vive com obesidade vir a necessitar de tratamento hospitalar é 113% superior. É também 74% mais provável que estas pessoas precisem de internamento nos cuidados intensivos, com uma maior probabilidade (48%) de morte. Os especialistas que elaboraram esta análise manifestam também preocupação relativamente a uma eventual menor eficácia das vacinas contra a Covid-19 em pessoas com obesidade.

Assim, de todas as doenças consideradas como factores de risco para a Covid-19, a obesidade é a mais comum, tendo em conta a prevalência a nível mundial (e também no nosso país): 650 milhões de adultos em todo o mundo segundo números da Organização Mundial de Saúde de 2016 e 1,5 milhões em Portugal (Inquérito Nacional de Saúde 2019).

Paula Freitas, presidente da SPEO, explica que este documento é lançado hoje porque «ignorar os riscos associados à obesidade, sobretudo no contexto desta pandemia, é contribuir para um país mais doente, vulnerável e assimétrico, incapaz de travar a progressão desta doença crónica e das suas consequências. Consequências que impactam não só a esfera individual mas também as famílias, sistemas de saúde, economias e o progresso social, comprometendo a saúde das próximas gerações».

Carlos Oliveira, presidente da ADEXO, relembra que «Portugal foi pioneiro no reconhecimento da obesidade enquanto doença crónica e problema de saúde pública em 2004. Mas precisamos de fazer mais. Urgentemente. A resposta eficaz na luta contra a obesidade depende de todos nós. Sem prevenção e sobretudo sem tratamento a obesidade vai representar uma barreira à equidade socio-económica e ao progresso do país».

Neste Dia Mundial da Obesidade 2021 a SPEO e ADEXO salientam que a obesidade tem um enorme impacto na saúde física, mas não está dependente apenas do estilo de vida: problemas psicológicos, hormonais, distúrbios do sono, genética, acesso a cuidados de saúde e acontecimentos da vida, como a menopausa, cessação tabágica e até o recente confinamento podem levar a alterações de peso difíceis de controlar. Argumentam ainda que: «É, por isso, necessário e urgente envolver toda a sociedade e aproveitando a experiência e lições do passado, fazer diferente e encontrar estratégias e respostas eficazes para conter e reverter a prevalência desta doença crónica. É tempo de recalibrar a balança na luta contra a obesidade».

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