Segundo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), os enfermeiros dos centros de saúde algarvios foram informados de que terão também de assegurar os tradicionais postos de praia, via e-mail, no seguimento de uma orientação da Administração Regional de Saúde (ARS) Algarve.
Esta obrigação está a provocar forte descontentamento nos «exaustos enfermeiros, muitos a trabalhar dias seguidos sem folgar e com turnos de 12 horas», segundo explica o SEP, a fim de dar resposta a actividades Covid e ainda à actividade assistencial, que por si só já definem como «limitada».
Em Julho, outra orientação impunha direccionar os recursos para a vacinação massiva e atendimento de utentes Covid, bem como a redução, caso necessário, da actividade clínica, mantendo o atendimento dos utentes agudos, da vacinação não-Covid, das consultas de saúde infantil aos menores de 1 ano de idade, das consultas de saúde materna, do atendimento de diabéticos não controlados e Áreas Dedicadas aos Doentes Respiratórios (ADR).
O SEP aponta o burnout e as lesões músculo-esqueléticas como os grandes motivos que estão a levar os enfermeiros a submeter baixa médica.
«Em reunião com a ARS, questionámos como previam dar resposta aos postos de praia. Informaram que com recurso a horas extraordinárias e mobilidade parcial. O certo é que também os enfermeiros do CHUA estão assoberbados com trabalho. A carência resulta, em alguns serviços, na diminuição do número de enfermeiros por turno e, por essa razão, a sua colaboração ficou aquém das expectativas da ARS», expõe o sindicato. E acrescenta: «Não é possível continuar a este ritmo que já dura há ano e meio, em que muitos não gozaram férias e, apesar da garantia do Secretário de Estado Lacerda Sales em que não seriam suspensas férias aos profissionais do CHUA este ano. A verdade é que há enfermeiros a quem lhes foram suspensas as férias, contrariamente ao que foi dito publicamente».
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«Exigimos soluções»
Para o Sindicato dos Enfermeiros, as instituições algarvias são co-responsáveis pela manutenção do problema existente na região, por não exigirem por parte da tutela soluções: «É inacreditável que só seja possível continuar a contratar com contratos a termo incerto. (...) Admissões a desempregados não são possíveis!», criticam.
«Exige-se que sejam criadas condições para poder admitir os alunos que estão prestes a sair das escolas de enfermagem. Exige-se que se valorize a profissão e se trate bem os enfermeiros por forma a fixar os que cá trabalham e incentive quem está no estrangeiro a regressar», acrescentam.
Desde que acabou o estado de emergência e voltou a vigorar a possibilidade de demissão, várias dezenas se demitiram do CHUA, o que na óptica do SEP «denota bem a insatisfação face às condições de trabalho, mas também à forma como são tratados».