“A obesidade é um obstáculo para a gravidez e um risco para a mãe e o bebé”
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A obesidade pode ser um entrave significativo para quem deseja engravidar, uma vez que aumenta o risco de infertilidade e complicações graves, tanto para a mãe como para o bebé. Às vésperas do Dia Mundial da Obesidade, a Dra. Tetyana Semenova, ginecologista e especialista em medicina da reprodução, alerta que as mulheres obesas têm até três vezes mais probabilidades de enfrentar complicações obstétricas e o dobro do risco para aborto espontâneo, parto prematuro e morte fetal.
"A obesidade é um obstáculo para a gravidez e um risco para a mãe e o bebé. O excesso de peso e a obesidade estão diretamente associados a problemas como diabetes gestacional, hipertensão, síndrome dos ovários poliquísticos e ciclos anovulatórios, o que pode dificultar a conceção e comprometer a evolução da gravidez", explica a especialista do IVI Lisboa. Daí a importância de ter um acompanhamento médico especializado e adotar hábitos saudáveis.
Além dos riscos para a futura mãe, o excesso de peso materno também afeta a saúde do bebé. Estudos indicam que filhos de mulheres com obesidade têm 40% mais probabilidades de desenvolver obesidade e doenças metabólicas, como diabetes e problemas cardiovasculares, ao longo da vida.
"A qualidade do ambiente intrauterino é determinante para o futuro da criança. Uma alimentação desequilibrada e um estilo de vida sedentário na mãe podem programar, pela negativa, o metabolismo do bebé, aumentando o risco de doenças crónicas", acrescenta a Dra. Tetyana Semenova.
Para melhorar o prognóstico reprodutivo destas mulheres, a médica recomenda que as mulheres engravidem com o peso mais próximo possível do seu peso ideal, uma vez que 30 a 40% das mulheres com obesidade têm dificuldade em engravidar. Para alcançarem este objetivo, as futuras mães devem iniciar um plano de redução de peso e modificar hábitos alimentares que possam ser prejudiciais. Além do acompanhamento por um ginecologista, devem procurar apoio junto de um especialista em nutrição e realizar exercício físico regular orientado por um profissional credenciado.
Para minimizar riscos e aumentar as hipóteses de uma gravidez saudável, a Dra. Tetyana Semenova deixa cinco conselhos a todas as mulheres que estão a planear engravidar:
- Reduzir o peso antes de engravidar
O plano de redução de peso e a alteração de hábitos nutricionais deve ser iniciado, preferencialmente, seis meses antes da conceção. Alguns estudos indicam que uma perda de 5 a 10% do peso corporal pode ser suficiente para melhorar a fertilidade e reduzir complicações durante a gestação.
2 ️. Adotar uma alimentação equilibrada
Priorizar alimentos ricos em nutrientes essenciais para a fertilidade, como ácido fólico, vitaminas B e D, selénio e cálcio. Evitar o consumo de produtos ultraprocessados e açúcares refinados.
3 ️. Praticar exercício físico regularmente
A atividade física moderada melhora a fertilidade, regula hormonas e contribui para um peso mais saudável. Caminhadas, natação e treino funcional são algumas das opções.
4 ️. Controlar doenças associadas
Hipertensão, resistência à insulina e síndrome dos ovários poliquísticos podem dificultar a gravidez. Um acompanhamento médico personalizado é essencial.
5 ️. Evitar hábitos prejudiciais
O consumo de álcool, tabaco e cafeína em excesso pode comprometer a fertilidade e aumentar riscos na gestação. Adotar um estilo de vida mais saudável faz toda a diferença, para se alcançar uma gravidez e para a saúde em geral.
"É fundamental que as mulheres que desejam engravidar procurem apoio médico para avaliar a sua condição de saúde e iniciar um plano personalizado de reeducação alimentar e atividade física. Estas mudanças são fundamentais para garantir um futuro mais saudável para mãe e filho", conclui a especialista.