Partido desfere que a Gestão do SUCH Algarve é «suja».
O SUCH (Serviços de Utilização Comum dos Hospitais) no Algarve é responsável, nas várias unidades do CHUA (Hospital de Faro, Portimão e Lagos), em vários serviços da ARS [Administração Regional de Saúde] e no Centro de Reabilitação de S. Brás, pelos serviços de manutenção das instalações e dos equipamentos, tratamento da roupa hospitalar, alimentação e outros serviços de manutenção.
O SUCH é uma associação privada, sem fins lucrativos e tutelada pelos ministérios da Saúde e das Finanças. A sua missão de serviço público confere-lhe o estatuto de pessoa colectiva de utilidade pública administrativa, com 3.500 trabalhadores pelo país. No Algarve, são quase 400 os trabalhadores que prestam esses serviços nas diferentes instalações do Serviço Nacional de Saúde regional, sendo o SUCH «um suporte fundamental para o seu capaz funcionamento», nas palavras do Bloco de Esquerda (BE).
Posto isto, segundo o Bloco, à importância do SUCH «deveria corresponder uma gestão eficaz e de qualidade, posta ao serviço das populações e dos seus utentes do Algarve, com trabalhadores dignificados nas suas profissões e condições de trabalho», sendo que tal não se verifica, na óptica do partido.
Em reunião com o Sindicato da Hotelaria, representado pelo seu coordenador e dirigentes Anabela e Roxana, ambas trabalhadoras do SUCH, com quem o Bloco de Esquerda do Algarve reuniu no passado dia 22 de Março, é aqui que «as coisas descambam», afirma o BE.
No que respeita aos trabalhadores, embora os serviços que prestam continuem a ser cada vez mais necessários e mais complexos, o número de trabalhadores tem vindo a ser reduzido, na medida em que a empresa vai cessando os respectivos contratos. Porém, e porque «não pode prescindir desses serviços», acaba por contratar novos trabalhadores, sempre em número inferior aos anteriores. Tal está a acontecer em Faro e noutros locais.
«Dessa situação tem resultado uma progressiva degradação das condições de trabalho, com o aumento da polivalência e o acumular de tarefas sobre os mesmos, o acumular de horas não
pagas, acidentes de trabalho, etc. Por outro lado, a manutenção não atempada dos equipamentos e o seu grande uso têm levado também a uma deterioração progressiva inaceitável, exigindo-se a sua reabilitação e compra de novos equipamentos», defende o Bloco.
E continua: «Todos esses factores pioram as condições de trabalho, sem que tenha havido aumentos salariais, nem a redução do horário para as 35 horas semanais. A má situação profissional dos trabalhadores do SUCH resulta, em parte, de que os seus gestores usam e abusam de os tomarem com todas as obrigações de trabalho nas unidades em que prestam serviço, mas para a atribuição de direitos laborais, invocarem que não são nem funcionários públicos, nem contratados no regime de trabalho em funções públicas, mas sim nas condições dos contratos individuais de trabalho, segundo o Código Laboral geral».
Recorde-se que estes trabalhadores realizaram já diversas greves e manifestações desde meio do ano passado até ao fim do ano, reivindicando a melhoria das suas condições de trabalho e salariais. Também têm sido diversas as reuniões que o sindicato tem realizado, ora com a Direcção do SUCH Algarve, ora com a Direcção do CHUA – Centro Hospitalar Universitário do Algarve.
«Mais uma vez, este [o SUCH] e, em última instância, o Governo, prestam o mau exemplo, sendo cúmplices de todos os abusos que muitos patrões privados são mestres em praticar», termina o BE.