Com muito de soft politics e relações públicas, mas pouco ou nada de resultados práticos, o Governo está no distrito de Faro, essencialmente para fazer uma recheada jornada mediática com 66 paragens, entre reuniões, apresentações e anúncios, desenhados apenas para atenuar os danos por si causados na sua imagem reputacional.
O PSD/Algarve considera aviltante verificar como o Governo se atreve a montar este verdadeiro passeio dos alegres na nossa região, saltando despudoradamente sobre os assuntos que são essenciais para a população e que carecem das respostas que o governo deve e pode mas não quer ou não sabe dar.
Disso é exemplo a situação dos cuidados de saúde da região, autêntico flagelo para quem cá vive e vergonha nacional, e que nesta visita não conhece nenhum avanço.
Veja-se o caso da maternidade pisca-pisca de Portimão que numa metade do tempo está aberta e na outra encerrada e que assim vai continuar, para infortúnio das grávidas e bebés da região; veja-se o caso do novo hospital central que coleciona anúncios mas do qual nada se sabe, nem saberá tão cedo; ou dos cuidados de saúde primários que apresentam uma carência de médicos terceiro-mundista, de sotavento a barlavento, obrigando as pessoas a irem ao centro de saúde de madrugada para garantirem atendimento.
Não menos deprimente é a situação da educação, permanecendo cerca de 5 mil alunos algarvios sem professor a pelo menos uma disciplina, sem que tal mereça uma medida do Governo.
Esta inexistência de recursos humanos é, de resto, a nota dominante em todos os serviços do Estado aqui no distrito, onde escasseiam médicos, professores, enfermeiros, juízes e demais profissionais de justiça. Os serviços dão resposta ineficiente e cada vez mais prorrogada no tempo.
E se a isto não opõe o Governo qualquer medida, podia ao menos cumprir a lei garantindo a descida dos preços nas portagens da A22. É que, apesar de a lei definir um desconto de 50%, o executivo socialista decidiu revogar as portarias de 2012 e 2016 que definiam o custo da portagem nesse momento, para aplicar o desconto sobre um valor de 2011, fazendo com que o desconto efetivo seja, na verdade, inferior a 35 por cento. Uma vergonha, uma verdadeira burla aos algarvios que o PSD não deixa passar e que, nesta visita, nem uma palavra do governo merecerá.
No campo das acessibilidades, o PSD lamenta também que esta visita não sirva ainda para explicar aos algarvios porque permanecem adiadas as obras de requalificação da EN125, apesar de o Estado já ter pago mais de 70 milhões em indemnizações ao concessionário e de nem um metro de estrada ter sido requalificado entre Olhão e Vila Real de Santo António.
E quando pode consertar vias e modernizar trajectos, o Governo coleciona erros e omissões, como a electrificação da linha de ferro sem corrigir o traçado ou a ligação ferroviária ao Aeroporto de Faro que ficará para as calendas. E que dizer da habitação, em que os anos passaram e nem uma casa foi construída ou posta a arrendar não obstante os 18 programas lançados desde 2015!
Ao invés de passeatas mediáticas, melhor fazia o Governo se resolvesse estes problemas e se desbloqueasse outros como o Porto de Cruzeiros de Portimão, sobre o qual já quase ninguém fala, excepto o PSD, nem a autarca local, que prefere associar-se a esta parada de estrelas distribuindo sorrisos e falas mansas. Talvez pudesse aproveitar a ocasião para ser pronunciar sobre o plano aprovado pelo seu governo, que vai mandar para o mercado paralelo cerca de 40 mil camas de alojamento local, ou da completa inexistência de solução para o problema da seca generalizada, que se agrava a cada dia.
Na medida em que do Conselho de Ministros nada esperamos, nem dos 66 momentos mediáticos que constituem este passeio dos alegres, resta assegurar aos algarvios que podem continuar a contar com o PSD e com a sua força para denunciar e intervir da forma mais contundente, em prol do desenvolvimento do nosso distrito.