O PCP tem chamado a atenção para os impactos da pandemia, bem como «o aproveitamento que dela tem sido feito», nas palavras do Secretariado da Direcção da Organização Regional do Algarve do PCP, a par do «brutal agravamento do desemprego na região algarvia».
De acordo com o Partido Comunista Português, esta é uma realidade que resulta, em primeiro lugar, do modelo de desenvolvimento que tem sido imposto à região, assente na monoactividade do turismo e de progressivo abandono das actividades produtivas, perpetuando um modelo de baixos salários e precariedade – os dados revelados recentemente pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) referentes aos desempregados inscritos nos Centros de Emprego no passado mês de Dezembro confirmam-no.
E continua: «Sendo verdade que o universo do desemprego na região é bem superior ao número dos inscritos nos Centros de Emprego, já que muitos desempregados por variadas razões não se inscrevem (ou desistiram de se inscrever) nestes centros, também é verdade que uma leitura comparativa destes dados disponibilizados mensalmente permite perceber qual a tendência dessa evolução, quais os sectores e ramos de actividade mais atingidos e qual a sua distribuição regional». No final de Dezembro de 2020, estavam registados no Algarve 31.313 mil trabalhadores desempregados (+11.834 do que em período homólogo), que corresponde a um aumento de 60,8% – um aumento superior à média nacional que registou um agravamento de 29,6%.
Para o PCP, por actividades económicas de origem do desemprego destacam-se Alojamento, Restauração e Similares; Actividades Imobiliárias; Comércio por grosso e a retalho, sublinhe-se que «é sobre os trabalhadores mais jovens, onde predomina a precariedade, que o desemprego mais se agravou». O Algarve é também a região do país onde os trabalhadores emigrantes assumem um maior peso no total de inscritos nos centros de emprego, representando já 27,8% do desemprego registado, pelo que o desemprego imigrante tem, na região do Algarve, um peso que é quase o triplo do verificado no resto do país.
Em Fevereiro serão conhecidos os dados do INE que poderão trazer uma visão mais próxima da realidade no que diz respeito a esta temática. Mais adianta o PCP que «a situação de desemprego real, face à evolução da situação epidémica com a suspensão de inúmeras actividades, está a empurrar o Algarve para valores de desemprego que se estão a aproximar dos 20% em termos reais».
Ainda neste mesmo quadro, o PCP ressalta a exigência de um «reforço de medidas que protejam os direitos dos trabalhadores e as actividades económicas», particularmente, «as que são assumidas pelas micro, pequenas e médias empresas». Foi nesse sentido que, pela intervenção do PCP, se assegurou na discussão do último Orçamento do Estado o prolongamento por seis meses do subsídio de desemprego para todos os trabalhadores, bem como o pagamento dos salários por inteiro para os trabalhadores em situação de lay-off.
Foram também inscritas medidas de apoio às PME (Pequenas e Médias Empresas) que ainda «precisam de ser concretizadas», segundo o núcleo, por forma a impedir que se continuem a «excluir empresas, como tem acontecido» e, sobretudo, de modo a «assegurar a rapidez na chegada dos apoios públicos».
Finalmente, defende o PCP que «a actual situação está a revelar a absoluta necessidade de se alterar o modelo de desenvolvimento que tem sido imposto à região», frisando a importância do apoio à actividade produtiva e da diversificação da actividade económica; da valorização dos salários; do combate à precariedade; da promoção dos serviços públicos; do reforço ao investimento público na Saúde, na Educação, nos Transportes e na Habitação.