A brutal crise que se abateu sobre o sector aéreo, levando à sua quase paralisia, criou naturalmente enormes dificuldades às empresas de Assistência em Escala, que ficaram com milhares de trabalhadores sem ocupação, sem receitas operacionais e a ter que pagar à multinacional Vinci (que detém a concessão dos aeroportos nacionais) os alugueres de espaço e equipamentos.
A multinacional Vinci, a quem a ANA foi oferecida pelo Governo PSD/CDS [Partido Social Democrata/Partido Popular] com a aceitação do Partido Socialista (PS), é igualmente detentora da Portway, segunda empresa de Assistência em Escala a operar nos aeroportos nacionais, incluindo no Aeroporto de Faro.
«Se para a Portway esse problema teria menores riscos, pois a ANA/Vinci era simultaneamente a sua proprietária e a sua maior credora, já para a SPDH/Groundforce essa questão teria naturalmente de ter sido tratada no quadro de um programa de apoio à sua sobrevivência durante a pandemia, como o PCP [Partido Comunista Português] vem propondo desde Março de 2020», afirma o PCP Algarve.
Neste contexto, e perante a ausência de qualquer plano público de contingência para a SPDH/Groundforce, segundo o partido, «não pode surpreender ninguém que exista uma dívida da SPDH/Groundforce à ANA/Vinci, sendo que é na base dessa dívida que a ANA/Vinci quer afastar a Groundforce do Aeroporto de Faro (e da Madeira) e ficar com o negócio da assistência em escala nas mãos da Portway, de que é proprietária».
Num momento em que é particularmente decisivo para o país, o funcionamento dos seus aeroportos, necessário para alimentar a retoma da actividade turística, sofre, na óptica do PCP, uma «desestabilização» crescente, fruto «da vontade de alguns grupos económicos em recuperar as taxas de lucros e aproveitar a ocasião para aumentar a taxa de exploração dos trabalhadores».
O grupo acusa a Vinci/ANA de «tentar afastar um concorrente da Portway ao mesmo tempo que procura cercar os trabalhadores da SPDH/Groundforce e levá-los a aceitar a redução de 30% dos seus salários, para manterem os postos de trabalho, com os efeitos que tal processo teria também junto dos salários e dos direitos dos trabalhadores da própria Portway».
Neste sentido, o PCP considera que no Aeroporto de Faro «não pode valer a lei da selva nas relações laborais», transformando «este importante local de trabalho num “santuário” dos baixos salários e de precariedade». Assim, exige que o Governo trave tais «acções desestabilizadoras» por parte dos grupos económicos, defendendo a nacionalização imediata da SPDH/Groundforce e reivindicando o pagamento dos salários em atraso e respectivas dívidas, por forma a normalizar a operação aeroportuária em Portugal.