A poluição causada pelas dragagens no Parque Natural da Ria Formosa (PNRF) e a destruição da pradaria de ervas marinhas equivale a lançar na atmosfera tanto CO2 como quando ardem 200 hectares de floresta, de acordo com investigadores da Universidade do Algarve.

Ainda assim, “existe uma intenção inabalável, de praticamente todos os partidos, de construir uma marina em frente à doca de recreio de Faro, aconteça o que acontecer e doa a quem doer”, afirmou Paulo Baptista, membro do PAN na Assembleia Municipal de Faro (AMF).

O executivo camarário, tem consciência do impacto ambiental extremamente negativo desta grande obra, por isso pretende dar início à construção o mais rápido possível para não deixar caducar a DCAP (Decisão sobre a Conformidade Ambiental do Projeto) em vigor. A proposta para abertura do procedimento concursal, que consiste na execução de aterros provisórios, foi ontem à aprovação da AMF.

O Município irá gastar mais de setecentos mil euros em aterros provisórios para dar início a uma obra de dezenas de milhões de euros que não tem intenção de terminar, nem sabe quando irá ficar pronta.

É dinheiro que tanta falta faz em inúmeras áreas de atuação camarária - ambiental, social, proteção animal, defesa do território contra os fenómenos climáticos extremos, entre outras -, que ficará enterrado num projeto desadequado da realidade dos nossos dias e dos desafios de manutenção do equilíbrio e capacidade de regeneração do PNRF. “A Câmara Municipal de Faro, a Assembleia Municipal, os partidos e as pessoas que os representam, que tanto “gastam latim” para afirmar que amam e defendem a Ria Formosa, contribuem ativamente para o seu declínio e para o aumento dos Gases de Efeito Estufa que este projeto irá acarretar para o Planeta. Não são os cidadãos comuns os principais responsáveis por uma Terra que se encontra em modo de espiral autodestrutiva, são os decisores políticos, que com decisões irresponsáveis como esta hipotecam o futuro desta e das próximas gerações”, acrescentou o deputado do PAN em Faro.

PSD, PS, MPT, CDS, PPM, IL, Chega! e CDU alinharam num voto favorável ao atentado ambiental anunciado. O PAN em Faro votou contra.

“Esta obra é claramente uma linha vermelha inegociável. Enquanto aqui estiver irei votar contra qualquer intenção de fazer avançar este projeto, seja pela minha objeção de consciência, seja pelo respeito fundamental aos eleitores que confiaram o seu voto ao PAN em Faro”, concluiu Paulo Baptista.