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Lições da História de Portugal por autarcas e críticas da oposição à presidência camarária socialista de Vila do Bispo e ao Governo, no Dia do Município, com o Bispo do Algarve a assistir no palco antes da missa

Lições da História de Portugal por autarcas e críticas da oposição à presidência camarária socialista de Vila do Bispo e ao Governo, no Dia do Município, com o Bispo do Algarve a assistir no palco antes da missa

Vítor Duarte e Paulo Ribeiro, deputados municipais do PSD e do movimento de independentes ‘Somos pelo concelho - Vila do Bispo’, respectivamente’, acusaram a gestão camarária local, sob a presidência do PS, de “inércia há 13 anos”.

Cumprindo o programa do Dia do Município de Vila do Bispo, 22 de Janeiro, em honra do seu padroeiro, o diácono e mártir São Vicente, após o hastear da bandeira, ao som do Hino Nacional interpretado pela Banda Filarmónica 1º de Maio de Lagos, decorreu a Sessão Solene da Assembleia Municipal, que ficou marcada, no passado domingo de manhã, feriado municipal, por fortes críticas do Partido Social Democrata (PSD) e do Movimento de Independentes “Somos pelo Concelho - Vila do Bispo”, ao Partido Socialista (PS), que mantém a presidência do executivo camarário há mais de uma década, mas em minoria desde as últimas eleições autárquicas realizadas em Setembro de 2021.

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Com apenas cerca de meia centena de pessoas, na sua maioria convidados, a assistir no auditório do Centro Cultural de Vila do Bispo, a partir das 10.00 horas, o evento, transmitido pela Internet, contou com a presença do Bispo do Algarve, Dom Manuel Quintas (que à tarde celebrou missa e participou numa procissão nesta localidade), sentado no palco e a poucos metros da Mesa, na qual se encontravam os presidentes da Assembleia Municipal, Luciano Rafael (eleito numa lista de independentes), e da Câmara Municipal mara local, a socialista Rute Silva. Entre as personalidades convidadas, podiam ver-se, nomeadamente, o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região do Algarve (CCDRA), José Apolinário, a vereadora da Câmara Municipal de Lagos Sara Coelho (PS), a deputada na Assembleia da República e presidente da Assembleia Municipal de Portimão, socialista Isabel Guerreiro, um representante da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, João Santana, uma representante da Docapesca, o Comandante Regional de Emergência e Protecção Civil do Algarve, Vítor Vaz Pinto, com autoridades locais desta entidade, e responsáveis da Capitania do Porto de Lagos e da Guarda Nacional Republicana.

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Deputado municipal do PSD Vítor Duarte: «Mais um ano lectivo na escola básica dos segundo e terceiro ciclos, sem qualquer intervenção ao nível de obras, sem esquecer lacunas na rede viária e no saneamento básico, além da falta de planos de pormenor e de habitação»

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Depois de lembrar o período da pandemia da Covid-19, que obrigou a implementar “meras medidas necessárias” no concelho de Vila do Bispo, o deputado municipal do PSD Vítor Duarte apontou para a necessidade de «políticas locais não redutoras destinadas aos mais idosos e empresas», lamentando, apenas, “meras medidas” conjunturais.

Em jeito de breve balanço ao primeiro ano de mandato da presidente Rute Silva, o autarca chamou a atenção para a falta de “habitação” neste concelho “periférico” do Algarve, além de «mais um ano lectivo na escola básica dos segundo e terceiro ciclos, sem qualquer intervenção ao nível de obras, sem esquecer lacunas ao nível da rede viária e do saneamento básico».

Nos últimos “13 anos” sob a presidência do PS, criticou Vítor Duarte, «não foi elaborado qualquer “Plano de Pormenor, nem de Urbanização” no concelho de Vila do Bispo. Há incapacidade do PS», acusou este deputado municipal da coligação liderada pelo PSD, garantindo que o partido manterá uma «atitude de exigência, rigor e transparência em relação à gestão camarária, que apesar dos “milhões” de euros no seu orçamento, peca por “13 anos de inércia.»

A concluir a sua intervenção, recheada de críticas aos socialistas, e com alguma ironia à mistura, o representante social-democrata dirigiu um apelo divino a São Vicente: «Peço ajuda ao nosso padroeiro». Tal como outras figuras, em termos protocolares, a presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Rute Silva, ouviu e aplaudiu.

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Paulo Ribeiro, representante do Movimento de Independentes “Somos Pelo Concelho - Vila do Bisp”, acusa PS de «inércia e falta de estratégia na última década, num município onde o número de escolas dos 1º. e 2º.s ciclos passou de seis para quatro»

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Em seguida, subiu ao palco o deputado municipal Paulo Ribeiro, representante do Movimento de independentes ‘Somos pelo Concelho de Vila do Bispo’, que começou por destacar e necessidade de “reflectir” sobre o facto de nos últimos dez anos ter sido registado um “aumento da população com estrangeiros, em 8,7 por cento”, constituindo “hoje 41 por cento da população residente”. Isto, num município onde existem “27 por cento” de “idosos”, “valor acima da média nacional, e “o número de escolas do primeiro ciclo passou de seis para quatro”, reflexo da falta de falta de crianças e população jovem.

«É necessária habitação para os naturais do concelho e mão-de-obra», sublinhou Paulo Ribeiro, acrescentando que «No que diz respeito à Administração Local, salienta-se o facto do número de funcionários públicos nos serviços municipais ter diminuído de 263 (2011) para 225 (2021) o que, inegavelmente, se traduziu num pior serviço prestado aos munícipes.»

Aquele deputado municipal criticou, no entanto, a “inércia e falta de estratégia” na “última década” no município de Vila do Bispo, sob a responsabilidade do PS, numa altura de “dificuldades e desafios” para os seus habitantes.

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«A má experiência” da Estrada Nacional 268, à entrada de Sagres, e a falta do IC4 para ligar Vila do Bispo a Bensafrim e Odemira, perante o silêncio da AMAL», associação de municípios do Algarve, presidida pelo PS

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Paulo Ribeiro deixou, ainda, críticas ao Governo de António Costa, apontando a “Estrada Nacional 268”, à entrada de Sagres, como “má experiência” a nível nacional, há anos, a “necessitar de intervenção”, estimada em “milhões de euros”. Isto, sem esquecer a falta do “IC4 (Itinerário Complementar) para fazer a ligação a Bensafrim [no concelho de Lagos] e a Odemira, na zona do Parque Natural do Sudoeste alentejano e Costa Vicentina, perante o “silêncio da AMAL” - Comunidade Intermunicipal do Algarve, presidida pelo autarca socialista António Miguel Pina.

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Ana Cruz, deputada municipal socialista, recorda os períodos da pré-história e dos Descobrimentos Marítimos, evoca a frase de Fernando Pessoa “Deus quer, o Homem sonha, a Obra Nasce”, elogia riquezas da Costa Vicentina e perspectiva que «o presente continua a ser desafiante»

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Pelas 10h.24m., foi a vez de a deputada municipal Ana Cruz, do PS, proceder à leitura do seu discurso, durante o qual preferiu brindar a audiência com uma ‘aula’ de História de Portugal, ao evocar o “Infante Dom Henrique” e a época dos “Descobrimentos” Marítimos, com uma frase do pensador Fernando Pessoa: “Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce”. Recordou, por outro lado, o período paleolítico, há “34.000 anos, em Vale do Boi e na Salema”, além do facto de a zona da “Boca do Rio” ter servido para “exportação de conservas” de peixe. Mais recentemente, saudou a evolução do concelho de Vila do Bispo, desde os “anos 60” do século XX, ao nível da “habitação, estradas e Centro de Saúde”, bem como a “gastronomia”, com “peixe, que é referência a nível nacional”, a “pesca, a pesca submarina e o ‘bodyboard’”, entre outras atividades, na zona do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina”, que dão “trabalho” a muita gente. “O presente continua a ser desafiante e global. Vamos juntos”, acrescentou a autarca, sem reparos à atual situação do concelho, que a oposição criticou.

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“É tempo de ouvir as pessoas”, diz Ana Custódio (PS), presidente da Junta de Freguesia de Budens, que se queixa de “ansiedade” durante a pandemia da Covid-19

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Por seu turno, a presidente da Junta de Freguesia de Budens, Ana Custódio (PS), lamentou a “ansiedade” que se viveu durante a pandemia da Covid-19, num período de “falta de contacto social, com resistência e espera”. «É tempo de ouvir as pessoas», disse a autarca, deixando uma “mensagem de esperança e regresso à vida em comunidade.”

Presidente da Junta de Freguesia de Vila do Bispo e Raposeira, Marisa Dias (do Movimento Independente “Somos pelo Concelho – Vila do Bispo”, avisa a Câmara: «Em 2023, é preciso não repetir os mesmos erros dos anos anteriores»

Já Marisa Dias, presidente da Junta de Freguesia de Vila do Bispo e Raposeira, pelo Movimento Independente “Somos pelo Concelho - Vila do Bispo”, embora reconhecendo que “errar é humano”, sem especificar, realçou: «Não aceitamos políticas de falta de dignidade e injustiça. Não contem connosco para práticas ilegais. Em 2023, é preciso não repetir os mesmos erros dos anos anteriores. Trabalhamos diariamente e seremos exigentes».

Os presidentes dos executivos das Juntas de Freguesia de Sagres e de Barão de São Miguel, respectivamente Clésio Ricardo (do Movimento Independente “Somos pelo Concelho - Vila do Bispo»”) e Alberto Encarnação (independente), decidiram não usar da palavra nesta sessão solene, integrada nas comemoração do Dia do Município de Vila do Bispo.

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Rute Silva, presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, aponta para «política de proximidade, de descentralização e futura regionalização, e espera “avaliação” do seu desempenho nas próximas eleições autárquicas»

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Por sua vez, Rute Silva (PS), presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, no seu primeiro mandato, após defender uma «política de proximidade, de descentralização e futura regionalização», evocou São Vicente, padroeiro deste concelho, num momento “espiritual”. «Vivemos tempos conturbados, difíceis, que impõem “novos desafios”, e numa altura em que se está com um “pé na Lua e o outro em Marte”, temos a guerra na Ucrânia (…) e um clima de instabilidade e depressão com a inflação, o que desvia a atenção e põe em causa a existência humana*, observou a autarca, lembrando que, já antes, “a pandemia da Covid-19 veio abalar” a vida das pessoas.

«Contudo, não quero deixar uma mensagem de pessimismo», frisou Rute Silva, aproveitando para apelar “em 2023 a uma saudável reflexão.”

Depois, a edil de Vila do Bispo voltou a “mergulhar” na História, no Dia de São Vicente, em Dom Sebastião e na batalha de Alcácer Quibir, onde “Portugal perdeu o rei, com 24 anos, ainda jovem, reflexo da guerra (…), esperando-se que surja no nevoeiro, como é nosso imaginário. E anunciou a responsabilidade de assumir dois protocolos de colaboração sobre São Vicente, para um investimento do património religioso no nosso concelho.

A finalizar, Rute Silva insistiu na necessidade de «enfrentar problemas e necessidades das pessoas no concelho de Vila do Bispo, com o reforço do quadro de pessoal.» E em jeito de recado a críticas de autarcas da oposição, a presidente do executivo camarário deixou a “avaliação” do seu desempenho ao eleitorado nas próximas eleições autárquicas, em 2025. «Contamos com o contributo de todos para concretizar os nossos objectivos e compromissos.»

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«É necessário arrepiar caminho num trabalho em conjunto», alerta Luciano Rafael, presidente da Assembleia Municipal de Vila do Bispo, advertindo para “populismos” e lamentando “corrupção” em Portugal»

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Esta sessão foi encerrada pelo presidente da Assembleia Municipal, Luciano Rafael, que, num dia “inspirado nos nossos antepassados”, também decidiu fazer uma evocação histórica dedicada a Sagres, sobre “São Vicente e a transladação dos seus restos mortais para Lisboa, por ordem do Rei Dom Afonso Henriques.”

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Posteriormente, apontou atentados nos Estados Unidos da América, a recente “invasão” do Congresso no Brasil, por opositores do novo Presidente Lula da Silva, e problemas em Israel, como “graves atentados à Democracia.”

«Temos de estar atentos», afirmou o autarca de Vila do Bispo, lembrando que um estudo divulgado pelo diário espanhol “El Mundo”, indicava que «Portugal é o país que menos luta contra a corrupção.» Mais recentemente, apontava para “alguma evolução”, o que permitiu colocar num lugar que já “não é insatisfatório”.

«É necessário arrepiar caminho num trabalho em conjunto», preconizou Luciano Rafael, alertando para “populismos” e defendendo “respeito entre eleitores e eleitos.”

Apontou a “habitação, educação, o turismo, a cultura, a rede viária” e a actividade económica, como apostas no concelho de Vila do Bispo, que “não podem ser postas em causa por qualquer interesse e não pelo bem público.” Antes de concluir a sua intervenção, destacou, ainda, a “visibilidade da Assembleia Municipal” de Vila do Bispo, com “mudanças e mais transparência”, numa base “pedagógica e de cidadania”, nomeadamente ao nível de descentralização, com sessões nas várias freguesias do concelho e transmissão na Internet, além de “consensos” com o executivo camarário local, apesar de “diferentes de pontos de vista”.

«Apesar de não existir uma maioria política na Câmara Municipal, nem na Assembleia Municipal, desde o início do mandato não existiu qualquer entrave à acção do executivo», concluiu o presidente da Assembleia Municipal de Vila do Bispo. Eram 11h.09m. quando terminou a sessão solene, com um “até para o ano” da edil Rute Silva, que até preparou uma “surpresa”. É que à saída do auditório do Centro Cultural, cada participante neste encontro recebeu, das mãos de funcionárias da autarquia, uma pequena caixa contendo um brasão, no que se pode ler, de um lado, “Câmara Municipal de Vila do Bispo”, com os respetivos símbolos, e do outro, “Vila do Bispo e Raposeira”, e imagens, nomeadamente, de um moinho e do depósito da água.

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