Um “ecossistema ligado ao envelhecimento activo e saudável” está a nascer e a crescer em Loulé e a inauguração, esta quinta-feira, do Centro de Competências do Instituto do Emprego e Formação Profissional, o único do país ligado ao sector, ilustra bem esta realidade.
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Medes Godinho, acompanhada por dois secretários de Estado - Miguel Fontes, com a pasta do Trabalho, e Ana Sofia Antunes, responsável pela Inclusão Social - veio a Loulé para participar na sessão de lançamento e visita às instalações do Centro de Competências do Envelhecimento Ativo, localizadas no Ninho de Empresas de Loulé.
As alterações demográficas ao longo das últimas décadas, com o aumento da esperança média de vida, trazem novos desafios ao país e impõem respostas que passam por uma “estratégia de formação profissional nesta área”. “A quantidade de pessoas que hoje carecem de respostas sociais em tudo o que está ligado ao envelhecimento é por demais evidente. Temos aqui também um desafio ao nível destes recursos humanos que são cada vez mais numerosos e mais necessários”, disse o secretário de Estado Miguel Fontes durante a sua apresentação.
Este Centro é a “pedra filosofal” que tem por objetivo “capacitar atuais cuidadores do setor social, preparar novos trabalhadores, associando conhecimento a respostas inovadoras aos desafios do envelhecimento ativo e saudável, nas suas várias dimensões”, explicou Ana Mendes Godinho.
E se a pandemia veio mostrar que é preciso “investir naquilo que faz a diferença na valorização destes trabalhadores”, esta estrutura resulta da capacidade que houve de “mobilização de recursos do PRR”, adiantou a ministra. Inscreve-se, pois, na geração dos novos centros que estão a ser criados por via deste plano e que assentam em três grandes objetivos em matéria de formação profissional: envelhecimento ativo, transição digital e transição energética.
Através desta iniciativa pretende-se tornar o setor mais atrativo, não só para quem nele trabalha, mas também para quem possa vir a ser recrutado. No entanto, a responsável governamental com a pasta do Trabalho acredita que outros fatores serão decisivos para canalizar recursos humanos para esta área. “É evidente que os salários têm que ser valorizados! Mas essa valorização passa também pelo ponto de vista da própria identidade dos trabalhadores com as organizações, pela capacidade de conciliação da vida pessoal com a vida profissional e pela própria contratação”, disse.
Este é um Centro de gestão protocolada, em que para além do IEFP, conta com mais dois parceiros de primeira linha na sua criação: o Instituto da Segurança Social e o ABC – Algarve Biomedical Center.
Isabel Palmeirim, antiga diretora da faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve, foi anunciada como presidente do conselho de administração do centro. Nuno Marques, antigo responsável desta instituição, o médico e docente que teve um papel fundamental durante a pandemia, irá dirigir o centro como Diretor Executivo. Por nomeação da Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e do Ministro da Saúde irá também desempenhar as funções de coordenador nacional do Plano de Ação para o Envelhecimento Ativo e Saudável.
Prevê-se que a partir do segundo semestre do ano possam estar a funcionar os primeiros módulos formativos. O secretário de Estado Miguel Fontes acredita que serão centenas os formandos que, até ao final do ano, poderão beneficiar de uma oferta formativa neste Centro.
Mas esta estrutura formativa traz também uma relevância enquanto elemento de coesão territorial até porque havia até agora um desequilíbrio no país nesta matéria, “com um pendor a Norte e não a favor do Sul”. E só agora o Algarve passa a ter um centro como existe nas restantes regiões.
Entusiasta desta iniciativa desde a primeira hora e que “de imediato percebeu a importância estratégica para o concelho e para a região”, como notou a ministra, o autarca Vítor Aleixo enalteceu o facto de o Governo ter decidido localizar o Centro “fora das macrocefalias de Lisboa e Porto”. “Localizado no Algarve, em Loulé, é revelador de que algo está a mudar no país”, sublinhou o autarca louletano.
O edil falou dos projetos que têm sido determinantes para que Loulé seja já um “ecossistema vocacionado para esta nova política do envelhecimento ativo”. Desde logo por ser neste concelho, na aldeia de Alte, que está localizado o Observatório Nacional do Envelhecimento, inaugurado em março de 2022, precisamente pela ministra Ana Mendes Godinho, e que constitui um elemento importante para o “apoio à decisão política”. Mas também os dois projetos que nascem da parceria entre a Autarquia e o ABC – Algarve Biomedical Center: em Loulé, o edifício para investigação científica em áreas médicas e biociências, cuja empreitada aguarda o concurso público internacional em preparação; e em Vilamoura, o Centro Active Life, que tem já o seu projeto de arquitetura concluído.
Também neste dia o Município de Loulé celebrou um protocolo com o IEFP tendo em visto a cedência de um terreno com 2500m2, na cidade de Loulé, junto à Avenida Parque das Cidades, onde será construído o futuro edifício que irá albergar de forma definitiva este Centro.
Segundo dados apresentados por Domingos Lopes, presidente do IEFP, em 2022 o instituto promoveu 1311 ações de formação nas áreas dos cuidados às pessoas mais idosas, abrangendo 21261 formandos. Uma resposta “com algum significado”, mas que certamente ganhará agora uma “alavancagem, de uma forma articulada e unida”.
De referir que esta cerimónia inaugural contou com a dinamização da mesa-redonda “Capacitar para cuidar mais e melhor”, em que especialistas ligados ao setor puderam expor as suas ideias e preocupações sobre os cuidados aos idosos e os desafios do envelhecimento ativo.