No contexto actual do país e, particularmente, da nossa Região em que existe escassez de profissionais de saúde e aqueles que existem estão sobrecarregados para puderem dar resposta às muitas solicitações, exige-se, por parte de quem gere estruturas públicas, designadamente o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), competência, ponderação e capacidade para resolver conflitos.
É inaceitável um reiterado comportamento autocrático, de pérfida gestão, de desrespeito para com os profissionais e de insubordinação à lei vigente.
A este propósito surge o comportamento aberrante, ilegítimo e poltrão do Conselho de Administração (CA) do CHUA que na passada quinta-feira, às 21:27 h deliberou demitir o Director do Serviço de Cirurgia do Hospital de Faro, sem fundamentação, quando este CA já tinha sido, formalmente, substituído pelo novo CA. Acresce referir que para todos os efeitos seria um acto nulo e portanto ineficaz, visto que com a entrada de um novo CA caem as direcções técnicas e que é da responsabilidade do novo CA a respectiva nomeação.
Assim, para além de ilegítimo e nulo, tal acto só se enquadra numa atitude vingativa e cobarde, porque durante 3 anos não tiveram coragem de o fazer.
Já em 24 de Fevereiro deste ano o Público noticiava que “Directores dos Hospitais de Faro e Portimão reclamam novo conselho de administração” referiam também que “não existia uma estratégia clara para a Instituição e a desmotivação é geral e transversal aos vários sectores”, para além do CHUA apresentar, com essa administração “os piores indicadores clínicos e financeiros”. Refere ainda o desrespeito pelas hierarquias “Não mostrou respeito pelas hierarquias técnicas na carreira médica, tendo promovido médicos sem carreira e sem graduação para cargos relevantes” numa evidente política de amiguismo em detrimento da competência técnica e numa clara assunção da politica de “jobs for the boys” tão grata ao PS.
O descalabro da gestão, da administração que agora terminou, levou à destruição do Serviço de Ortopedia, com vários médicos a abandonarem esse Serviço em confronto com a administração, ao desinvestimento humano e tecnológico e à degradação dos vários Serviços por inépcia e ausência de respostas às solicitações dos respectivos directores.
A irresponsabilidade dessa administração vai ao cúmulo de na Urgência Polivalente (nível de Urgência mais diferenciado) do Hospital de Faro não existirem Ortopedistas, nem Cirurgiões de serviço. Os médicos declinaram fazer trabalho extraordinário de forma reiterada e abusiva, apesar de disponibilizarem 12h semanais para a Urgência, quando alguns deles estão legalmente dispensados desse trabalho. Fica, também, demonstrada a incapacidade de resolver este problema que se arrasta hás mais de um ano.
A grande solução, pífia, na sua essência, foi contratar um cirurgião reformado com mais de 70 anos, e sem experiência de urgência hospitalar desde há cerca de 10 anos, que para além de inaceitável é ilegal. Não se compreende porque não é aproveitado o Cirurgião, director da Urgência, que inclusivamente está sempre de prevenção, 7 dias/ semana e que segundo noticiava o Expresso em 06.03.2020, “ Médico esteve 556 horas de prevenção num mês… e recebeu mais de 11 500 € no vencimento”. Curiosamente sem desempenhar qualquer função clínica.
Foi, portanto, uma gestão torpe, acocorada, defraudando o erário público e incapaz de cumprir os seus desígnios.
O PSD – Algarve exige competência, sensatez, dedicação e o estrito cumprimento da lei a quem desempenha cargos públicos e, em especial, na gestão da Saúde do Algarve.