Quase uma centena de convidados, alguma curiosidade e satisfação por assistir à apresentação pública daquela que é a primeira exposição artística subaquática da costa portuguesa, foi a reação dos presentes, ontem, no Hotel Grande Real Santa Eulália & Hotel SPA, num espaço rodeado de mar e pinheiros no topo das falésias.
A exposição “EDP Art Reef”, conta com a assinatura de Alexandre Farto (Vhils) e parte dos materiais utilizados nas obras foram recolhidos de peças de centrais termoelétricas a carvão ou fuel da EDP. São treze peças (em ferro e betão), numa área da exposição de 1.250m2 a cerca de 12 metros de profundidade, sendo que a peça mais alta mede 5,3 metros. As peças produzidas estão submersas a uma milha de distância da costa, e o grande objetivo é gerar um recife artificial na costa de Albufeira, visitável através da prática de mergulho qualificado. “Tentei encontrar várias histórias da nossa relação enquanto humanos com o mar, uma história feita de subsistência, de confronto, de tensões, mas também tentar procurar vários pontos em que a nossa história se encontrou com o mar”, referiu Vhils. Este foi o seu trabalho “mais complexo e desafiante, não só por ter envolvido uma equipa de muitas pessoas, mas também por ter sido no fundo do mar”, um lugar de movimento constante. A sua “preocupação” prendeu-se com a evolução das peças ao longo do tempo.
“O desafio era pegar nas peças das centrais desativadas e dar-lhes um olhar diferente, missão que foi entregue a Vhils”, disse por seu turno Catarina Barradas, diretora de marca da EDP, sublinhando ter sido feito um trabalho próximo com “instituições científicas para garantir que o que estávamos a fazer era o melhor para aquele ecossistema”, acreditando por isso que o projeto “vai contribuir de forma positiva para o seu desenvolvimento.” “Estamos a fazer História”, na medida em que “vemos peças que serviram um enorme propósito na história energética de Portugal ganharem agora uma nova vida, primeiro através da intervenção do Vhils e, agora, no contacto com a vida marinha. Através da exposição EDP Art Reef, fica inscrito na pedra o nosso compromisso com a descarbonização do país". A EDP assumiu já o compromisso em ser 100% verde até 2030 e de deixar de produzir energia a partir de combustíveis fosseis. Diz aquela responsável que “nunca foi tão importante trocar os combustíveis fósseis pelas fontes renováveis, promover a transição energética e garantir que esta é feita de forma justa e inclusiva”.
“Temos aqui fundamentos da área ambiental, da economia circular e da cultura”, referiu o presidente da Câmara Municipal, José Carlos Rolo, demonstrando a sua satisfação por ser Albufeira o espaço aquático escolhido para acolher este projeto da EDP, a quem endereçou os parabéns pelo trabalho que está a efetuar sob as metas de 2030. “Este é um bom exemplo de sustentabilidade”, referiu ainda, lembrando da urgência de pensar seriamente em todas as questões que confluem com o problema das alterações climáticas. Por outro lado, o autarca vê neste projeto "um bom produto turístico” na área da diversificação da oferta do concelho.
No final das três intervenções, o Município ofereceu a Catarina Barradas e a Alexandre Farto duas peças em pedra da praia esculpidas por Joaquim Pargana, artesão de Olhos de Água, representando motivos marinhos. Para fechar esta apresentação pública houve ainda uma visita à exposição das imagens das peças de Vhils submersas, pelo fotógrafo subaquático Nuno Sá, no miradouro Pau da Bandeira, a qual pode ser apreciada até ao final deste ano.
A exposição “Art Reef by Vhils” está assinalada por uma boia (coordenadas: N 37.06922391, W -8.20990784) e pode ser visitada por qualquer mergulhador, devendo ser acompanhados por um técnico, após um seguro e um termo de responsabilidade, a firmar com empresas associadas ao projeto, as quais podem ser consultadas através da página virtual da EDP, assim como outras informações (https://www.edp.com/pt-pt/edp-art-reef )
Este projeto foi desenvolvido com o apoio da Câmara Municipal de Albufeira, do Turismo de Portugal, do CCMar (Universidade do Algarve), entre outros, e validado pela Direção Geral de Recursos Naturais e pela Agência Portuguesa do Ambiente, assim como outras entidades competentes. Por sua vez, a submersão da exposição foi licenciada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e pela Autoridade Marítima Nacional.