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Cultura de sustentabilidade no município de Loulé elevada com partilha de boas práticas entre dirigentes e técnicos

Cultura de sustentabilidade no município de Loulé elevada com partilha de boas práticas entre dirigentes e técnicos

Esta segunda-feira, a Câmara Municipal de Loulé, enquanto entidade empenhada na causa do desenvolvimento sustentável, tendo assumido o compromisso de promover políticas pelo futuro do Planeta, realizou a 4ª edição das Jornadas da Sustentabilidade e Acção Climática, reunindo no Cineteatro Louletano dirigentes e técnicos deste Município, para a apresentação de projetos, partilha de experiências e debate de ideias sobre os desafios que se colocam, no momento de arranque da Semana do Clima’23.

Tratou-se de um evento com um duplo objectivo, como frisou o presidente da Autarquia, Vítor Aleixo. Por um lado, “reforçar o espírito de grupo e de ‘família’, num contexto que é, de certa maneira, informal” que permite que os funcionários com responsabilidades diretivas tenham a oportunidade de conhecer o trabalho de todos os outros setores e colegas.

Mas por outro lado, as Jornadas permitiram, uma vez mais, percecionar que “há muita gente a trabalhar numa mudança dos hábitos de consumo sem responsabilidade para um consumo responsável, em que a economia circular emerge como uma realidade incontornável e isso é cada vez mais reconhecido e praticado em muitos projetos da Câmara de Loulé”, notou o edil.

Nas boas-vindas aos presentes, o vereador com o pelouro do Ambiente e Ação Climática, Carlos Carmo, realçou este “desígnio estratégico”, que tem sido incorporado na Política Local de Acção Climática. “Trata-se de uma problemática que requer a maior urgência – é, porventura, a batalha das nossas vidas – e estas preocupações estão 'de mãos dadas' com tudo aquilo que a Câmara de Loulé faz”, reiterou o vereador.

E para falar das boas práticas materializadas no trabalho autárquico, subiram ao palco alguns intervenientes que apresentaram projetos diferenciadores, que espelham bem essa consciência em torno da integração dos objetivos de desenvolvimento sustentável para a Agenda 2030 no trabalho diário.

Joaquim Barros, diretor do Departamento de Serviços Públicos, expôs um dos projectos em curso na Divisão de Salubridade e Higiene Pública e que respeita à recolha seletiva de biorresíduos. A transformação de biorresíduos alimentares enquadra-se numa perspetiva de economia circular que a Autarquia quer implementar até ao final deste ano.

Este sistema de recolha dedicada pretende promover a separação/deposição de resíduos orgânicos alimentares e terá duas vertentes. Por um lado, o setor doméstico, com três áreas-piloto - zonas urbanas de Loulé, Quarteira e Almancil – abarcando 26 mil habitações, numa recolha de proximidade. E depois uma área não doméstica que, nesta primeira fase, irá restringir-se ao centro de Loulé; o público-alvo, não-doméstico, corresponderá a 80 estabelecimentos comerciais da cidade, numa lógica de recolha porta-a-porta.

Da área dos resíduos para os espaços verdes, seguiu-se uma apresentação partilhada por dois jovens técnicos da Divisão de Espaços Verdes, Mobiliário Urbano e Jardins da Autarquia, Sara Nunes e Diogo Rebelo, que focaram alguns dos projetos que mostram como a intervenção no espaço público pode absorver todas estas ideias de desenvolvimento sustentável, nomeadamente em matéria de espaços verdes, zonas de jogo e recreio e mobiliário urbano. O Jardim das Comunidades e o Parque Municipal de Loulé são dois verdadeiros laboratórios para esta valorização ambiental, seja através da rega inteligente que tem permitido reduzir drasticamente o consumo e as perdas de água, ou pela plantação de árvores que permitem o sequestro de CO2 e contribuem para a melhoria da qualidade do ar e para a amenização térmica dos espaços urbanos. O Regulamento Municipal e o Inventário do Arvoredo em Meio Urbano são, de resto, dois instrumentos que estão neste momento em execução.

Nélson Vaquinhas, responsável pela Divisão de Arquivos e Documentação, falou de algumas iniciativas que são simples gestos, mas que fazem toda a diferença, boas práticas desenvolvidas pela sua equipa no contexto de trabalho. A colocação de um objetivo solidário no SIADAP, o sistema de avaliação dos funcionários, foi uma medida fora da caixa e que levou ao empenho dos funcionários na recolha de tampinhas para apoiar duas crianças portadoras de deficiência na compra de uma cadeira-de-rodas. Tal como diferenciador é o sistema de compostagem individual realizado por cada um dos trabalhadores do Arquivo.

Num serviço em que o papel foi o grande suporte de toda a documentação histórica existente no acervo deste Arquivo, a digitalização da documentação tem sido decisiva neste processo de desmaterialização. Um passo importante que tem permitido a visualização da documentação histórica aqui existente em longitudes como a Austrália, Estados Unidos ou Brasil.

A Agenda da Sustentabilidade, Floresta, Biodiversidade e Desenvolvimento Rural do Concelho de Loulé teve expressão através da voz de Telma Guerreiro, chefe de Divisão de Proteção Civil, e de três ações concretas.

A primeira, o combate à desertificação, através do reforço dos sistemas agroflorestais mediterrânicos, que prevê a plantação de 29100 árvores até ao final do ano, no âmbito de um projeto financiado pelo Programa COMPETE 2020. Depois o Condomínio da Aldeia, financiado pelo Fundo Ambiental, tendo em vista a transformação da paisagem em que se preconiza a reconversão de territórios classificados como matos ou floresta noutros usos e geridos estrategicamente, com aproveitamento e melhoria da gestão da água através de sistemas de regadio locais, garantindo a segurança de pessoas, animais e bens, assim como o fornecimento de serviços ecossistémicos e da biodiversidade. O projeto Condomínio da Aldeia arrancou na Quintã, com a plantação de 1200 árvores. Perspetiva-se agora a implementação no Malhão/Vale Maria Dias e na Cortelha/Montes Novos/Besteirinhos. E finalmente “Uma Árvore Dá Vida”, programa de cidadania ambiental, através do qual serão plantadas mais 10703 árvores por particulares e entidades.

Henrique Ralheta, do Loulé Design Lab, trouxe mais uma iniciativa marcante em termos de sustentabilidade ambiental, - o Infinity -, um exemplo do que está subjacente à economia circular. O projeto, que de resto foi premiado a nível nacional, consiste no reaproveitamento pelos designers dos resíduos que a Inframoura recolhe diariamente. Estes resíduos terão uma nova vida, em ações que vão desde a renovação de mobiliário ao desmantelamento de monos para usar as matérias-primas, passando pela utilização de resíduos naturais das podas das áreas verdes de Vilamoura e Vila Sol. A missão maior é reintroduzir estes objetos em suposto fim de vida, de volta na vida das pessoas, na economia, e principalmente, ao serviço de instituições de solidariedade social.

Tubos de sinais de trânsito transformados num xilofone gigante para animar as crianças da Fundação António Aleixo. Gavetas de móveis que viram prateleiras e um jardim sensorial para os idosos da Casa do Povo do Ameixial. Matérias recicladas, usando a técnica da empreitada, resultam numa casa de pássaros para atrair pássaros para perto da Associação Humanitária de Doentes de Parkinson e Alzheimer, a fim de alegrar um pouco o espaço exterior e os utentes.

Num total de 96 peças criadas por artistas que olharam para os resíduos e viram neles oportunidades.

“Loulé é um município fantástico, é um município com causas, e não faz as coisas porque são moda!”, disse, no encerramento da sessão, o presidente Vítor Aleixo, assegurando que a introdução “da cultura dos ODS” será, a partir de agora, uma forma de “sintonizar o Município e os seus funcionários com aquelas que são as grandes preocupações do mundo”.

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