Os deputados do CDS (Partido Popular) Ana Rita Bessa e João Pinho de Almeida questionaram, hoje, a Ministra da Saúde sobre situações de alegada «administração inadequada de vacinas contra a Covid-19».
Ana Rita Bessa e João Pinho de Almeida pretendem, desde logo, «saber quantas notificações e/ou queixas sobre vacinação inadequada já chegaram ao Ministério da Saúde».
Depois, tendo o caso do autarca de Reguengos de Monsaraz sido o primeiro a ser conhecido, e tendo o coordenador da Task Force condenado o sucedido, questiona o CDS se foi tomada alguma medida concrecta e qual, bem como que medidas foram já tomadas para que estes casos parem por aqui e não se repliquem.
Numa última questão, os deputados do CDS questionam que tipo de acompanhamento está o Governo a fazer do cumprimento das orientações gerais para administração da vacina contra a Covid-19.
O Grupo Parlamentar do CDS afirma ter recebido, nos últimos dias, várias exposições sobre casos de pessoas que têm sido vacinadas contra a Covid-19, apesar de não estarem incluídas em grupos prioritários ou de risco.
Entre estes, alguns são já do domínio público, como são os casos do Presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz (CMRM) e do Presidente da Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez (AMAV), mas também o caso de um grupo de 170 trabalhadores da área social e todos os dirigentes de todas as áreas da Segurança Social de Setúbal que, alegadamente, terão sido vacinados contra a Covid-19.
O presidente da CMRM é, simultaneamente, Presidente da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, enquanto o Presidente da AMAV é, também, Provedor da Santa Casa da Misericórdia local. No primeiro caso, afirma o CDS que «o autarca invocou a presidência da fundação para justificar a vacinação»; no segundo, o autarca de Arcos de Valdevez alegou ter problemas cardiovasculares e ter sido operado às coronárias e que tinham sobrado doses depois de vacinados os utentes dos lares locais.
Entretanto, são vários os relatos na Comunicação Social de outros casos relativos a casos de dirigentes de IPSS e, nas últimas horas, o caso sobre a vacinação de directores, assessores, administradores e informáticos do INEM. Mais uma vez, o argumento usado para justificação foi o de que sobraram doses da primeira operação de vacinação, que se destinou aos profissionais que têm maior risco de contágio pelo exercício das suas funções.
De acordo com o coordenador da Task Force para o Plano de Vacinação, a regra de não desperdiçar doses de vacina faz parte das orientações gerais, mas, quando isto acontece (quando sobram doses), as orientações são para se procurar outros candidatos dentro do primeiro grupo prioritário. O que está determinado é que devem ser vacinados, na primeira fase, os «profissionais e residentes de lares e instituições similares», nunca se falando em dirigentes.
Para o CDS, todos estes casos causam alguma «estranheza» e «incompreensão», contribuindo para um descrédito de todo o processo de vacinação, ainda mais junto da população em geral. E, corroborando as palavras do coordenador da Task Force, também o CDS entende que nesta fase «não deverá ser muito difícil encontrar pessoas prioritárias a quem dar a vacina».