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Será bom para os portugueses ter juízes com apenas 24 anos?

Será bom para os portugueses ter juízes com apenas 24 anos?

Paulo Freitas do Amaral

Em Portugal, um aluno exemplar que não reprove nenhum ano e que tenha sempre aproveitamento escolar passando com sucesso no curso no CEJ-Centro de Estudos Judiciários que dá acesso à profissão de juiz poderá a exercer profissão com apenas 24 anos de idade…

Será bom para a justiça em Portugal formar juízes com apenas 24 anos?

Eu penso que não. Penso que um jovem aos 24 anos, não tem a experiência de vida suficiente e experiência numa sala de audiências que lhe permita ajuizar determinadas situações que só a vida e o trabalho nos ensinam.

A valorização do conhecimento empírico em certos países é feita, ao contrário de Portugal, com grande critério no que diz respeito ao conhecimento das dificuldades da vida e que apenas os 24 anos de vida de um jovem que provavelmente passou a maioria do seu tempo de vida a estudar, não dão...

Para ser juiz na Inglaterra, por exemplo, é preciso exercer a advocacia pelo menos cinco anos. No caso dos tribunais de segunda instância e superiores, o tempo mínimo de experiência sobe. No Supremo, por exemplo, é preciso ter atuado nos tribunais como advogado pelo menos 15 anos. Ou seja, neste último caso só se é juiz para lá dos 40 anos de idade…

É paradoxal em Portugal termos o caso de uma juíza, Assunção Esteves, que enveredou pela política e que se reformou aos 42 anos de idade com 7 255 euros de pensão, uma vez que a lei permite a um juiz do tribunal constitucional reformar-se aos 40 anos de idade com apenas 10 anos de serviço… A mesma idade com que se pode começar a exercer o cargo de juiz no Supremo Tribunal em Inglaterra…

Embora Portugal apresente melhores dados de igualdade entre sexos no acesso a esta profissão, penso que se deveria repensar a experiência dos candidatos a juízes antes de entrarem pela primeira vez num tribunal sem qualquer género de experiência…

Tenho a noção que há poucos juízes no sistema de justiça, mas na minha perspetiva é importante a experiência de vida e a experiência dentro de um tribunal para poder decidir e impor a autoridade com sapiência perante todos os agentes dentro de uma sala de audiências.

É óbvio que mais tarde, ou mais cedo, tudo se aprende…, mas os primeiros anos de juiz para estes jovens não devem ser fáceis…como dizem alguns estudos recentes sobre a saúde mental de quem tem esta profissão que mexe com as nossas vidas de forma determinante.

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