Mariana Marques, Vice-Presidente da JSD Algarve
Sob o céu azul do Algarve, onde o sol ilumina as praias, sussurram antigas histórias desta Região.
É impossível ignorar a riqueza cultural que se entrelaça com a história deste nosso Algarve.
É aqui, no Algarve, que ao vaguearmos pelas ruas entendemos que a cultura emerge como um fio que tece o passado, o presente e o futuro.
As muralhas históricas de Silves sussurram segredos do nosso passado virtuoso e as ruas de Lagos ecoam histórias dos Descobrimentos. A olaria, a latoaria, a tecelagem e as rendas de bilros que transcendem gerações, preservando técnicas ancestrais que pouco a pouco vão resistindo à passagem do tempo. A fusão de heranças culturais que se refletem nas tradições, na arquitetura e na gastronomia.
A preservação destas práticas é essencial para manter viva a nossa conexão com o passado, emergindo em cada um de nós, o sentimento de dever coletivo de preservar o que é nosso.
Mas... Compreenderão, os decisores políticos, a relevância da preservação cultural para o desenvolvimento da região do Algarve?
Em 2022, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), os Municípios do Algarve utilizaram com despesas em Património Cultural 9.385.932€, o equivalente a apenas 7,25% do total executado a nível nacional, sendo a região do Algarve a que teve menor peso em Portugal Continental.
No entanto, no relatório publicado pelo INE, são visíveis as contribuições do setor da cultura. Em 2022, estavam empregadas no setor cultural e criativo mais de 190,6 mil pessoas em Portugal. E consta, ainda, que a remuneração bruta média mensal por trabalhador neste setor ronda os 1.417€ , cerca de 700 unidade monetárias acima do salário mínimo aprovado nesse ano.
Além disso, a cultura no Algarve desempenha um papel vital no estímulo da atividade económica, essencialmente no setor do turismo, ao destacar os elementos identitários da região, impulsionando a dinamização da economia.
Cerca de 40,5% dos turistas que escolhem o Algarve como destino indicam o “Ambiente Cultural” como Principal Motivo ou Muito Importante para a escolha do destino (Turismo Cultural no Algarve – Perfil do Turista e Perspetivas de Desenvolvimento, 2022).
A nossa extensa herança cultural considera 26 Monumentos Nacionais, uma Marca de Património Europeu (Promontório de Sagres), 2 Parques Naturais (Parque Natural da Ria Formosa e Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina), uma Reserva Natural (Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António) e uma candidatura a Geoparque Mundial da UNESCO (Algarvensis).
A cultura é um reflexo de crenças, valores, tradições e comportamentos onde se configura como uma narrativa que une diferentes gerações em relações que transcendem o valor do tempo.
Garantir a preservação cultural não requer apenas a passagem de um legado histórico de avós para netos e de geração para geração; requer, também, a atenção dos Municípios para o apoio a eventos culturais, para a conservação de edifícios históricos e para o incentivo à produção cultural local. Com a presença estrangeira que, pouco e pouco, tem escolhido a nossa Região para viver, torna-se crucial o reforço da nossa identidade cultural.
Numa região tão rica em História e tradição como o Algarve, a preservação cultural assume uma responsabilidade compartilhada no reforço identitário e que transcende fronteiras temporais.