Artigo de opinião de Bartolomé Beltrán, Médico, membro do Conselho Consultivo do Ministério da Saúde e Assuntos do Consumidor em Espanha. Consultor da Murprotec, especialista em tratamentos de humidade estrutural.
Os idosos, as mulheres grávidas e as crianças são os mais vulneráveis aos ambientes com humidade. Muitas famílias desenvolvem quadros gripais frequentes, sem razão aparente. Doenças que levam, em muitos casos, a problemas respiratórios mais graves como bronquite ou pneumonia, e que agravam episódios asmáticos ou reumáticos. Na procura de respostas, recorrem a todas as especialidades médicas possíveis, sem perceber que a causa, o inimigo silencioso, que piora a saúde de toda a família, é a sua própria casa, quando esta apresenta problemas de humidade.
Estudos científicos têm encontrado evidência que relaciona várias patologias com a humidade do ambiente. Concretamente, o aparecimento de ácaros devido à humidade tem uma relação direta com a chamada "Síndrome do Edifício Doente" (SED). Uma definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), desenvolvida na década de 80, que aponta como as principais causas da má qualidade do ar no interior de determinados edifícios, a falta de ventilação e níveis de temperatura e humidade incorretos.
O SED compreende um conjunto de sintomas, apresentados por pessoas que vivem ou trabalham no mesmo edifício, que desaparecem ou são minimizados quando saem do edifício. Estudos apontam que 20% das casas portuguesas tenham problemas de humidade.
As pessoas que vivem em locais com pouca impermeabilização podem sofrer doenças graves como asma, bronquite, alergias respiratórias, erupções cutâneas e condições reumáticas, que geralmente pioram se houver excesso de humidade no ambiente. Além disso, o excesso de água no ambiente favorece o aparecimento de ácaros, fungos e bactérias.
Diversos estudos demonstram a relação entre estas doenças e um ambiente húmido. Num estudo publicado no Diário de Medicina Prática, realizado com 134 indivíduos afetados por asma, bronquite asmática ou bronquite crónica, foi possível concluir que 78% vivem em casas muito húmidas, 17% em casas secas e 5% em casas muito secas. Um outro estudo a um universo de 103 doentes com rinite crónica obteve resultados semelhantes: 83 % viviam em casas húmidas, 13% em casas secas e 4% em casas demasiado secas.
Para ilustrar esta relação, é importante saber que o número de ácaros por grama de pó no solo é de 3 num ambiente seco e de 83 num ambiente húmido (teor de humidade superior a 75 %).
Evidência que nos mostra que a humidade existente nas casas afeta a saúde das pessoas que nelas vivem. Por isso é importante agir. Existem no mercado soluções eficazes que podem tratar do problema de forma integrada e definitiva. Porque o recurso a soluções temporárias pode não ser o mais indicado uma vez que só adia o problema. A nossa recomendação, enquanto profissionais de saúde é que procure quem possa efetuar um diagnóstico completo dos problemas de humidade na sua casa com vista à erradicação da mesma. A bem da sua saúde.
É necessário ter presente que as doenças respiratórias não devem ser encaradas como doenças menores. De acordo com os dados do 13º relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR) (dezembro de 2018), as doenças respiratórias matam em Portugal em média, 37 pessoas por dia em Portugal, com as pneumonias a representarem 44% destas mortes. Segundo estes dados, as doenças respiratórias são, desde 2015, a terceira causa de morte, sendo responsáveis por 19% de todas as mortes em Portugal. Aliás, os internamentos por doenças respiratórias aumentaram mais de 25% em dez anos. O número de doentes submetidos a ventilação mecânica mais do que duplicou.