Artigo de Opinião de CATARINA PRATES OLIVEIRA
Estamos em 2019…”UAU”! Como é possível? Eu que sou dos anos noventa fico impressionada com este número. E mais impressionada fico quando comparo situações de há dez anos e penso: “parece que foi ontem”. A tecnologia, as ideias…tanta coisa se alterou, novos ideais e motivos pelos quais se passou a reivindicar. Mas, sabem o que é que me surpreende ainda mais? As mentalidades. Parece que em tanta evolução, a mente humana é a que menos beneficiou. Tenho sentido muito o choque de gerações e, constantemente oiço a típica frase “estes jovens de hoje em dia…”. Concordo que há muitos casos errados na minha geração…sim, é verdade, mas também há novidades tão boas. Em tempos lutou-se pela liberdade. Hoje luta-se por igualdade. Se fico impressionada com toda a evolução que até agora surgiu, acreditem que fico ainda mais espantada como é que, em 2019, temos necessidade de discutir direitos humanos. De momento, não me refiro às questões internacionais que, infelizmente, duram há centenas de anos, porque o jogo político, económico e religioso não permite que seja de outra forma. Refiro-me a direitos daquele que se senta ao nosso lado num transporte público; de quem nos atende numa loja, ou pede um café na esplanada onde costumamos ir… enfim, direitos de todos nós. É vergonhoso que em pleno 2019 ainda se lute contra a violência doméstica e mortes decorrentes da mesma; é ridículo como ainda tantas pessoas não aceitam um casal homossexual porque “é contranatura” (este deve ter sido o melhor argumento que já ouvi); é absurdo como ainda se encaram animais e natureza como “eles”, porque “nós” somos superiores. Contudo, todos somos animais, pertencemos ao mesmo mundo e, só assim existe equilíbrio. Como tal, não consigo entender o porquê de se maltratar um animal (seja ele qual for) e, percebo muito menos a indignação de Portugal quando se legislaram penalmente estas questões…ou talvez até entenda: é puro preconceito. A igualdade é um direito básico. É o mínimo dos mínimos para nos respeitarmos e convivermos em sociedade. Será tão difícil aceitar a mulher como ser tão inteligente capaz como um homem? Que uma pessoa homossexual é um humano saudável como qualquer outro e que, não é, necessariamente, um predador sexual de crianças? É assim tão descabido respeitar um animal, deixá-lo continuar a sua vida sem o maltratar? Então e a pobreza, a habitação, a igualdade na justiça entre os “ricos e os pobres”… dir-me-ão. Claro que é importante, é urgente aliás. Mas e os restantes direitos não são? Afinal, de que serve ter mais ou menos ordenado e subsídio e ser uma vítima de violência social e até, familiar? Convido-vos a refletir.