Artigo de João Antunes, Gastrenterologista, Membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED)
Dia Nacional do Cancro Digestivo assinala-se a 30 de setembro
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O cancro do estômago, órgão que faz parte do sistema digestivo, ocorre quando as células do estômago se transformam em células anómalas e crescem de forma descontrolada. Ao contrário das células normais, as células cancerígenas não respeitam os limites do órgão, invadindo os tecidos circundantes, podendo disseminar-se a outras partes do organismo e provocar a morte do doente.
Entre os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento do cancro do estômago encontram-se a obesidade; o tabagismo; a dieta rica em alimentos fumados e pobre em vegetais e fruta; a infeção por Helicobacter pylori e/ou pelo vírus Epstein-Barr; a inflamação do estômago (gastrite crónica); a presença de determinado tipo de pólipos do estômago e os antecedentes familiares de cancro gástrico.
Os sintomas associados a este cancro incluem a diminuição do apetite; azia ou indigestão; enfartamento precoce; perda de peso; anemia; sangue nas fezes (normalmente manifestado por fezes pretas); vómitos, com ou sem sangue; desconforto abdominal. Contudo, numa fase inicial, o cancro do estômago pode não apresentar sintomas, o que determina a importância do aconselhamento médico e diagnóstico precoce.
A endoscopia digestiva alta é o exame de eleição para o diagnóstico do cancro do estômago. Deste modo o revestimento do estômago (mucosa) é inspecionado cuidadosamente e se existirem alterações suspeitas poderão ser realizadas biopsias através do endoscópio (colheita de uma pequena amostra de tecido da mucosa do estômago para posteriormente ser examinada). A observação das células suspeitas ao microscópio pela Anatomia Patológica pode confirmar o diagnóstico de cancro gástrico.
As opções de tratamento devem ser discutidas por uma equipa multidisciplinar e entram em linha de conta com o tipo, localização e extensão da doença, idade, estado geral e patologia associada.
As opções podem incluir terapêutica endoscópica (ressecção das lesões sem necessidade de remoção do estômago), cirurgia de remoção de parte ou da totalidade do estômago, radioterapia e quimioterapia, isoladas ou em associação.
Para consciencializar a população para o diagnóstico precoce do cancro do estômago, a Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED) está a promover a um vídeo que explica o que é a endoscopia digestiva alta e em que situações deve ser realizada. Veja o vídeo em: https://www.youtube.com/watch?v=dw8SKroWkyw
A Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva (SPED), fundada em 1979, é uma associação científica, sem fins lucrativos e de utilidade pública, que congrega médicos e outros profissionais ligados à saúde que praticam ou se interessam pela endoscopia digestiva em Portugal.