Artigo de opinião do Presidente da Federação dos Bombeiros do Algarve, Steven Sousa Piedade
O problema persiste, e a situação torna-se cada vez mais alarmante. Desde janeiro de 2021, quando o Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares, denunciou a retenção de ambulâncias com doentes nos hospitais do país, pouco parece ter mudado. A problemática estende-se agora aos Hospitais do Algarve, com ambulâncias retidas durante horas, colocando em risco a saúde e até mesmo a vida dos pacientes.
Jaime Marta Soares, na altura, reportou casos extremos, incluindo a morte de um paciente dentro de uma ambulância, o que evidencia a gravidade da situação. Estando Presidente da Federação dos Bombeiros do Algarve (FBA), com este alerta, pretendo tomar a dianteira e alertar para a persistência deste problema, especificamente na região algarvia.
O atual Presidente da LBP, António Nunes, em julho deste ano, voltou a alertar para a possibilidade de virem a faltar ambulâncias nas corporações dos bombeiros devido ao tempo que um pedido de socorro pode demorar com os atuais constrangimentos nas urgências dos hospitais.
Por forma a perceber a situação no Algarve, indagamos a Corporações de Bombeiros do Algarve, ao que as respostas obtidas pela FBA revelam que as situações mais preocupantes ocorrem durante a época de verão, afetando tanto Faro quanto Portimão. Ambulâncias chegam a ficar retidas por um período médio de 45 a 60 minutos, alcançando até 120 minutos em casos extremos. Além disso, algumas ambulâncias são forçadas a percorrer distâncias significativas, ultrapassando os 50 quilómetros da base, devido à retenção das macas nos hospitais. Ambulâncias de Faro chegam a ter que se deslocar a Vila Real de Santo António para prestar o socorro.
Temo que a situação venha a tornar-se, novamente, mais crítica com a chegada das festividades de Natal e Ano Novo, quando a população do Algarve aumenta significativamente. É algo que legitimamente me preocupa, ao que alerto para a necessidade urgente de encontrar soluções.
A solução poderá passar pela aquisição de mais macas, uma abordagem pragmática para aliviar a pressão sobre as ambulâncias. Ao liberar as macas dos veículos, o socorro às populações poderia ser agilizado, proporcionando uma resposta mais eficaz em casos de emergência.
No entanto, é vital que esta não seja a única medida adotada. O sistema de saúde, em conjunto com as autoridades competentes, devem analisar e implementar soluções abrangentes para enfrentar este desafio persistente. A população do Algarve merece um serviço de socorro eficiente e acessível, independentemente da época do ano.
Urge, portanto, que todos os envolvidos, desde as entidades hospitalares até às autoridades governamentais, unam esforços para superar este obstáculo e garantir que a assistência médica de emergência seja prontamente disponibilizada à comunidade. A saúde e a segurança da população algarvia estão em jogo, e a ação rápida e eficaz é imperativa para resolver este problema de longa data.