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Cuide dos pés para aproveitar os benefícios do exercício físico

Cuide dos pés para aproveitar os benefícios do exercício físico

Artigo de opinião de Francisco Oliveira Freitas, podologista responsável pelo Centro de Podologia de Famalicão

O Dia Mundial da Actividade Física assinala-se a 6 de Abril

Trocar um estilo de vida sedentário por uma vida ativa é um ótimo princípio, mas para praticar atividade física de forma regular e usufruir dos seus benefícios, é muito importante cuidar do corpo. Como Podologista, cabe-me alertar para os cuidados a ter relativamente aos pés.

A prática de exercício físico contribui para o bem-estar físico e psicológico, diminui o risco de diversas doenças, como a obesidade, a diabetes tipo 2 e as doenças cardiovasculares, ajudando a fortalecer os ossos, os músculos e as articulações. Contudo, não podemos cair no erro de desvalorizar os riscos de uma má prática desportiva e da ausência de um acompanhamento profissional, quer do ponto de vista preventivo, quer na presença de alterações, problemas e lesões.

O Dia Mundial da Atividade Física é uma iniciativa da Organização Mundial de Saúde, que tem como principais objetivos combater os comportamentos sedentários, promovendo o exercício físico e o seu impacto positivo na saúde. No entanto, adjacentes à prática desportiva encontram-se alguns problemas podológicos, que com a adoção de medidas preventivas podem ser menos frequentes.

Em primeiro lugar, gostaria de falar sobre o pé de atleta, uma designação que se deve ao facto de este ser um problema comum em atletas, uma vez que os balneários e chuveiros reúnem as três condições favoráveis à proliferação dos fungos: baixa luminosidade, calor e humidade. A sua patologia mais frequente é a micose nos dedos e nos pés, provocando sintomas que incluem comichão, vermelhidão, fissuras, descamação da pele e mau cheiro. Além desta sintomatologia, a dor e a presença de bolhas de água ou pus são possíveis manifestações em casos mais graves. Utilizar chinelos nos vestuários e duches partilhados, fazer uma correta higiene diária, usar sapatilhas arejadas e que permitam uma boa ventilação, assim como secar bem os pés com a toalha, e em especial os espaços entre os dedos, são precauções a ter.

As calosidades podem também afetar os pés dos desportistas, em sequência, quer da fricção e pressão exercida durante o exercício físico, quer da utilização de um calçado apertado e inadequado à atividade praticada. Em resposta a essa “agressão”, desenvolve-se uma protuberância de tonalidade amarela, pela formação de uma camada espessa de células mortas. Para evitar as calosidades, é essencial uma hidratação diária, através da ingestão de uma quantidade suficiente de água e da aplicação de um creme ou loção hidratante, após o banho, uma vez que a pele estará limpa com os poros dilatados.

A prática de atividade física com sapatilhas apertadas potencia ainda a onicocriptose, reconhecida como “unha encravada”, uma vez que se verifica uma compressão dos dedos e uma maior pressão nesta região, fazendo com que a unha cresça dentro da pele circundante do dedo, perfurando-a. Escolher uma sapatilha adaptada à largura e morfologia do pé, de forma a conseguir mexer livremente os dedos, com uma margem de aproximadamente um centímetro entre o dedo grande e a ponta do sapato, bem como cortar as unhas em linha reta são ações preventivas.

Em resultado da inflamação da fáscia plantar, uma banda de tecido fibroso que liga o calcanhar aos dedos, a fasceíte plantar é um problema relativamente comum no universo desportivo, particularmente nos desportos que envolvam corrida, devido à elevada tensão e uso excessivo da fáscia plantar, responsável por absorver os choques no impacto do pé contra o solo. Para escapar a esta que é uma das causas mais comuns de dor na planta do pé e o motivo mais comum de dor no calcanhar, é crucial a realização de exercícios de aquecimento.

O aquecimento é também muito importante para prevenir a entorse do tornozelo, tal como os exercícios de alongamentos. Ocorrendo na sequência de uma queda, desequilíbrio ou salto que leva a uma rotação extrema do membro inferior e a uma sobrecarga dos ligamentos, a gravidade desta lesão depende do número de ligamentos afetados e se ocorreu, ou não, rutura dos mesmos.

A escolha das meias é igualmente importante para evitar eventuais problemas nos desportistas. Quanto ao material, as meias devem ser de fibras naturais, preferencialmente de algodão, que ajudam a absorver a humidade, diminuindo o risco de infeções. Para praticar atividade física sem bolhas, que são resultantes do atrito entre as sapatilhas, as meias e os pés, deve substituir-se as meias grossas e rijas por meias sem costuras e adequadas ao tamanho do pé.

Se as recomendações não forem suficientes para evitar estes problemas nos pés, em caso de dores frequentes e aos primeiros sinais de alarme, consulte um Podologista para uma análise, diagnóstico e tratamento adequado, capaz de precaver complicações subsequentes. Os atletas devem, pelo menos, de seis em seis meses recorrer a este profissional, de forma a prevenir e tratar alterações nos pés que podem colocar em causa a sua performance desportiva. Este especialista pode ainda aconselhar o paciente relativamente à escolha do calçado e avaliar a possibilidade de confeção de palmilhas personalizadas.

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