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Cancro da próstata: rastreio é fundamental

Cancro da próstata: rastreio é fundamental

Artigo de opinião de Miguel Cabrita, coordenador da Unidade de Urologia do Hospital Lusíadas Albufeira e da Clínica Lusíadas Faro

Dia Mundial de Luta Contra o Cancro assinala-se a 4 de fevereiro

Todos os anos, surgem em Portugal 4 mil novos casos de cancro da próstata, sendo este o tipo de cancro mais frequente nos homens com idade superior a 50 anos. Estima-se ainda que um em cada seis homens terá um diagnóstico de cancro da próstata ao longo da sua vida. São números assustadores e para os quais devemos olhar com muita preocupação. Torna-se quase imperativo que os profissionais de saúde e entidades governamentais possam dar um contributo para o aumento da consciencialização deste problema. Eu, enquanto profissional de saúde, aproveito esta efeméride tão importante - o Dia Mundial de Luta Contra o Cancro - para alertar para a importância do diagnóstico precoce desta doença. Sabemos que a prevenção é a palavra de ordem para todo o tipo de patologias, mas a verdade é que o diagnóstico atempado do cancro da próstata assume um papel fundamental no sucesso do tratamento e é preciso relembrar a população para a importância da realização do rastreio.

Quando detetado atempadamente, e tratado numa fase inicial, o cancro da próstata apresenta uma taxa de cura elevadíssima. O problema prende-se ao facto de este tipo de cancro ser assintomático durante muito tempo, podendo apenas ser responsável pela manifestação de algum sintoma já numa fase mais avançada. Tendo em conta esta realidade, o rastreio do cancro da próstata deve ser realizado em homens a partir dos 45 anos, nos casos em que não existe histórico familiar da doença. Quando existe a possibilidade de uma componente genética associada, esta monitorização deverá começar aos 40 anos.

Entre os vários métodos de despiste do cancro da próstata, estão a análise do antigénio específico da próstata, toque retal, ecografia, urofluxometria ou biópsia da próstata. O toque retal, ainda muito temido pela maioria dos homens, é fundamental na avaliação do órgão em questão e um forte aliado no diagnóstico deste tipo de cancro. Importa salientar que, quando realizado com os devidos cuidados e com a técnica correta, este exame é indolor e costuma ser muito bem tolerado. Infelizmente, o toque retal e o PSA (medição do antigénio específico da próstata) podem revelar falsos diagnósticos de cancro da próstata, assim como podem indicar, erroneamente, a não existência de doença. Por este motivo, a avaliação e diagnóstico do cancro da próstata carecem de um acompanhamento personalizado e de um conjunto de exames auxiliares que poderão ser decisivos no processo de identificação da doença.

Quando se confirma o diagnóstico de cancro da próstata, é necessário avançar com o tratamento o mais rapidamente possível. Nestes casos, existem já em Portugal diversos métodos. Um deles é a cirurgia, que pode originar, no pós-operatório, incontinência e impotência sexual. Com os avanços da medicina, surgem alternativas, como é o caso da braquiterapia com resultado sobreponível à cirurgia e com menos efeitos secundários. Este método de radioterapia localizada tem vindo a mostrar resultados superiores ao da cirurgia e tem a vantagem de não provocar alterações funcionais no homem. De qualquer forma, é importante salientar que o tipo de tratamento deverá ser indicado pela equipa médica que acompanha o doente e ajustado individualmente, tendo em conta as características do tumor.

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