Hoje a Diabetes é uma doença que afecta mais de um milhão de portugueses, sendo que uma percentagem considerável dos casos ainda está por diagnosticar. Associados a esta condição estão outros problemas de saúde, como o risco de sofrer AVC ou Enfarte Agudo do Miocárdio, ou até mesmo problemas podológicos, nomeadamente o designado “pé diabético”.
Este último é uma grande preocupação para os profissionais de Podologia, dado que muitas vezes as pessoas não dão a devida atenção e cuidados que o pé diabético necessita, o que pode dar origem a problemas de maior gravidade, tais como a amputação. De forma a evitar este cenário, compreendamos o que dá origem a esta condição e quais os métodos que podemos adoptar para assegurar o tratamento adequado dos nossos pés.
Como surge o pé diabético?
Os nossos pés são constituídos por uma complexa rede sanguínea que apresenta uma extensa ramificação nervosa responsável pela sensibilidade do pé.Essas ramificações que actuam como sinais de alarme, quando são danificadas pela Diabetes, podem gerar a perda da sensibilidade do pé, fazendo com que o paciente deixe de sentir dor, mudanças de temperatura, etc. Para além disto, a pele do pé começa a secar, o que leva ao surgimento de feridas, queimaduras ou bolhas, que posteriormente podem dar origem a infecções.
Para melhor se perceber o que pé diabético pode fazer, imaginemos que o paciente tem dentro do sapato um objecto, como uma pequena pedra. Neste caso, o objecto vai causar fricção no pé, e eventualmente causar uma ferida, sem que o paciente se dê conta, visto não ter sensibilidade no membro inferior. Se não for detectada a tempo, a ferida não tratada vai infectar, trazendo complicações que poderiam ser facilmente evitadas com a correta intervenção.
Quais os cuidados que devemos ter com o pé diabético?
Tendo ou não pé diabético, o indivíduo diagnosticado com Diabetes deverá sempre ter uma atenção acrescida com os seus pés, para a qual se destacam os seguintes cuidados:
Vigiar diariamente os pés. Sempre que detectar alguma irregularidade, como uma ferida, uma coloração anormal, entre outros, deverá consultar de imediato um especialista;
Tornar a higiene dos pés uma rotina diária. Após a lavagem, hidrate os seus pés e seque-os com uma toalha macia até ficarem secos, sem esquecer as zonas entre os dedos;
Assegurar que as suas unhas ficam sempre bem cortadas e em linha recta;
Eleger calçado que se ajuste correctamente ao pé, e que tenha uma base larga que não apresente costuras no seu interior, de forma a evitar o risco de ferir. É também importante não usar meias apertadas, ou usar calçado que aumente o risco de ferida por factores exteriores, como chinelos;
Estimular a circulação sanguínea, através da prática regular de actividade física e da não adopção de posições que dificultem a correta passagem de sangue, como cruzar as pernas;
Adoptar um estilo de vida saudável, para assim controlar a Diabetes. Para além do exercício físico, aposte numa alimentação cuidada e abstenha-se de fumar, prática que dificulta a circulação de sangue.
Não obstante todas as recomendações, este flagelo pode ser evitado e/ou minimizado, mediante um trabalho prático e especializado de um profissional de Podologia, várias vezes complementado por outros campos da área da saúde.