Artigo de opinião de Fátima Pinto, Médica de Medicina Interna do Hospital da Horta
A água faz parte de nós, e está presente em tudo o que é importante e que nos rodeia. Cerca de 70% do nosso planeta é água, e é seguramente para muitos de nós, um prazer para os nossos sentidos vê-la nos mares, nos rios e nos glaciares, ou senti-la na pele nos banhos de Verão, deliciando muitos dos utilizadores das nossas praias ou dos nossos rios. Mesmo quando vemos e ouvimos a chuva a cair, sabendo que nos pode impedir de concretizar os planos para uma qualquer atividade ao ar livre programada, sabemos que muito de bom essa água trará… Aquela cascata que nos permite tirar fotos fantásticas, faz-nos esquecer a desilusão do dia em que acabámos por não sair de casa.
Sabemos também que cerca de 70% do nosso corpo é composto por água, e mesmo sabendo que esta percentagem pode mudar ao longo da nossa vida, é sempre um constituinte fundamental do corpo humano.
Na quantidade certa, a água é indispensável para um bom equilíbrio do nosso corpo, e é fundamental para a nossa sobrevivência. De um modo geral, todos os tecidos ou órgãos do corpo humano precisam de água. Desde o aspeto cosmético de uma pele fresca e macia, ao funcionamento saudável dos nossos rins, a água que é ingerida regularmente por todos nós, contribui para que o nosso organismo seja e permaneça saudável, levando assim a uma vida longa e sem preocupações de saúde. Um desequilíbrio na quantidade corporal de água, no sentido da escassez, pode ser a causa de um quadro de desidratação, que nos extremos da vida, ou seja, nas crianças e nos idosos, pode levar ao aparecimento de complicações graves na saúde, e assim conduzir a hospitalizações delicadas e exigentes.
E qual é a quantidade de água que devemos beber diariamente? Esta quantidade não é igual para todas as pessoas, já que depende de muitos fatores. O calor e o frio, a doença e a saúde, obrigam a definir a quantidade ideal. Assim, e por exemplo, um dia de calor obriga a uma maior ingestão de água, tal como um estado febril ou um episódio de diarreia. Nas pessoas saudáveis, as restrições da ingesta são mínimas, dentro de alguns limites, sugerindo-se habitualmente entre 20 a 30 centilitros por Kilo de peso, por dia. No entanto, em doentes com uma sobrecarga hídrica, poderá haver restrições na quantidade diária. À medida que a idade avança, aquilo que nos faz beber água, a sede, pode desaparecer. Por isso, não devemos esperar para estarmos sedentos, para bebermos a água que nos devemos obrigar a beber diariamente. Há que criar o hábito saudável de ir bebendo ao longo do dia, aquela quantidade que admitimos ser a certa para o nosso peso, altura e condição de saúde.
A água pode ser introduzida na nossa alimentação, não só na forma livre que todos conhecemos, mas também misturada ou “escondida” em alguns alimentos. Há que saber qual a melhor forma de a fazer ingerir, sobretudo quando por motivos de saúde a facilidade em ingeri-la está dificultada.
Mas como bem precioso que é, há que preservar a água, e mantê-la presente e bem limpa no nosso ecossistema terrestre. Por isso, e para isso, há que cuidar da Natureza e evitar todas as agressões que diariamente fazemos em grandes ou pequenos gestos do quotidiano, e assim evitar tudo o que de algum modo poderá contribuir para que os nossos belos e fantásticos leitos dos rios, atualmente e ainda, cheios de água, se transformem em ressequidos pedaços de terra, a deixar saudades dos tempos em que os nossos sentidos se consolavam a apreciá-los.
Vai um copo de água?